segunda-feira, 13 de junho de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre França e Croácia

Já tive por várias vezes a oportunidade de assistir a resumos do mítico jogo das meias-finais do Mundial 1998, no qual um bis de Lilian Thuram – os dois únicos golos do defesa gaulês em 142 internacionalizações – deu a volta à vantagem croata obtida através de um remate certeiro de Davor Suker, mas o primeiro jogo entre França e Croácia que me recordo de ter acompanhado em tempo real foi o da fase de grupos do Euro 2004.
 
Em pleno Estádio Municipal de Leiria, a França procurava dar sequência ao triunfo na ronda inaugural diante de Inglaterra (2-1), enquanto a Croácia tentava manter intactas as aspirações de chegar aos quartos de final após um empate a zero frente à Suíça.
 
Mesmo não sendo a seleção brilhante que conquistou Mundial 1998 e Euro 2000, o elenco de les blues continuava a ser incrível, com Zinédine Zidane à cabeça, mas também quatro jogadores do Arsenal que tinham vencido a Premier League sem derrotas (Patrick Vieira, Sylvain Wiltord, Thierry Henry e Robert Pirès) e cinco outros campeões europeus e/ou mundiais como Fabien Barthez, Lilian Thuram, Marcel Desailly, David Trezeguet e Bixente Lizarazu. Isto só para citar alguns dos escolhidos por Jacques Santini.
 
Já a Croácia de Otto Barić tinha em Igor Tudor (Juventus), Dario Šimić (AC Milan) e Robert Kovač (Bayern Munique) jogadores a competir ao mais alto nível, mas Dado Prso tinha acabado de ajudar o Mónaco a chegar à final da Liga dos Campeões e Boris Živković e Marko Babić tinham contribuído para a caminhada do Bayer Leverkusen até à final da Champions em 2001-02.
 
Zidane, que na jornada inaugural tinha bisado em período de compensação na vitória sobre Inglaterra, inaugurou o marcador aos 22 minutos, na execução de um livre direto em que a bola ainda desviou em Tudor antes de chegar ao fundo das redes.
 
A abrir a segunda parte, Milan Rapaić empatou a partida na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Silvestre sobre Rosso (48’) e Prso colocou os croatas em vantagem, após um bonito gesto técnico em que tirou Silvestre e Desailly da jogada (52’). Contudo, pouco depois da hora de jogo David Trezeguet restabeleceu a igualdade, na sequência de um mau atraso de Tudor (64’).
 
Até final do encontro, foi a Croácia que esteve mais perto de chegar à vitória, com Ivica Mornar a falhar o 3-2 aos 90+3’.
 
“A França continua a ser milagrosamente protegida pela providência. Depois da vitória arrancada aos ingleses com dois golpes perfeitos de Zidane, foi a vez de Mornar desperdiçar ontem, de forma inexplicável, o golo da vitória da sua equipa, no último minuto dos descontos. Se à partida o empate era um resultado desejado pelos croatas, depois do jogo sobrou uma sensação de frustração por terem passado tão perto da vitória. A França continua a liderar o Grupo B mercê do ponto conquistado ontem, mas quer a Croácia quer a Inglaterra têm tudo em aberto para passar aos quartos-de-final e vão decidir tudo cara a cara”, escreveu o jornal O Jogo.
 
“Ontem em Leiria assistiu-se ao que pareceram serem dois jogos de futebol distintos. A diferença do primeiro para o segundo tempo foi tal, que criou uma ilusão de diferentes equipas terem atuado nas duas partes. Da apatia, lentidão e desinteresse passou-se para um futebol objetivo, rápido e com golos, ou seja, o espetáculo que se espera num Campeonato da Europa”, sintetizou o Diário de Notícias.
 




 
 





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