Esquerdinha representou o FC Porto entre 1999 e 2001
Chegou como um perfeito
desconhecido às Antas em janeiro de 1999, proveniente do Vitória
da Bahia, e demorou a conquistar o seu espaço, mas quando o fez, nunca mais
perdeu o lugar. Terminou a época do pentacampeonato como titular no lado
esquerdo da defesa do FC
Porto e manteve o lugar no onze nas duas temporadas que se seguiram, sempre
com Fernando Santos.
“Estava no Vitória
da Bahia e tinha sido tricampeão baiano. Estava a jogar muito bem e fui
indicado ao FC
Porto por um amigo que tinha jogado lá como central, o Lula. (…) Foi ele que
falou de mim ao FC
Porto. Eles andavam à procura de um lateral esquerdo e tinham observado
muitos no Brasil, como o Serginho ou o Júnior. Mas o Lula indicou-me, até
porque nesse ano estava a ser o melhor lateral esquerdo do campeonato
brasileiro. Vieram ver-me jogar, gostaram de mim e fizeram a transferência.
Graças a Deus não desapontei”, contou Esquerdinha ao Maisfutebol
em novembro de 2017, menos de um ano de falecer inesperadamente enquanto jogava
futebol com amigos, aos 46 anos. “[Fernando Santos] foi um pai
para mim. Eu não o conhecia e quando cheguei ele preocupou-se muito comigo.
Disse-me para ter paciência, porque tinha de aprender algumas coisas. No Brasil
eu jogava totalmente livre e em Portugal tive de habituar-me muito à marcação.
Um futebol diferente, muito rápido, muito pegado, com muita marcação e força
física. Mas ele foi sempre falando comigo e dando-me força. E, graças a Deus,
quando entrei adaptei-me bastante ao estilo de jogo dele, ao que me pedia para
fazer. Dei conta do recado”, contou, recordando os pedidos de cruzamentos para
Jardel: “No final dos treinos, ficava sempre mais um pouco a cruzar para ele. E
o Fernando Santos insistia muito nisso. A ideia era só uma: chegar à linha e
nem olhar para o Jardel. Não olhar para quem estava na área. Meter lá a bola.
Porque o Super Mário haveria de lá chegar. Ninguém tinha de se preocupar em
meter a bola na cabeça do Jardel, ele é que ia procurar a bola. Treinávamos
muito isso, o Fernando Santos cobrava muito este tipo de jogadas.”
A saída de Jardel mudou a forma
de jogar nos dragões,
o que fez com que o engenheiro chegasse a apostar em Rubens Júnior para a
posição, mas a eliminação
diante do Anderlecht na terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos à
Liga dos Campeões mudou os planos de Santos. “Voltou a usar-me, dizia que o
estilo novo não estava a resultar. Graças a Deus o Pena
veio, com aquela qualidade dele, a vontade de marcar, de não deixar o defesa
jogar, aquilo tudo, e eu fui também feliz novamente. Eu e ele, porque o Pena
foi o melhor marcador do campeonato”, recordou este especialista em livres
diretos.
Do que Esquerdinha também não se
esquecia era da festa do pentacampeonato: “Uma coisa do outro mundo. Nunca
tinha passado por aquilo. Lembro-me que estávamos na luta com o Boavista.
Íamos jogar em Alvalade
contra o Sporting
e o Boavista
estava a jogar em Faro. Estava no balneário a trocar de roupa e entraram aos
gritos a dizer que éramos pentacampeões. ‘Penta! Penta!’. Abriu-se logo
champanhe. Fizemos a festa antes do nosso jogo, porque o Boavista
tinha empatado.” Além desse campeonato de 1998-99,
venceu duas Taças
de Portugal (1999-00
e 2000-01)
e uma Supertaça
Cândido de Oliveira (1999). Depois de um total de 87
encontros e nove golos duas épocas e meia – 12 jogos e um golo em 1998-99, 44
partidas e três golos em 1999-00 e 31 encontros e cinco golos em 2000-01 –, colocou
um ponto final à ligação com o FC
Porto no verão de 2001, para assinar pelo Saragoça.
Após essa aventura de um ano em Espanha
chegou a vestir a camisola da Académica
no primeiro semestre de 2003, mas não foi além de três jogos pelos estudantes.
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