terça-feira, 24 de setembro de 2024

Hoje faria anos Cândido de Oliveira: primeiro capitão da seleção, fundador de A Bola e… muito mais

Cândido de Oliveira dá nome à Supertaça portugueaa
Uma das figuras mais importantes do futebol português, ao ponto de dar nome à Supertaça. Foi jogador, treinador, dirigente, árbitro e jornalista, o que só por si dá conta de uma versatilidade admirável, mas Cândido de Oliveira foi mais do que uma personalidade versátil, pois atingiu a excelência em várias dessas funções e ainda foi ativista contra o Estado Novo.
 
Nascido na localidade alentejana de Fronteira, no distrito de Portalegre, começou a jogar futebol na Casa Pia de Lisboa, para onde entrou após ter ficado órfão. De lá saiu para o Benfica em 1914, mas voltou às origens quando criou o Casa Pia Atlético Clube a 3 de julho de 1920, realizando um velho sonho de vários alunos e ex-alunos da instituição. Quase um ano e meio depois capitaneou a seleção nacional no primeiro jogo internacional da sua história, frente a Espanha, a 18 de dezembro de 1921. Era considerado um excelente médio centro, com qualidade de passe.
 
Quando pendurou as botas tornou-se treinador, com algum sucesso. Numa altura em que ainda não havia Mundial e o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos era a principal competição futebolística entre seleções, foi o selecionador nacional que guiou a seleção portuguesa aos quartos de final dos Jogos de 1928, disputados em Amesterdão.
 
Entretanto foi detido pela PIDE e encarcerado em Caxias, sendo posteriormente enviado para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde permaneceu entre 1942 e 1944, por ser um ativista contra o regime do Estado Novo. Afirmava a plenos pulmões que era um democrata e contra regimes totalitários como os de Mussolini, Hitler, Franco e Salazar. Não ficou alojado como os outros prisioneiros, dentro do campo, mas sim num dos alojamentos administrativos situados fora da zona cerca. Ainda assim, testemunhou e denunciou o que ali se viveu no livro Tarrafal, O Pântano da Morte, que só seria publicado depois do 25 de Abril de 1974.
 
Novamente em liberdade, quando Salazar sentiu a necessidade de se aproximar dos Aliados perante a eminente derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, voltou ao cargo de selecionador nacional e fundou, em 1945, juntamente com António Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, o então bissemanário jornal A Bola, com o qual colaboraria até à sua morte.
 
Mais tarde sagrou-se campeão nacional ao leme do Sporting dos Cinco Violinos em 1947-48 e 1948-49, tendo ainda vencido a Taça de Portugal em 1945-46 e 1947-48 e atingido a final da Taça Latina em 1949. Na sua última temporada no comando dos leões, em 1948-49, teve como adjunto o discípulo e também casapiano Fernando Vaz.
 
Após deixar os verde e brancos orientou ainda os brasileiros do Flamengo, em 1950, regressando depois a Portugal para voltar a comandar a seleção nacional, assim como FC Porto e Académica.
 
Viria a falecer em 23 de junho de 1958, em Estocolmo, na Suécia, vítima de insuficiência respiratória, quando se encontrava a cobrir o Campeonato do Mundo para A Bola. Tinha 61 anos.

 
A 27 de janeiro de 1995 foi agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. 






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