Comecei a acompanhar futebol
português de uma forma mais incisiva a partir de meados de 2000, mas não me
recordo dos dois jogos para o campeonato entre FC
Porto e Marítimo, ambos concluídos com vitória dos dragões
pela margem mínima.
Porém, as duas equipas
defrontaram-se na final da Taça
de Portugal, um encontro que me lembro de ter assistido através da
transmissão televisiva, creio que da SIC,
que na altura detinha os direitos televisivos da prova rainha.
Tenho uma vaga ideia de já estar
prevista a saída do treinador portista, Fernando Santos, ainda antes do jogo de
atribuição do troféu. Depois de ter completado a conquista do penta, o
engenheiro esteve dois anos sem ganhar o campeonato, algo que para os lados das
Antas não acontecia desde o início da década de 1980.
O FC
Porto atravessava uma fase de transição entre o pentacampeonato (1994-1999)
e a glória alcançada por José
Mourinho (2002-2004), mas estava a terminar a época em beleza, com dez
vitórias seguidas na I Liga, ainda assim insuficientes para evitar o título do
Boavista. O central Jorge Costa, o médio Deco e o goleador Pena eram algumas
das figuras da equipa.
Do outro lado estava um Marítimo
irregular, que terminou o campeonato na nona posição. O central Jorge Soares,
os laterais Albertino – irmão de Nélson, que estava do outro lado da barricada
– e Mariano, o médio madeirense Bruno, o médio búlgaro Ilian Iliev e o extremo
Porfírio eram algumas das figuras dos insulares.
No Jamor, o FC
Porto confirmou o favoritismo e venceu por 2-0. Já depois de o avançado
maritimista Quim ter acertado na trave e visto um golo anulado, Pena inaugurou
o marcador para os dragões
aos 13 minutos, de cabeça, depois de Capucho ter ganhado a posição a Albertino
no corredor direito dos azuis
e brancos.
Já à entrada para a reta final do
encontro, o médio russo Alenichev recebeu a bola de Capucho na zona da meia lua
e atirou forte de pé esquerdo para o fundo das redes, não dando a mínima
hipótese ao guarda-redes Gilmar (79’), sentenciando assim o resultado.
“Ganhar é um estado de espírito.
Nova embalagem, mas a habitual eficácia. Foi assim que o FC
Porto ganhou o último troféu da época. Uma equipa que acaba a época em
grande estilo, vencendo de enfiada dez jogos de campeonato e que, no Jamor, fez
por merecer levantar a Taça, coroando esta ponta final de temporada do único
modo que o poderia fazer: conquistando um troféu. Sem ter feito uma grande
partida de futebol, a equipa
azul–branca (agora especialmente azul–branca)
foi superior ao seu adversário. Aliás, ninguém de bom senso ousaria dizer,
antes deste jogo, que o FC
Porto não era favorito. Mas ontem, no esplendor do relvado do Jamor, essa
assumida condição teria de ser passada à prática. E foi. Com maior ou menor
dificuldade, com mais ou menos brilho próprio, mas indiscutivelmente com grande
justiça”, escreveu o jornal O Jogo.
Dois meses e meio depois, na 3.ª
jornada da I Liga de 2001-02, as duas equipas defrontaram-se nos Barreiros.
Lembro-me de ter assistido a esse jogo através da transmissão da RTP 1 durante umas férias em Lagos, e de
ter havido muitos golos nos primeiros minutos. Deco deu vantagem à equipa então
orientada por Octávio Machado aos dois minutos, Costinha aumentou para 0-2 aos
cinco e Bruno reduziu aos 16’. Depois, no início da segunda parte, Pena fez o
1-3 final (53’).
“Lestada amainou furacão. As
habituais dificuldades sentidas pelo FC
Porto no Estádio dos Barreiros ontem não passaram de um código de intenções
por parte dos locais. É que antes de cumpridos cinco minutos já os azuis
e brancos venciam por dois tentos sem resposta. E o terceiro podia mesmo
ter acontecido antes de um facilitanço de Ovchinnikov permitir o tento de honra
dos insulares”, resumiu o jornal O Jogo.
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