A minha primeira memória de um
jogo entre Sporting e Boavista remonta à época da conquista do título por parte
dos axadrezados, 2000/01, mas ainda estávamos longe de prever tal desfecho.
Quando as duas equipas se
defrontaram na primeira volta, à 12.ª jornada, os leões eram os principais
perseguidores do líder FC Porto, enquanto os boavisteiros apresentavam-se a
seis pontos dos vizinhos da Invicta.
E o empate a zero que se registou em
Alvalade e que deixou o Boavista a oito pontos dos portistas ainda contribuiu
menos para se prever atempadamente que seriam os homens de Jaime Pacheco a
sagrarem-se campeões nacionais.
Não posso dizer que tenho grandes
memórias desse jogo, mas lembro-me que foi nesse dia que fixei o nome de Ricardo,
guarda-redes boavisteiro que tinha conquistado a titularidade ao camaronês
William nas semanas anteriores. Tenho uma vaga ideia de ter feito uma grande
exibição no terreno dos verde e brancos. E ao observar o resumo do encontro
pude, de facto, confirmar essa impressão. Diria até que foi das melhores
exibições da carreira dele: defendeu tudo.
Bem mais inesquecível foi o jogo
do Bessa, na segunda volta. Já com o Boavista na liderança, a seis jornadas do
fim e com quatro de pontos de vantagem sobre o FC Porto e sete sobre o
Sporting, o encontro entre axadrezados e leões assumiu contornos de decisivo.
Era a derradeira grande oportunidade para uma equipa tirar pontos aos
boavisteiros. "O jogo com o Sporting foi a cinco jornadas do fim, estávamos em primeiro lugar e sentimos que se vencêssemos tínhamos o caminho aberto para o título, enquanto o Sporting sabia que se perdesse dizia adeus à hipótese de ser campeão", lembrou Martelinho ao DN em dezembro de 2017.
Lembro-me de mais um jogo
bastante equilibrado, desta vez com ligeiro ascendente do Boavista, e um grande
golo de Martelinho já nos minutos finais (89’) a dar a vitória ao conjunto
visitado. "O Sánchez estava com a bola, a tentar arranjar uma linha de remate, e eu pedi-lhe a bola. Ele tentou rematar, a bola ressaltou e ficou a saltitar à minha frente à entrada da grande área. Eu enchi-me de esperança e chutei de primeira, com a parte de fora do pé. A bola fez um arco espetacular e entrou, sem hipóteses de defesa para o Schmeichel. Ele bem se esticou, mas não lhe chegou... já me tinha negado um golo antes", descreveu o autor do golo.
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