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Jorge Vieira jogou pelo Sporting entre 1914 e 1932 |
Uma das maiores figuras das
primeiras décadas do futebol em Portugal, um período em que a informalidade
dava para quase tudo, até para que um jogador emblemático do
Sporting,
que atuou de leão ao peito durante 18 anos (1914 a 1932), fosse ao mesmo tempo
árbitro, neste caso específico o primeiro árbitro internacional português.
Nascido em Lisboa a 23 de
fevereiro de 1898, ainda no século XIX, vivia no Dafundo e tinha apenas nove
anos, mas foi a pé de casa até
Carcavelos
para assistir ao
primeiro
Sporting-Benfica da história, em dezembro de 1907. Fê-lo por amor ao
Sporting,
o clube da sua vida. Em 1910 foi admitido como sócio e no ano seguinte fez-se
jogador na terceira categoria do clube, como defesa esquerdo, posição em que
viria a notabilizar-se.
Rápido, possante, forte no jogo
aéreo e com grande sentido posicional, estreou-se na primeira equipa em 1914-15,
aos 16 anos, em substituição do habitual titular, um engenheiro inglês mobilizado
para a Primeira Guerra Mundial. Nunca mais saiu do onze até à despedida, em
1932, já como capitão de equipa, estatuto que também teve na
seleção
nacional, incluindo durante a participação nos Jogos Olímpicos de
Amesterdão, em 1928.
Vencedor de sete Campeonatos de
Lisboa (1914-15, 1918-19, 1921-22, 1922-23, 1924-25, 1927-28 e 1930-31) e de um
Campeonato de Portugal (1922-23), os primeiros da história leonina, terá atuado
cerca de 200 vezes com a camisola verde e branca.
No final de 1921
internacionalizou-se. A 18 de dezembro como futebolista, tendo feito parte da
primeira
seleção
nacional de futebol – pela qual viria a somar 17 internacionalizações –,
derrotada pela
Espanha
em Madrid (1-3). Mas dois meses e meio antes, a 9 de outubro, tornou-se também
internacional português como árbitro, ao apitar particular entre
Espanha
e
Bélgica
(2-0) em Bilbau, para onde o capitão do
Sporting
viajou de comboio. A sua atuação foi enaltecida até pelo Rei de Espanha, que o
agraciou com a Cruz de Prata da Ordem de Mérito daquele país.
Após pendurar as botas foi
treinador do União de Lisboa, esteve nove anos em Angola ligado ao Sporting
Clube de Luanda e outras entidades relacionadas com desporto, foi selecionador
nacional de juniores e assumiu funções como dirigente na Comissão Central de
Árbitros, na
Associação
de Futebol de Lisboa e no
Sporting.
Em 1985 tornou-se no primeiro
sócio a receber o emblema de 75 anos de filiação no
Sporting,
um ano antes de morrer, a 6 de agosto, quando tinha 88 anos e era o sócio n.º 1
do clube.
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