Quaresma foi uma dor de cabeça para os jogadores belgas |
Hoje em dia a Bélgica lidera o
ranking FIFA desde setembro de 2018 e é uma das seleções mais temidas do
planeta, mas antes do surgimento da geração de Hazard,
Lukaku, Courtois, De Bruyne, Witsel e companhia, les diables rouges falharam cinco fases finais consecutivas –
Mundiais 2006 e 2010 e Europeus 2004, 2008 e 2012
– e tinham uma equipa nacional essencialmente composta por jogadores que
atuavam no campeonato belga e em clubes modestos das principais ligas.
Quando a Bélgica visitou o Estádio
José Alvalade a 24 de março de 2007, num encontro da fase de qualificação
para o Euro 2008, Van Buyten (Bayern
Munique) e Mudingayi (Lazio)
eram talvez os nomes mais sonantes, na altura, de uma seleção que também tinha
os ainda desconhecidos Defour e Fellaini, ambos dos quadros do Standard Liège.
Havia ainda Mbo Mpenza, campeão pelo Sporting
em 1999-00.
Para se ter uma noção da valia da
seleção belga na altura, Portugal estava a protagonizar um mau arranque na fase
de apuramento, tendo entrado para esse jogo de Alvalade
em 4.º lugar no Grupo A (com sete pontos em quatro jogos), atrás de Finlândia
(11 pts/5 j), Sérvia (10 pts/4 j) e Polónia (10 pts/5 j). E só depois aparecia
a Bélgica, com sete pontos em cinco partidas.
Na casa
do Sporting, a primeira parte foi equilibrada, havendo um empate a zero ao
intervalo. No entanto, no segundo tempo a magia de Cristiano
Ronaldo e Ricardo
Quaresma, a veia goleadora de Nuno Gomes e a dinâmica de João
Moutinho levaram a seleção então orientada por Luiz Felipe Scolari a
construir uma vitória folgada.
Aos 53 minutos, após uma boa combinação
entre João
Moutinho e Ronaldo
pela meia direita, Nuno Gomes recebeu a bola no coração da área e colocou-a no
fundo das redes, colocando Portugal em vantagem.
Dois minutos depois, na sequência
de um pontapé de canto, Quaresma
cruzou para a zona do segundo poste, fazendo a bola sobrevoar o guarda-redes Stijn
Stijnen, e Cristiano
Ronaldo apareceu no sítio certo para cabecear para o 2-0.
No entanto, o momento mais alto
da noite estava marcado para o minuto 68, quando Quaresma
recebeu um passe de Ronaldo,
tirou Van der Heyden do caminho e, da zona do vértice da área, apontou um golo
fantástico através de um remate de trivela.
Por fim, CR7
fez o 4-0 final no seguimento de uma grande jogada individual, tendo disparado
de pé esquerdo, ainda de fora da área, para o fundo das redes (75’).
“Só foi difícil até ao primeiro
golo. E esse resultou de uma brilhante movimentação do ataque luso, concluída
por Nuno Gomes. Depois, a Seleção esculpiu artisticamente a goleada, com Ronaldo
a devolver, com juros altos, a ameaça verbal do guarda-redes Stijnen. Dois
golos da estrela que encadeou as aspirações belgas, num jogo em que pertence a Quaresma
o protagonismo, em especial pelo golo de trivela (eloquente estreia a marcar
pela seleção A) que encantou Alvalade.
Infelizmente, esta expressiva goleada apenas rende a Portugal três pontos...
pelo que o pecúlio terá de ser aumentado na viagem
à Sérvia, uma vez que as contas do grupo A continuam em aberto”, escreveu O Jogo.
Pouco mais de dois meses depois,
as duas seleções mediram forças em Bruxelas. Nessa altura, Portugal já se tinha
aproximado dos dois lugares de apuramento, uma vez que somava os mesmos onze
pontos em seis jogos que Finlândia e Sérvia – a Polónia liderava com 16 pontos
em seis encontros.
No entanto, a equipa das quinas não
contava com Cristiano
Ronaldo para uma partida em que a Bélgica apresentou dois centrais que
haveriam dar que falar no futebol mundial, ambos dos quadros do Ajax: Jan Vertonghen
(então ao RKC Waalwijk) e Thomas Vermaelen.
Lembro-me de que, nesse dia 2 de
junho de 2007, eu estava num torneio de lutas amadoras, modalidade que
praticava, e que foi através da televisão de um bar que assisti a alguns
momentos do encontro.
Sem a estrela da companhia, foi Nani,
dias antes contratado pelo Manchester
United ao Sporting
por 25,5 milhões de euros, a brilhar. Na sequência de uma diagonal da esquerda
para o meio que faria orgulhar Ronaldo,
o extremo disparou para o fundo das redes no final da primeira parte (43
minutos).
No início do segundo tempo, a Bélgica
chegou ao empate através de um cabeceamento certeiro de Marouane Fellaini, na
resposta a um cruzamento de Defour (55’).
Porém, o avançado portista Hélder
Postiga, titular nesse encontro, mas que só levava um golo em 2007 até então, fez
o 1-2 para Portugal através de um remate fantástico de fora da área (64’).
“Mesmo a jogar os últimos
segundos com menos uma unidade face à expulsão de Hugo Almeida, Portugal
conseguiu ontem uma importantíssima vitória em Bruxelas graças sobretudo a uma
excelente primeira parte, marcada pelo golo de Nani à beira do intervalo.
Faltavam dois minutos para o descanso quando o recente reforço do Manchester
United aproveitou a inferioridade física do marcador direto (Hoefkens) e já
dentro da área, num excelente movimento da esquerda para o meio, conseguiu
bater Stijnen, impotente perante a trajetória da bola”, escreveu o Diário de Notícias.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Portugal e Bélgica de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
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