terça-feira, 31 de agosto de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Irlanda

Luís Vidigal procura fugir a Niall Quinn
As minhas primeiras memórias de jogos entre Portugal e República da Irlanda são de partidas em que estiveram frente a frente a chamada geração de ouro do futebol português, mas também uma das melhores gerações de sempre, se não mesmo a melhor, da seleção irlandesa.
 
A armada lusa, comandada por António Oliveira, era composta por jogadores como Fernando Couto, Jorge Costa, Rui Costa, João Pinto, Sá Pinto, Figo e Sérgio Conceição. Do outro lado, Mick McCarthy tinha à sua disposição um vasto leque de jogadores que atuavam Premier League, como o médio e capitão Roy Keane (Manchester United), o guarda-redes Shay Given (Newcastle), o lateral direito Stephen Carr e o defesa central Gary Doherty (ambos do Tottenham), o defesa central Richard Dunne (Manchester City), o defesa central Gary Breen (Coventry City), o lateral direito Gary Kelly, o lateral esquerdo Ian Harte e o avançado Robbie Keane (todos do Leeds), o lateral esquerdo Steve Staunton (Aston Villa), o médio defensivo Mark Kinsella (Charlton), o médio Matt Holland (Ipswich), o extremo Kevin Kilbane e o avançado Niall Quinn (ambos do Sunderland). E se olharmos para os futebolistas que competiam no Championship, dois nomes saltam à vista: o do lateral direito Steve Finnan (Fulham) e o do extremo Damien Duff (Blackburn). Era muita gente a jogar num nível bastante elevado, uma espécie de Inglaterra B. E se a estes juntarmos o defesa John O’Shea, que haveria de se estrear pela seleção meses mais tarde, temos aqui todos os principais nomes do futebol irlandês das duas últimas décadas.
 
Embora a República da Irlanda fosse uma mera outsider no grupo 2 da qualificação europeia para o Mundial 2002, que incluía dois semifinalistas do Euro 2000, Portugal e Holanda, conseguiu lutar pelo apuramento direto até ao último minuto, não tendo sofrido qualquer derrota durante os dez jogos dessa fase.
 
Adiante. O primeiro jogo entre Portugal e República da Irlanda nessa fase de qualificação aconteceu a 7 de outubro de 2000 no antigo Estádio da Luz, e tinha como antecedentes uma vitória lusa na Estónia (3-1) e um empate dos irlandeses na Holanda (2-2). Tal como em Amesterdão, os homens de Mick McCarthy arrancaram uma igualdade, desta feita a um golo.


Sérgio Conceição inaugurou o marcador aos 57 minutos, através de um remate de pé esquerdo que ainda foi desviado por Gary Breen antes de entrar na baliza irlandesa. Matt Holland restabeleceu o remate aos 72’ através de um disparo de fora da área que não deu qualquer hipótese a Quim.
 
“Grande rombo na maré de otimismo que envolveu esta seleção no último ano. Apesar dos incessantes avisos deixados durante a semana por técnicos e jogadores sobre o valor desta nova Irlanda, capaz de emudecer o Arena de Amesterdão durante 75 minutos, o sentimento dominante, antes do jogo era de que, mesmo com o respeito que Oliveira não se cansou de pedir, a seleção estaria condenada a provar em campo a sua superioridade, somando a segunda vitória e mantendo a liderança no grupo 2 de apuramento para o Mundial. A memória recente de um outro Portugal-Irlanda, há cinco anos, bem como a impressão, justificada, de que as principais figuras da equipa nacional estavam a aproximar-se de um momento de forma muito razoável contribuíam para esse estado de espírito, já para não falar do efeito-talismã do estádio da Luz, palco habitual das grandes vitórias e feudo inviolado nos últimos dez anos. Todos estes fatores foram insuficientes para evitar um empate com sabor a frustração, quanto mais não seja pelas implicações imediatas do resultado: perda da liderança no grupo, aumento da pressão em relação ao jogo de quarta-feira, com a Holanda e, em última análise, promoção da equipa irlandesa, que depois de escapar ilesa das viagens a Amesterdão e a Lisboa deixa de ser um outsider e se coloca, por direito próprio, em boa posição na corrida ao apuramento direto”, resumiu o Maisfutebol.
 
 
Quase oito meses depois, as duas seleções defrontaram-se em Dublin, numa altura em que ambas já se perfilavam como as principais candidatas a alcançar o apuramento direto. De forma algo surpreendente, o selecionador António Oliveira decidiu apostar em quatro recém-coroados campeões nacionais pelo Boavista para o onze inicial: Ricardo, Frechaut, Petit e Litos. Os três primeiros cumpriram mesmo no Estádio Lansdowne Road as suas primeiras internacionalizações.
 
Apesar da aposta vincada nos campeões, o resultado foi precisamente o mesmo do que aquele que se registou no Estádio da Luz. Só mudou a marcha no marcador. Roy Keane adiantou os irlandeses aos 65 minutos, na sequência de um lançamento lateral. O capitão Luís Figo deu o exemplo ao cabecear para o empate aos 79’, na resposta a um cruzamento de Frechaut.
 
Ainda assim, o selecionador António Oliveira mostrava-se frustrado no final do encontro. “Sofremos o golo com muita infelicidade, mas reagimos bem. Se o jogo tivesse mais minutos, adivinhava-se que seríamos nós os vencedores. O resultado, sabendo a pouco e não sendo muito bom, serve os nossos interesses. Tal como na primeira jornada, dependemos exclusivamente dos nossos resultados, o que nos deixa satisfeitos. Podíamos e devíamos ter vencido este jogo. Tivemos ocasiões para isso. Assumimos sempre que uma presença no Mundial era o nosso objetivo. Este resultado soube a pouco porque demonstrámos ser melhor equipa do que a Irlanda. Fomos a única equipa que atacou e criou oportunidades e procurou jogar futebol”, afirmou.
 



 

  



   



E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Portugal e República da Irlanda de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?

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