Los Angeles FC e Philadelphia Union vão disputar final da MLS |
Ao contrário do que seria
habitual nesta fase da prova, os Play-offs da Major
League Soccer não trouxeram surpresas significativas. Los Angeles FC e
Philadelphia Union, líderes das respetivas Conferências, conquistaram
naturalmente o seu lugar na grande final da principal competição de clubes
norte-americana. Em vésperas do tão aguardado confronto que irá condecorar um
campeão inédito, o Soccer
em Português decidiu traçar um breve retrato da temporada que está
prestes a terminar, colocando especial ênfase nos finalistas, nas surpresas
e desilusões coletivas, e nas individualidades em destaque.
(Caso deseje acompanhar em
território português a disputa pelo título da MLS,
poderá fazê-lo através dos canais SportTV, este Sábado, pelas
20h).
Os finalistas
Tanto Los Angeles FC como Philadelphia
Union vão disputar a final da Major
League Soccer pela primeira vez na sua história, pelo que assistiremos
obrigatoriamente à coroação de um campeão inédito. Os californianos estiveram
perto em 2019, ano em que bateram o recorde de pontos da Fase Regular, tendo
acabado derrotados nas meias-finais dos Play-offs. O melhor registo
do Union até agora também tinha sido como semifinalista, na feliz temporada transata,
que acabaria marcada pela presença da equipa nas meias-finais da Liga dos
Campeões CONCACAF. Apesar da estreia de ambos os emblemas no jogo do título, o
alinhamento desta final não representa uma grande surpresa, pois os dois
conjuntos terminaram a Fase Regular no topo das suas Conferências com
precisamente 67 pontos, e foram confirmando o seu favoritismo no decorrer das
eliminatórias. O Los Angeles FC acabaria por levantar o troféu da Fase Regular
devido ao maior número de vitórias, critério principal de desempate. Em 2022,
estes dois clubes apenas se defrontaram uma vez, na Califórnia, e o confronto
terminou com um empate a duas bolas.
O equilíbrio parece demais
evidente entre os finalistas, embora seja tentador atribuir um ligeiro
favoritismo ao Los Angeles FC, não só pelo estatuto de visitado, mas
sobretudo pela quantidade e qualidade do seu plantel, inigualável em território
norte-americano. O trio ofensivo habitualmente titular, por exemplo, composto
por Carlos Vela, Denis Bouanga e Cristian Arango, é durante as partidas
revezado por Gareth
Bale, Cristian Tello ou Kwadwo Opoku, deixando muitas vezes os adversários
assoberbados com tanto poderio atacante. Enquanto isso, o lendário campeão europeu
Giorgio Chiellini vai chefiando a defesa, e outras figuras menos sonantes vão
conquistando meritoriamente protagonismo, como é o caso dos internacionais
equatorianos Diego Palacios e José Cifuentes. As reservas que existiam em
relação à parca experiência do técnico Steve Cherundolo têm vindo igualmente a
dissipar-se, visto que o ex-internacional dos Estados
Unidos continua a dar provas de competência consecutivas, e pode muito bem assegurar
a conquista da MLS.
Um dos grandes aliciantes desta
final da Major
League Soccer reside no confronto entre duas forças antagónicas. Ora
se o Los Angeles FC cativa pelas opções que pode colocar no último terço, do
outro lado temos uma verdadeira muralha defensiva, que sofreu apenas 26
golos em 34 jogos. O treinador Jim Curtin sempre privilegiou o rigor defensivo,
o que não significa que a sua equipa revele propriamente uma mentalidade
recuada durante os jogos. Aliás, apesar de todas as estrelas de Los Angeles,
foi mesmo o Union quem terminou o ano com o melhor registo ofensivo da prova
(72 golos), pontuado por sete goleadas na segunda metade da Fase Regular. Jim
Curtin conseguiu uma simbiose perfeita entre as figuras de referência
defensivas entrosadas que já tinha no plantel, e os reforços cirúrgicos de
cariz ofensivo que catapultaram a equipa para uma nova dimensão competitiva.
Falamos especificamente do Guarda-redes do Ano, Andrew Blake e dos seus defesas
Kai Wagner, Jack Elliot e Jakob Glesnes, que mantiveram os seus níveis
exibicionais em patamares altíssimos, preparando assim o palco para Daniel
Gazdag (chegou em 2021), Julian Carranza e Mikael Uhre. Agora sim, estamos
perante uma equipa completa e ameaçadora, capaz de discutir o favoritismo teórico
dos californianos.
Surpresas e desilusões
Entre as narrativas mais
inesperadas do ano na MLS
encontra-se a caminhada fantástica de Austin FC, ainda na sua
segunda época oficial. Terminou na quarta posição da classificação global,
garantindo um lugar inédito na próxima edição da Liga dos Campeões, e ainda derrubou
Real Salt Lake e FC Dallas nos Play-offs, antes de cair com
estrondo nas meias-finais, diante do Los Angeles FC. Beneficiou de uma época
superlativa do avançado argentino Sebastián Driussi, melhor marcador da época
(se considerarmos os Play-offs).
O poderio atacante também se
revelou a solução ideal para FC Cincinnati, equipa habitualmente
talhada ao insucesso. O trio demolidor composto por Luciano Acosta, Brandon Vázquez
e Brenner apontaram só entre eles 48 dos 66 golos da temporada. Eliminaram o New
York Red Bulls, mas não foram capazes de contornar a solidez defensiva do
Philadelphia Union nos quartos-de-final.
De quem igualmente não se
esperava grandes feitos era de CF Montreal, só que o emblema
canadiano foi somando pontos discretamente até terminar no terceiro lugar da
classificação global. Guiados sobretudo por um forte espírito coletivo e pelas
contribuições vistosas dos virtuosos Romell Quioto e Djordje Mihailovic, ainda
foram a tempo de afastar o Orlando City SC, mas incapazes de lidar com o New
York City FC nos quartos-de-final.
Pela negativa temos
obrigatoriamente de apontar o Seattle
Sounders FC. Ao 14º ano de existência, um dos clubes mais titulados da
competição falhou o acesso aos Play-offs pela primeira vez, e
logo numa temporada mágica, em que se sagrou vencedor da Liga dos Campeões. O
verdadeiro significado do termo ‘agridoce’ perante uma fase de restruturação de
plantel e de enorme ansiedade para os seus adeptos, que vão ver em breve a sua
equipa no Mundial de Clubes, sem saber bem com que jogadores.
Em New England, a experiência do
técnico Bruce Arena não foi suficiente para colmatar o que o mercado de
transferências levou ao longo do ano. As saídas de Matt Turner, Tajon Buchanan,
Adam Buksa e Sebastian Lletget deixaram o New
England Revolution numa situação bastante complicada, o que acabou
por conduzir a um ano muito negativo, extremamente diferente do anterior.
Por último, a maior desilusão do
ano: Toronto FC. Orientada por Bob Bradley, um dos treinadores mais
credenciados dos Estados
Unidos, esta equipa começou a época com figuras importantes como Carlos
Salcedo, Michael Bradley e Alejandro Pozuelo nas suas fileiras, responsáveis
por manter as aspirações vivas até ao Verão. Veio a mudança de estação, e com
ela chegaram Lorenzo Insigne, Federico Bernardeschi e Domenico Criscito para
ajudar na fase decisiva da prova. Tudo correu mal, e o Toronto FC fechou a Fase
Regular em penúltimo lugar. Um final absolutamente lamentável.
Os melhores do ano
Ao olharmos para o ‘XI do
Ano’ desenhado pelo Soccer
em Português, podemos reparar que o campeão da Fase Regular e favorito
a levantar o troféu da MLS
não tem nenhum representante. Acontece que a diversidade de soluções que o Los
Angeles FC reúne no seu plantel levou a que o seu treinador aplicasse um nível
elevado de rotatividade na gestão dos jogadores. Em consequência, apesar da
brilhante temporada coletiva que pode muito bem redundar na conquista do título
mais importante da história dos californianos, as individualidades do Los
Angeles FC acabam por perder na comparação com outras figuras do campeonato que
assumiram um peso sobejamente mais determinante nas suas equipas.
Os 26 golos sofridos em 36
partidas do Philadelphia Union são uma marca notável na MLS,
sobretudo se verificarmos que o segundo melhor registo cifrou-se nos 37 golos
consentidos. O internacional jamaicano Andre Blake continua a
ser um monstro na baliza, voltando a merecer a coroação de Guarda-Redes do Ano,
só que desta vez contou com o apoio de três unidades defensivas que
protagonizaram épocas de antologia.
A dupla de centrais Jakob
Glesnes e Jack Elliott, assim como o lateral
esquerdo Kai Wagner, são o grande trunfo para travar a força
ofensiva do Los Angeles FC na grande final. Wagner já foi apontado ao Benfica
este Verão, e existem notícias que dão conta de uma transferência do alemão
para o Leeds já em janeiro. Terminou o ano com 15(!) assistências para golo.
Por sua vez, a lateral direita pareceu menos inspirada, um pouco por toda a
parte, embora seja justo atribuir o posto a Brandon Bye, um dos
únicos elementos em destaque no ano negativo do New
England Revolution.
Seguindo para o meio-campo,
comecemos por Michael Bradley, o experiente internacional
norte-americano que nunca mereceu a tragédia que alastrou em Toronto, sob a
orientação do seu pai. À sua frente estão dois médios de características
ofensivas cujos números impressionam qualquer um: 23 golos e 10 assistências
para Daniel Gazdag (Philadelphia Union), 25 golos e 7
assistências para Sebastián Driussi (Austin FC). Tanto um como
outro empurraram as suas equipas com remates certeiros até uma fase da prova
que ninguém esperaria, deixando para trás quase todos os avançados da
competição. Exceto Hany Mukhtar, o jogador mais valioso da
temporada, autor de 23 golos e 11 assistências. O avançado alemão que já passou
pelo Benfica
continua a exibir-se a um nível excecional em Nashville SC, colocando-se sempre
ente os melhores da competição. Carregou a sua equipa praticamente sozinho até
aos Play-offs, mas na fase decisiva do torneio não deu para fazer
muito mais. Terminamos nos corredores atacantes, território onde o escocês do
New York Red Bulls, Lewis Morgan e o uruguaio do Orlando
City, Facundo Torres dominaram e arrasaram as defesas
adversárias. Aliás, existem rumores de que Torres pode estar perto do Arsenal.
XI do Ano da Major League Soccer 2022 (pelo Soccer em Português) |
Trabalho realizado por António Ribeiro
Link original: http://www.socceremportugues.pt/a-major-league-soccer-em-2022-protagonistas-surpresas-e-desilusoes/
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