sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Dos 50 mil contos à seleção e ao fim da inviolabilidade de Baía. Quem se lembra de Paulo Bento no Vitória SC?

Paulo Bento somou 103 jogos e 13 golos pelo Vitória de Guimarães
No verão de 1991, João Alves deixou o comando técnico do Boavista, foi para o Vitória de Guimarães e exigiu ao presidente Pimenta Machado a compra do passe do seu antigo médio no Estrela da Amadora, Paulo Bento. O líder vimaranense satisfez a exigência, com os tricolores a receber 50 mil contos pela transferência, enquanto o jogador passou a auferir um salário de 15 mil contos por ano.
 
O centrocampista chegou ao Minho já com a pré-temporada a decorrer, mas nem por isso se atrasou na corrida por um lugar no onze, tendo sido titular desde a 1.ª jornada. Fez uma excelente época, ajudou o Vitória a concluir a I Divisão em quinto lugar e, consequentemente, a apurar-se para a Taça UEFA. Marcou três golos no campeonato, o primeiro em Chaves, na região onde tem raízes; o segundo de penálti numa receção ao FC Porto, terminando com uma inviolabilidade de 1192 minutos de Vítor Baía; e o terceiro na receção ao Desp. Chaves na reta final do campeonato.
 
 
No decorrer dessa época estreou-se pela seleção nacional A num empate a zero com Espanha em Torres Novas, a 15 de janeiro de 1992. O culminar de uma ascensão meteórica de um jogador que dois anos e meio antes competia na III Divisão.
 
A saída de João Alves no final da temporada, em rota de colisão com Pimenta Machado, não abalou Paulo Bento, que continuou de pedra e cal no onze sob a orientação de Marinho Peres e posteriormente de Bernardino Pedroto.
 
Rapidamente se tornou capitão de equipa do Vitória de Guimarães, apesar de um problema disciplinar, motivado por declarações à RTP, que levou Pimenta Machado a proibi-lo de treinar. Mas o médio assumiu o erro, pediu desculpa e foi reintegrado, no decorrer de uma época de 1992-93 que ficou aquém das expetativas: 11.º lugar.
 
 
Na terceira temporada no Dom Afonso Henriques voltou a estar em bom plano. Conseguiu os mesmos cinco golos que na época anterior, mas reduziu o número de cartões amarelos – oito, contra os 11 em 1991-92 e os 12 em 1992-93 – e ajudou o Vitória a melhorar a classificação, fechando o campeonato na 8.ª posição. Por essa altura, começou também a ser conhecido pela agressividade, mas uma agressividade leal, um pressing forte que buscava a recuperação da bola.
 
“Vivi uma experiência extraordinária em termos pessoais durante três anos, mesmo na segunda época, onde houve uma maior dificuldade em alguns momentos. Estávamos mais a fugir à descida de divisão, o que num clube como o Vitória traz sempre uma paixão acrescida, as pessoas adoram futebol e vivem muito o clube. Os adeptos apertavam connosco, mas de uma forma normal. O futebol tem isso, paixão, emoção, o que faz com que muitas vezes se perca a racionalidade. Em cidades que vivem o futebol com essa paixão e emotividade há sempre momentos ou situações em que passamos por algumas experiências negativas. Vivi algumas, mas não foi traumatizante. Sei que faz parte da nossa vida”, afirmou, em jeito de balanço, citado no livro Paulo Bento: Um Retrato.
 
 
No verão de 1994, deu o salto para o Benfica, que ainda por cima era o clube do seu coração. 


 




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