Hoje faz anos o “rato atómico” que brilhou no Vitória SC e foi campeão pelo Benfica. Quem se lembra de Nuno Assis?
Nuno Assis disputou 203 jogos pelo Vitória SC e 83 pelo Benfica
Nuno
Assis era um daqueles 10 puros que gostavam de pedir a bola no pé, gozar
liberdade de ação no último terço e servir venenosos últimos passes. Foi um
médio ofensivo de baixa estatura (1,68 m) que muito deu nas vistas nos relvados
nacionais, sobretudo ao serviço do Vitória
de Guimarães, clube que representou em mais de 200 jogos, e do Benfica,
no qual se sagrou campeão nacional.
Foi mesmo enquanto representava
os vimaranenses,
primeiro em novembro de 2002 e depois em outubro de 2009, que somou as duas
únicas internacionalizações pela seleção
A que tem no currículo. “Senti que podia ter ido ao Mundial da África do
Sul (2010). Estava entre os eleitos de toda a imprensa. Era um dos meus sonhos,
mas não consegui. Estive perto”, lembrou ao Diário
de Notícias em junho de 2017. Mas o momento mais alto da
carreira foi a conquista do título nacional pelo Benfica
em 2004-05, com Giovanni
Trapattoni ao leme. “[Trapattoni]
Já tinha passado por muita coisa. Sabia levar os jogadores com ele. Tínhamos um
grupo pequeno, mas muito unido. Raramente o vi chateado. Estava sempre na
palhaçada”, recordou o “rato atómico”.
Na Luz,
entre janeiro de 2005 e maio de 2008, viveu um pouco de tudo. Fixou-se de
imediato na equipa titular assim que chegou, foi preterido constantemente por
Ronald Koeman e, quando estava a jogar com regularidade às ordens de Fernando
Santos, testou positivo num contro antidoping. “Era mais fácil se tivesse dito
que tomei um comprimido para a dor de cabeça. Mas não tomei nada, nem um
comprimido para a dor de cabeça. Nandrolona é algo que todos produzimos. Foi
uma questão política, e não se pensou no atleta nem na pessoa. Uns vão dizer
que estou a esconder algo, mas com o controlo que existe só se fosse burro é
que teria tomado algo. Podia ter acontecido a qualquer um. As pessoas não
entendem que eu não tinha necessidade. Já estava onde estava. Existiram vários
erros que podiam ter alterado a análise de urina. Mas foram seis meses de
suspensão. O secretário de Estado da altura [Laurentino Dias] não deve ter família.
Nunca me ouviu”, lamentou.
Na reta final da carreira passou
pela Arábia Saudita e pelo Chipre, tendo vivido o “8 e o 80” em 2010-11 ao
serviço do Al Ittihad. “Jogávamos em casa perante 50 mil pessoas e disputávamos
a Liga dos Campeões da Ásia, mas tomávamos banho individualmente,
interrompíamos o aquecimento para rezas, treinávamos às cinco da manhã,
jogávamos às dez da noite, ficávamos em casa de alguém conhecido quando não
tínhamos sítio para dormir antes dos jogos fora e levávamos a roupa para lavar
em casa”, lembrou. Já no Omonia viveu quatro épocas “muito
boas”, entre 2012 e 2016. “É o maior clube da ilha em número de adeptos. Vivem
o clube como os do Vitória
de Guimarães. Apesar da idade, fui melhorando de época para época e fiz
mais de 40 jogos aos 38 anos”, lembrou o agora empresário.
Uma boa carreira a deste habilidoso
médio natural da Lousã, vila do distrito de Coimbra, e que dividiu a formação
entre Lousanense, Académica
e Sporting.
Nos primeiros anos de sénior representou o clube-satélite dos leões,
o Lourinhanense,
e esteve cedido pelos verde
e brancos ao Alverca
(1999-00) e ao Gil
Vicente (2000-01). Embora tivesse integrado vários estágios de pré-épocas na
equipa principal, nunca chegou a jogar oficialmente pelo emblema
de Alvalade.
Sem comentários:
Enviar um comentário