sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Jorge Vieira, primeiro árbitro internacional português e... jogador emblemático do Sporting

Jorge Vieira jogou pelo Sporting entre 1914 e 1932
Uma das maiores figuras das primeiras décadas do futebol em Portugal, um período em que a informalidade dava para quase tudo, até para que um jogador emblemático do Sporting, que atuou de leão ao peito durante 18 anos (1914 a 1932), fosse ao mesmo tempo árbitro, neste caso específico o primeiro árbitro internacional português.
 
Nascido em Lisboa a 23 de fevereiro de 1898, ainda no século XIX, vivia no Dafundo e tinha apenas nove anos, mas foi a pé de casa até Carcavelos para assistir ao primeiro Sporting-Benfica da história, em dezembro de 1907. Fê-lo por amor ao Sporting, o clube da sua vida. Em 1910 foi admitido como sócio e no ano seguinte fez-se jogador na terceira categoria do clube, como defesa esquerdo, posição em que viria a notabilizar-se.
 
Rápido, possante, forte no jogo aéreo e com grande sentido posicional, estreou-se na primeira equipa em 1914-15, aos 16 anos, em substituição do habitual titular, um engenheiro inglês mobilizado para a Primeira Guerra Mundial. Nunca mais saiu do onze até à despedida, em 1932, já como capitão de equipa, estatuto que também teve na seleção nacional, incluindo durante a participação nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928.
 
Vencedor de sete Campeonatos de Lisboa (1914-15, 1918-19, 1921-22, 1922-23, 1924-25, 1927-28 e 1930-31) e de um Campeonato de Portugal (1922-23), os primeiros da história leonina, terá atuado cerca de 200 vezes com a camisola verde e branca.
 
No final de 1921 internacionalizou-se. A 18 de dezembro como futebolista, tendo feito parte da primeira seleção nacional de futebol – pela qual viria a somar 17 internacionalizações –, derrotada pela Espanha em Madrid (1-3). Mas dois meses e meio antes, a 9 de outubro, tornou-se também internacional português como árbitro, ao apitar particular entre Espanha e Bélgica (2-0) em Bilbau, para onde o capitão do Sporting viajou de comboio. A sua atuação foi enaltecida até pelo Rei de Espanha, que o agraciou com a Cruz de Prata da Ordem de Mérito daquele país.
 
Após pendurar as botas foi treinador do União de Lisboa, esteve nove anos em Angola ligado ao Sporting Clube de Luanda e outras entidades relacionadas com desporto, foi selecionador nacional de juniores e assumiu funções como dirigente na Comissão Central de Árbitros, na Associação de Futebol de Lisboa e no Sporting.
 
Em 1985 tornou-se no primeiro sócio a receber o emblema de 75 anos de filiação no Sporting, um ano antes de morrer, a 6 de agosto, quando tinha 88 anos e era o sócio n.º 1 do clube. 









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