sexta-feira, 7 de junho de 2019

A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Holanda

Luís Figo entre Reiziger e Frank de Boer no jogo de Roterdão
A minha primeira memória de um jogo entre Portugal e Holanda remonta a 11 de outubro de 2000, quando as duas seleções estavam na moda. A equipa das quinas, orientada por António Oliveira, misturava a geração de ouro de Fernando Couto, Rui Costa, João Vieira Pinto (não utilizado neste jogo) e Luís Figo com uma vaga de jogadores como Sérgio Conceição, Pauleta ou Simão. Já o selecionado de Louis van Gaal tinha alguns dos principais talentos do Ajax de 1995 numa fase adiantada de maturação, como Van der Sar, Reiziger, Frank de Boer, Seedorf, Overmars, Kluivert e Davids, este último o mais vistoso devido aos famosos óculos de proteção.


Ambas as seleções tinham caído nas meias-finais do Euro 2000 e por isso não só eram principais as favoritas para seguir em frente na fase de apuramento para o Mundial 2002 – num grupo que também incluía República da Irlanda, Chipre, Estónia e Andorra – como também envergavam o estatuto de duas das melhores seleções europeias.

No primeiro jogo entre ambas, em Roterdão, afigurava-se uma tarefa difícil para Portugal, privado dos castigados Abel Xavier, Paulo Bento e Nuno Gomes. Já não me recordo bem se só fui acompanhando os golos do encontro ou se vi apenas a segunda parte, mas lembro-me que a seleção nacional, com Pauleta e o estreante Bino no onze, foi para intervalo a vencer surpreendentemente por 2-0.


Foi precisamente Pauleta que fez a assistência para o primeiro golo, aproveitando uma distração nos jogadores holandeses causada por uma apitadela nas bancadas para desmarcar Sérgio Conceição na cara de Van der Sar. O então jogador do Parma fez o resto, colocando a bola entre as pernas do gigante guarda-redes, aos 9 minutos. No final da primeira parte, o açoriano voltou a brilhar, desta vez ao inventar sozinho o lance do 0-2: recuperou a bola, ganhou um ressalto, tirou defesas do caminho, isolou-se e atirou para o fundo das redes. Depois, no segundo tempo, foi apenas uma questão de gerir a vantagem.

“Banhada. Golos de Sérgio Conceição e Pauleta numa exibição de luxo dão-nos a liderança do Grupo 2 na Banheira de Roterdão” era a manchete do jornal O Jogo no dia seguinte de uma derrota holandesa que haveria de ser a última em casa até setembro de 2015.



Bem diferente foi o segundo jogo, nas Antas, a 28 de março de 2001. A República da Irlanda tinha vencido horas antes em Andorra e saltado provisoriamente para a liderança do grupo, com 11 pontos. Portugal entrava em campo com 10 e a Holanda com sete. Esperava-se que a equipa das quinas pudesse repetir a façanha de Roterdão, mas por pouco que não saiu derrotada em casa, num jogo bastante sofrido.


Jimmy Floyd Hasselbaink, que anos antes tinha jogado em Portugal ao serviço de Campomaiorense e Boavista, cavou e converteu a grande penalidade que colocou a laranja mecânica em vantagem, aos 17 minutos. No início do segundo tempo, Overmars fez o que quis de Costinha e cruzou atrasado para o remate certeiro de Kluivert, colocando os visitantes a vencer por 0-2.

O sonho de voltar a um Campeonato do Mundo após 16 anos de ausência começava a esfumar-se, mas um golo de Pauleta aos 83 minutos, após passe de trivela de Capucho, reacendeu a esperança. Já em tempo de compensação, Pauleta é derrubado na área por Frank de Boer e o conceituado árbitro alemão Urs Meyer assinala uma grande penalidade que Luís Figo se encarregou de transformar em golo. 2-2. Tão cedo não me hei-de esquecer da imagem de Figo a tirar a camisola e a festejar efusivamente o golo que manteve a equipa das quinas na liderança do grupo e a Holanda a três pontos de distância.


“Coração. Golos de Pauleta e Figo numa reviravolta sensacional”, podia ler-se no dia seguinte na manchete do jornal O Jogo, que titulava a crónica com “humildes na luta, gigantes na crença”.












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