“Acho que sou um cabrão simpático”. Quem se lembra de John Toshack?
John Toshack orientou o Sporting em 1984-85
John Toshack foi um antigo
internacional galês, que se notabilizou ao serviço do Liverpool
após ter despontado no Cardiff City, tendo formado uma dupla temível com Kevin
Keegan e conquistado duas Taças
dos Campeões Europeus, duas Taças
UEFA e três campeonatos de Inglaterra.
Após ter pendurado as botas
tornou-se treinador e construiu uma carreira do mesmo nível. Começou por pegar
no Swansea City, ainda como jogador-treinador, e levar o emblema galês da
quarta à primeira
divisão inglesa. Perante este sucesso, João Rocha
contratou-o para orientar o Sporting
em 1984-85. Não conquistou qualquer título, mas teve o mérito de ter sofrido
apenas três derrotas em 38 jogos oficiais. O problema foi que dois dos desaires
valeram eliminações, às mãos do Dínamo Minsk na Taça
UEFA e do Rio
Ave na Taça
de Portugal, e somou demasiados empates (nove) no campeonato.
Acabou despedido a duas jornadas
do fim, mas de uma forma algo controversa, porque o desempenho leonino
nessa época não estava a ser assim tão mau. Toshack introduziu a novidade de um
sistema com três centrais, o que nunca foi bem compreendido, pois é uma tática normalmente
conotada como defensiva. Neste contexto, lançou o jovem Oceano, que se tornou
na grande revelação da temporada, e transformou Carlos Xavier em lateral/ala
direito. Mais tarde, levou ambos para a Real
Sociedad, clube pelo qual venceu a Taça do Rei em 1986-87. O sucesso em San
Sebastián haveria de o catapultar para o Real
Madrid, ao comando do qual venceu um campeonato espanhol (1989-90) e duas
Supertaças (1989-90 e 1990-91) ao longo de duas épocas. A segunda temporada, na qual só
venceu a Supertaça, ficou marcada por muita contestação ao seu trabalho e às suas
escolhas táticas. Toshack não se deixou intimidar e acabou por soltar uma frase
que lhe sentenciou o despedimento: “Há mais possibilidades de ver um porco
passar a voar por cima do Bernabéu do que eu mudar o que quer que seja.” O grande
problema desta afirmação foi que muitos pensaram que o porco a que se referia
era o presidente Lorenzo Sanz, e até houve um jornal que fez uma fotomontagem
nesse sentido. “Todos os treinadores são
despedidos, por isso é melhor ser despedido do Real
Madrid do que de outro clube qualquer”, afirmou após a demissão. Com interesses para lá do
futebol, lançou um livro de poesia e para escrever o prefácio convidou um
amigo, que escreveu que aquela era provavelmente a pior obra da história da
literatura, provocando uma gargalhada em Toshack, que sempre revelou sentido de
um humor. “Acho que sou um cabrão simpático”, atirou numa ocasião. Quando estava no futebol
espanhol, soltou uma das suas melhores tiradas: “Todas as segundas-feiras penso
trocar dez jogadores, à terça penso trocar sete ou oito, à quinta já só penso
trocar quatro, à sexta começo a pensar em trocar apenas dois e ao sábado acabam
por jogar sempre os mesmos onze cabrões.”
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