terça-feira, 5 de novembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre Arsenal e equipas lusas

Thierry Henry entre Fatih Sonkaya e Pedro Emanuel
A minha primeira memória de um jogo entre o Arsenal e equipa portuguesas remonta a um encontro de caráter particular, ainda que no Torneio de Amesterdão, uma das mais prestigiadas competições de pré-temporada, que tinha como particularidade o facto de os golos contarem como pontos.


Na edição de 2005, o FC Porto foi um dos convidados do Ajax – tal como já tinha acontecido em 1987 e com o Benfica em 1988 e o Sporting em 1989 -, a par de Boca Juniors e do Arsenal, claro está.

Na altura, os gunners atravessavam uma grande fase. É verdade que na época anterior perderam a luta pelo título inglês para o Chelsea, mas venceram a Taça de Inglaterra, em 2003-04 tinham sido campeões invictos e eram presença assídua na Liga dos Campeões. No plantel tinham jogadores de grande gabarito como o guarda-redes alemão Jens Lehmann, o lateral esquerdo inglês Ashley Cole, os franceses Robert Pires e Thierry Henry, o médio sueco Fredrik Ljungberg e o avançado holandês Dennis Bergkamp, este último já em final de carreira.

Mas mais do que os nomes, era a forma como o treinador gaulês Arsène Wenger os colocava a jogar um futebol atrativo, marcado pela progressão através da posse de bola. Lembro-me bem que estava de férias no Algarve quando assisti a este jogo, transmitido na RTP 1, e de o Arsenal ter dado o chamado chocolate aos dragões então orientados por Co Adriaanse e que atravessavam um processo de renovação depois do desmoronamento da equipa que foi campeã europeia.

Ainda assim, os azuis e brancos foram os primeiros a marcar, com um golo construído por dois reforços: cruzamento de Jorginho (ex-Vitória de Setúbal) na direita e desvio ao segundo poste de Lisandro López (ex-Racing), aos 36 minutos.

Logo no início do segundo tempo, Ljungberg entrou e bisou logo no quarto de hora inicial (48' e 58'), a passes dos franceses Henry e Pires, dando a vitória à formação londrina.

"Duas partes de um jogo, dois Portos diferentes, um bom resultado e um amargo. O intervalo do jogo com o Arsenal fez muito mal aos dragões, ou muito bem aos ingleses, pois após uma primeira parte de excelente futebol, os portistas cederam frente aos gunners, que acabaram por vencer o encontro por 2-1. Co Adriaanse parecia ter ganho uma equipa e até o Torneio de Amesterdão, mas os portistas mostraram o seu melhor e o seu pior e desperdiçaram a oportunidade de conquistar um troféu que teria sido especial para o seu treinador holandês", resumiu o Diário de Notícias.



“Claro que gostaríamos de ter ganho o Torneio. Estivemos muito perto de o ganhar. Mas, por outro lado, seria demasiado rápido se já tivéssemos ganho este Torneio com apenas quatro semanas de trabalho. Toda a gente em Portugal ia pensar que o FC Porto já era uma equipa de topo na Europa outra vez. Agora os adeptos e a imprensa sabem que ainda precisamos de melhorar a equipa. Na parte final do jogo começámos a forçar o ataque com uma formação muito ofensiva, e algumas vezes fomos muito perigosos, com algumas ocasiões de golo. E nesta última, do Jorginho, se ele tivesse feito golo teríamos ganho o Torneio”, afirmou Co Adriaanse, que dois dias antes tinha vencido o Boca Juniors por 2-0 e que nessa época acabaria por conquistar a dobradinha.

“Faltou um bocadinho assim para que o FC Porto trouxesse de Amesterdão o segundo troféu da época. No último minuto do jogo com o Arsenal, Jorginho quase empatou o jogo a duas bolas, o que garantiria a vitória neste importante torneio de Verão. Não foi assim, o Arsenal somou nove pontos e os dragões ficaram apenas com seis, no 2º lugar. Apesar da derrota, o FC Porto mostrou qualidade de jogo e até esteve em vantagem. A equipa portuguesa dominou na primeira parte, como reconheceu o próprio Wenger, mas foi surpreendida pela entrada de leão dos gunners na segunda”, escreveu o Record.

Ficha de jogo

Jogo no Estádio Arena, em Amesterdão.
Árbitro: R. Bossen (Holanda) assistido por A. Inia e P.Gerritsen.

Arsenal: Lehmann: Lauren (Eboué, 67), Cygan, Senderos e Ashley Cole (Hoyte, 75); Reyes (Bergkamp, 46), Hleb e Flamini; Robert Pires, Bentley (Ljungberg, 46) e Thierry Henry.
Treinador: Arsène Wenger

FC Porto: Vítor Baía; Sonkaya (Pepe, 75), Ricardo Costa, Pedro Emanuel e Leandro (Ivanildo, 75); Raúl Meireles, Postiga e Lucho González (Paulo Assunção, 75); Jorginho, McCarthy (Sokota, 80) e Lisandro (Hugo Almeida, 75).
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Lisandro (37 minutos) e Ljungberg (48 e 58).


Mais confrontos nos anos seguintes

O FC Porto nunca tinha defrontado o Arsenal a nível oficial, mas três das quatro temporadas que se seguiram jogou com os gunners na Liga dos Campeões, sempre com um saldo negativo. 0-2 no Emirates e 0-0 no Dragão na fase de grupos em 2006-07, 0-4 em Londres e 2-0 na Invicta também nas fase de grupos em 2008-09 e 2-1 no Dragão e 0-5 no Emirates nos oitavos de final em 2009-10, sempre com Jesualdo Ferreira no banco portista e Wenger no da formação do norte da capital britânica.






















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