Benfiquista Geovanni e nacionalista Adriano lutam pela bola |
O Nacional
regressou à I
Liga em 2002-03, após onze anos de ausência, mas não precisou de muito
tempo para se consolidar como uma equipa da primeira metade da tabela
classificativa. E mesmo que andasse pela segunda metade, era longe da zona de
despromoção e não deixava de causar grandes dificuldades aos clubes grandes.
No que concerne aos jogos com o Benfica,
não me recordo da vitória nacionalista
na Choupana em setembro de 2002 (1-0, golo de Serginho) nem do triunfo benfiquista
na velha Luz em fevereiro de 2003 (2-0, bis de Zahovic), até porque nessa
altura não tinha Sport TV nem
Internet em casa. Tenho uma vaga ideia da vitória encarnada
no Jamor em setembro de 2003 (1-0, golo de Tiago a meias com um defesa madeirense)
e de um jogo da Taça
de Portugal na nova Luz em que os benfiquistas
estiveram mais de uma hora em desvantagem e só deram a volta nos instantes
finais (2-1, golos de Tiago e Sokota para o Benfica
e de Serginho Baiano para os insulares).
Assim sendo, o primeiro jogo de
que me recordo (mesmo, mesmo!) entre Benfica
e Nacional
foi o da segunda volta do campeonato
de 2003-04, em que os nacionalistas
então orientados por Casemiro Mior bateram as águias
comandadas por José Antonio Camacho por 3-2.
Lembro-me de estar a passar umas
miniférias na aldeia em que os meus pais nasceram no Alentejo aquando desse encontro,
que iniciou logo a seguir a um empate a um golo entre Gil Vicente e Sporting
em Barcelos (1-1). Na altura, leões
e águias
encontravam-se a discutir o segundo lugar, enquanto o FC
Porto seguia imparável na liderança. Já o Nacional
estava em posição de apuramento europeu, com uma equipa composta em grande
parte por jogadores brasileiros talentosos como Rossato, Paulo Assunção,
Alexandre Goulart, Serginho Baiano e o goleador Adriano – na baliza estava Hilário,
que dois anos depois haveria de se transferir diretamente dos madeirenses
para o Chelsea
de José
Mourinho.
Esse encontro de 22 de fevereiro
de 2004 na Choupana ficou marcado por voltas e reviravoltas. O Nacional
adiantou-se aos dez minutos, pelo inevitável Adriano, a cabecear certeiro ao
segundo poste na resposta a um livre da esquerda executado por Patacas.
No entanto, o Benfica
chegou ao empate à passagem da meia através da sua estrela da companhia no
início do século XXI, Simão Sabrosa, na cobrança de um livre direto bem ao seu
estilo: remate colocado de pé direito, a partir da meia esquerda, com a bola a
entrar num dos ângulos da baliza.
Na segunda parte, os encarnados
colocaram-se pela primeira vez em vantagem, por Nuno Gomes, que aproveitou uma
escorregadela de Hilário para introduzir a bola no fundo das redes (51’).
Estaria feito o mais difícil para
a formação
benfiquista? Nada disso. Logo a seguir, Adriano voltou a cabecear certeiro,
desta vez na sequência de um canto da esquerda marcado por Alexandre Goulart
(54’).
E praticamente de rajada, Gouveia
fez o 3-2 para os insulares,
ao aparecer ao segundo poste a cabecear para o interior da baliza encarnada
após um canto apontado na direita pelo pé esquerdo de Rossato (56’).
Além do resultado, lembro-me que
este jogo serviu de ponto de viragem na forma como os adeptos das águias
e os críticos passaram a ver o guarda-redes benfiquista
Moreira. Antes, era um titular indiscutível e era visto como um futuro guardião
da seleção nacional AA e o dono da baliza encarnada
para muitos anos. No entanto, nesse encontro saiu em falso aos cruzamentos que
deram o 1-0 e o 3-2, ficou sem saber o que fazer no lance do 2-2 e passou a ser
visto como um guarda-redes débil a sair da baliza e sem categoria para defender
a baliza do Benfica.
Coincidência ou não, meses depois foi contratado Quim, que lhe viria a roubar a
titularidade.
“O Nacional
voltou a fazer mossa no confronto com os grandes do futebol português,
aplicando ao Benfica
a chapa 3 que já tinha apresentado ao Sporting,
quando os leões
viajaram até à Choupana. A equipa de Fernando Santos, no entanto, ainda
conseguiu marcar tanto como o opositor, mas ontem os encarnados
saíram vergados a uma derrota, ainda que tangencial, quase dramática. Por um
lado, viram-se mais longe do rival de Alvalade,
que conseguiu transformar um empate em Barcelos num bom resultado (tem agora
cinco pontos de vantagem) e, ainda mais grave, voltou a demonstrar lacunas
defensivas dramáticas. Sofrer três (!!!) golos na sequência de lances de bola
parada (dois cantos e um livre) é, de facto, muito para uma equipa que ainda na
passada semana acreditava (e fazia os adeptos acreditarem, como se viu na
presença em massa no encontro com o FC
Porto) que o título era possível. A verdade é que o FC
Porto já está a 12 pontos e o Sporting
a cinco”, podia ler-se no dia seguinte no jornal O Jogo, numa crónica assinada por Ricardo Lemos, que anos mais
tarde viria a integrar o departamento de comunicação do Benfica.
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