O chileno que esteve sete épocas no Sporting mas só se afirmou na última. Quem se lembra de Rodrigo Tello?
Tello somou 157 jogos e sete golos com a camisola do Sporting
Uma promessa adiada que só não
foi eterna porque na última temporada finalmente conseguiu afirmar-se no Sporting.
E o que aconteceu depois? Terminou contrato, recusou renovar e transferiu-se a
custo zero para o Besiktas.
Mas recuemos até ao início da
carreira de Rodrigo Tello, cuja qualidade do pé esquerdo o levou à seleção
principal do Chile em março de 2000, quando tinha apenas 20 anos e ainda
jogava na Universidad
de Chile. Nesse ano ajudou a seleção olímpica chilena a ganhar a medalha de
bronze nos Jogos de Sydney. Rotulado de uma mistura de Salas
com Recoba, até porque na altura jogava em posições de ataque, transferiu-se
para o Sporting
em janeiro de 2001 por uma verba a rondar os sete milhões de euros, tornando-se
no reforço mais caro de sempre dos leões,
estatuto que deteve até ao verão de 2017. O primeiro treinador que teve em Alvalade,
Manuel
Fernandes, começou por conceder-lhe a titularidade, mas foi perdendo
espaço. Ainda assim, ajudou a equipa a conquistar a Supertaça
Cândido de Oliveira em 2001. Com Laszlo
Bölöni festejou a dobradinha em 2001-02, mas individualmente não teve
muitos motivos para festejar, uma vez que não chegou aos 1000 minutos de jogo
ao longo da temporada e ainda teve de ir à equipa B ganhar rodagem. No entanto, a sorte de Tello
começou a mudar na temporada seguinte, quando foi adaptado de forma mais
regular a lateral esquerdo, tendo chegado a relegar Rui
Jorge para o banco durante vários meses. Até foi utilizado em menos jogos
em relação à época anterior (19 contra 23), mas praticamente duplicou o tempo
de jogo (1658 minutos contra 864), tendo marcado pela primeira vez de leão
ao peito numa derrota em Braga.
A chegada de Fernando Santos para
o comando técnico não foi particularmente uma boa notícia para o chileno, que
passou a ser de forma mais vincada uma segunda linha tanto para a lateral
esquerda como para o meio-campo. Ainda assim, foi utilizado em 25 partidas, o
seu melhor registo até então, e somou sete assistências e um golo, uma vez mais
de fora da área.
Seguiu-se José
Peseiro a treinador, mais uma mudança que não fez bem ao chileno, que apenas
foi utilizado no campeonato durante a segunda volta. Até aí, só tinha atuado um
total de 20 minutos, distribuídos por dois encontros na Taça
UEFA. Na altura, Tello foi prejudicado pela regra que impedia a utilização
de mais de quatro extracomunitários em simultâneo – tal como o internacional
argentino Facundo Quiroga havia sido em 2003-04 –, tendo chegado a ser falada a
possibilidade de ser emprestado à Universidad
de Chile. Porém, ficou e ganhou espaço na segunda metade da temporada, ao
ponto de ter atuado os 90 minutos na final da Taça
UEFA e renovado contrato. Nessa época revelou pela primeira vez outra
faceta, a de bom executante de livres diretos, estreando-se a marcar dessa
forma numa receção ao Vitória
de Guimarães.
“O momento mais triste da minha
carreira foi perder a final da Taça
UEFA, depois de perder o campeonato, mas de resto são muitas lembranças
felizes que se sobrepõem”, afirmou, em jeito de balanço, em outubro de 2016. Em 2005-06 começou por aproveitar
a saída de Rui
Jorge para se estabelecer como titular do lado esquerdo da defesa, ainda
com Peseiro,
mas houve troca de treinador e Paulo
Bento decidiu apostar em André Marques e posteriormente em Marco Caneira,
recrutado em janeiro de 2006. Acabou a época no onze inicial, mas a jogar no
meio-campo.
Já em 2006-07 começou por ser
opção a partir do banco, mas ainda bem no início da época Paulo
Bento tomou a decisão de deslocar Caneira para o eixo defensivo, para fazer
dupla com Anderson Polga, e atribuir a Tello a titularidade no lado esquerdo da
defesa. O chileno correspondeu e conseguiu a tão desejada afirmação em Alvalade,
naquela que era a sua sétima temporada no clube. Na memória dos adeptos leoninos
estará para sempre o golaço de livre direto que valeu uma rara vitória no Estádio
do Dragão e que manteve os verde
e brancos na luta pelo título nacional até à última jornada. O Sporting
acabou por não ser campeão, mas venceu a Taça
de Portugal, o primeiro troféu do clube desde 2002. “Foi o golo de livre mais bonito
que marquei em toda a carreira. Toda a gente pensava que era o João Moutinho
que marcava, mas eu estava com fé e disse-lhe para me deixar tentar. O remate
saiu bem e marquei um grande golo, que acabou por nos dar a vitória. Foi pena
não termos ganho esse campeonato. Teria sido muito bom”, lembrou em 2013.
No final dessa temporada, e numa
altura em que parecia tudo certo para a renovação de contrato, Tello mudou de
ideias e assinou a custo zero pelo Besiktas,
tendo realizado três boas temporadas na Turquia. Em novembro de 2009 viveu um
dos melhores momentos da carreira, ao marcar um grande golo que deu a vitória
ao emblema
de Istambul em Old Trafford num jogo da Liga
dos Campeões e valeu a primeira derrota caseira do Manchester
United em oito anos.
Em 2010, quando já tinha 30 anos,
estreou-se em Mundiais, tendo sido utilizado na derrota do Chile
às mãos do Brasil
nos oitavos de final.
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