Depois de João
Félix, Ferro e Florentino se terem estabelecido como titulares no Benfica
com Bruno
Lage, os dois últimos aproveitando lesões de Jardel
e Gabriel, a fábrica do Seixal vai mostrando cada vez mais importância e,
olhando para os produtos que de lá vão saindo, tem tudo para reforçar a sua
presença no onze encarnado.
Sobretudo pelo talento que tem
mas também pelas características individuais e pelo modelo de jogo das águias,
o próximo a agarrar uma oportunidade poderá muito bem vir a ser João Filipe, mais
conhecido por Jota.
Lage
já disse que conta com ele como avançado e utilizou-o até como parte de uma
dupla de ataque bastante móvel com Rafa frente ao Dínamo Zagreb na Luz, mas é
no corredor esquerdo que melhor consegue exprimir o seu futebol, um pouco à
imagem do internacional português com que emparelhou.
O grande momento de forma de Rafa
e a presença no plantel de jogadores há mais tempo na equipa como Cervi e
Zivkovic acabaram por limitar um pouco a utilização de Jota, que não foi além
de 90 minutos distribuídos por cinco jogos às ordens do treinador
setubalense, mas o caso poderá mudar de figura na próxima época. Além de a concorrência
poder diminuir – tanto o argentino como o sérvio já terão percebido que têm
pouco espaço -, o jovem extremo de 20 anos fará a pré-temporada e partirá mais
à frente na grelha de partida.
Mais tecnicista e fantasista do
que Rafa mas sem a mesma velocidade (e experiência), Jota tem ainda assim os
atributos necessários para encaixar no 4x4x2 assimétrico do Benfica, que
contempla um extremo puro na ala esquerda e um médio ofensivo na direita
(Pizzi). Destro com tendência para fazer diagonais do flanco para zonas
interiores e muito forte nas transições ofensivas tal como o antigo jogador do
Sp. Braga, tem muita qualidade no um contra um e não tem medo de ir para cima
dos defesas.
Desequilibrador-nato, é um
fantasista com a bola nos pés, ainda que por vezes abuse nos rodriguinhos. É
uma pedrada no charco numa altura em que o drible está em crise não só em
Portugal como no futebol mundial. Desenvencilha-se bem em espaços curtos,
aproveita cada milímetro para fazer mossa na defesa adversária e é letal na
fase de definição, tanto no último passe como na finalização.
Já leva mais de 50 jogos no
futebol profissional e um longo historial de provas internacionais do futebol
jovem de clubes e seleções e tem um potencial enormíssimo, mas ainda não é um
produto acabado. A temporada que aí vêm servirá certamente para polir arestas e
começar a cumprir ao mais alto nível aquilo que o seu futebol tanto promete.
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