Já tive por várias vezes a oportunidade
de assistir a resumos do mítico jogo das meias-finais do Mundial 1998, no qual
um bis de Lilian Thuram – os dois únicos golos do defesa gaulês em 142 internacionalizações
– deu a volta à vantagem croata obtida através de um remate certeiro de Davor
Suker, mas o primeiro jogo entre França e Croácia que me recordo de ter
acompanhado em tempo real foi o da fase de grupos do Euro 2004.
Em pleno Estádio Municipal de
Leiria, a França procurava dar sequência ao triunfo na ronda inaugural diante
de Inglaterra (2-1), enquanto a Croácia tentava manter intactas as aspirações
de chegar aos quartos de final após um empate a zero frente à Suíça.
Mesmo não sendo a seleção
brilhante que conquistou Mundial 1998 e Euro
2000, o elenco de les blues
continuava a ser incrível, com Zinédine Zidane à cabeça, mas também quatro jogadores
do Arsenal
que tinham vencido a Premier
League sem derrotas (Patrick Vieira, Sylvain Wiltord, Thierry Henry e Robert
Pirès) e cinco outros campeões europeus e/ou mundiais como Fabien Barthez, Lilian
Thuram, Marcel Desailly, David Trezeguet e Bixente Lizarazu. Isto só para citar
alguns dos escolhidos por Jacques Santini.
Já a Croácia de Otto Barić tinha
em Igor Tudor (Juventus),
Dario Šimić (AC
Milan) e Robert Kovač (Bayern
Munique) jogadores a competir ao mais alto nível, mas Dado Prso tinha
acabado de ajudar o Mónaco a chegar à final
da Liga dos Campeões e Boris Živković e Marko Babić tinham contribuído para
a caminhada do Bayer Leverkusen até à final da Champions
em 2001-02.
Zidane, que na jornada inaugural
tinha bisado em período de compensação na vitória sobre Inglaterra, inaugurou o
marcador aos 22 minutos, na execução de um livre direto em que a bola ainda
desviou em Tudor antes de chegar ao fundo das redes.
A abrir a segunda parte, Milan
Rapaić empatou a partida na conversão de uma grande penalidade a castigar falta
de Silvestre sobre Rosso (48’) e Prso colocou os croatas em vantagem, após um bonito
gesto técnico em que tirou Silvestre e Desailly da jogada (52’). Contudo, pouco
depois da hora de jogo David Trezeguet restabeleceu a igualdade, na sequência
de um mau atraso de Tudor (64’).
Até final do encontro, foi a
Croácia que esteve mais perto de chegar à vitória, com Ivica Mornar a falhar o
3-2 aos 90+3’.
“A França continua a ser
milagrosamente protegida pela providência. Depois da vitória arrancada aos
ingleses com dois golpes perfeitos de Zidane, foi a vez de Mornar desperdiçar
ontem, de forma inexplicável, o golo da vitória da sua equipa, no último minuto
dos descontos. Se à partida o empate era um resultado desejado pelos croatas,
depois do jogo sobrou uma sensação de frustração por terem passado tão perto da
vitória. A França continua a liderar o Grupo B mercê do ponto conquistado
ontem, mas quer a Croácia quer a Inglaterra têm tudo em aberto para passar aos
quartos-de-final e vão decidir tudo cara a cara”, escreveu o jornal O Jogo.
“Ontem em Leiria assistiu-se ao
que pareceram serem dois jogos de futebol distintos. A diferença do primeiro
para o segundo tempo foi tal, que criou uma ilusão de diferentes equipas terem atuado
nas duas partes. Da apatia, lentidão e desinteresse passou-se para um futebol objetivo,
rápido e com golos, ou seja, o espetáculo que se espera num Campeonato da
Europa”, sintetizou o Diário de Notícias.
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