Antes de mais, uma nota
de contextualização. Fui a Lisboa nascer mas sou natural do
Barreiro, terra onde cresci e ainda resido. A paixão pelo futebol
bateu-me aos oito anos, em meados de 2000, mas bateu forte. Da Liga
dos Campeões aos distritais, consumia tudo o que me aparecia à
frente - e ainda hoje sou assim.
Certo dia, durante um
passeio em Setúbal com pais, tios e primos no verão do ano
seguinte, entrei no Bonfim para a assistir a um treino do Vitória,
orientado por Jorge Jesus. Aí iniciei uma relação de grande
simpatia pelo emblema sadino, que acabava de regressar à I Liga.
Com Lisboa a parecer tão
longínqua então a 40 minutos de barco mais uns quantos de metro e
um pai que na altura não tinha confiança para conduzir na capital,
apercebi-me que, afinal, havia um clube ali perto. Apercebendo-se
disso, um colega setubalense e vitoriano do meu pai, creio eu chamado
Cardoso, ofereceu-me um CD com músicas do Vitória, todas cantadas
pelo Toy.
Depois do treino e do CD,
ainda me faltava algo: assistir a um jogo no Estádio do Bonfim.
Sempre que me apercebia de algum às 15.00 ou às 16.00 de um sábado
ou de um domingo, insistia com o meu falecido pai para me levar lá.
Ele, nem que fosse só para não me mimar, ia resistindo, até porque
os bilhetes não eram propriamente baratos e eu tinha outras
simpatias clubísticas que prefiro não estar aqui a revelar.
No entanto, na tarde de
19 de abril de 2003, lá se deu a estreia. Ou melhor, uma meia
estreia. Passeávamos pelo Pinhal Novo enquanto eu acompanhava a
emissão da Antena 1, que ia dando conta das incidências nos
vários estádios. Em Setúbal, o Vitória começou a perder com a
Académica de Artur Jorge, com golo de Marinescu (17'), mas chegou ao
empate dois minutos depois, por Nélson (19'), antigo lateral de
Sporting e FC Porto, na reta final da carreira.
Já não me recordo se
chegámos a ouvir que Celino (32') tinha feito o 2-1 para os sadinos,
então comandados por Carlos Cardoso, que se (re)estreava como
treinador no clube, após o afastamento de Luís Campos.
O que me lembro é que avançámos para a cidade do Sado e entrámos sem pagar no Bonfim já no decorrer da segunda parte, para o topo norte, que ainda abria regularmente. Foi de lá que vi a jogada do 3-1, apontado por Jorginho (77'), talentosíssimo médio-ofensivo brasileiro que se isolou e bateu Pedro Roma.
O que me lembro é que avançámos para a cidade do Sado e entrámos sem pagar no Bonfim já no decorrer da segunda parte, para o topo norte, que ainda abria regularmente. Foi de lá que vi a jogada do 3-1, apontado por Jorginho (77'), talentosíssimo médio-ofensivo brasileiro que se isolou e bateu Pedro Roma.
Também me recordo que,
logo após o apito final, e uma vez que ambas as equipas estavam
aflitas na tabela classificativa, à passagem da 28.ª jornada, o meu
pai me disse: 'É uma pena que pelo menos um destes clubes históricos
deverá descer de divisão.' Acertou na previsão, para mal dos
pecados dos vitorianos.
Para assistir a um jogo
de fio a pavio no Bonfim, tive de esperar quase mais dois anos. A 19
de fevereiro de 2005, eu e o meu companheiro destas andanças lá
fomos acompanhar um Vitória-Moreirense. Jorginho (7') e Bruno Moraes
(21') marcaram para os sadinos de José Rachão, Orlando (16') e
Sérgio Lomba (55') para os minhotos de Vítor Oliveira, num empate a dois golos.
(Um parênteses sobre Jorginho: para mim, que acompanho futebol desde 2000, foi o melhor jogador que vi jogar pelo Vitória. Alguém se atreve a discordar?)
Concordo a 100% com a tua opinião sobre o Jorginho. Foi ele que me fez gostar de futebol, foi ele que me fez gostar do Vitória. Um idolo meu, que nunca foi idolo de ninguém.
ResponderEliminarPena não ter voado muito alto na sua carreira, para além do Porto.