Portista Jorge Andrade disputa a bola com bianconero Salas |
Eu não era nascido aquando da
final da Taça das Taças de 1983-84, mas recordo-me dos jogos entre FC
Porto e Juventus
na fase de grupos da Liga
dos Campeões em 2001, ainda que não tenha assistido a nenhum, uma vez que
ainda não tinha Sport TV e era um
miúdo de nove anos que treinava futebol no Fabril
às terças-feiras e tinha de ir para a cama cedo. Ainda assim, lembro-me dos
resultados.
Orientados por Octávio Machado,
os dragões
estavam de regresso à Champions,
mas atravessavam uma fase de transição, já sem grande parte dos obreiros do
penta e ainda sem algumas das figuras que venceram a Taça
UEFA em 2003 e a Liga
dos Campeões no ano seguinte.
Já a Juventus,
que na década anterior tinham marcado presença em três finais da Liga
dos Campeões e vencido uma (1996), procurava regressar à glória nacional e
europeia, tendo nas suas fileiras vários jogadores da seleção italiana, como
Buffon, Ferrara, Iuliano, Zambrotta, Pessotto e Del Piero, e de outras
importantes seleções estrangeiras, como Tudor (Croácia), Thuram e Trezeguet
(França), Montero e O’Neill (Uruguai), Davids (Holanda), Nedved (República
Checa) e Salas (Chile).
Quando as duas equipas se
defrontaram pela primeira vez, nas Antas, a Juventus
liderava o grupo com quatro pontos, mais um do que FC
Porto e Celtic
e mais três do que o Rosenborg. E à mesma hora que o Celtic
batia o Rosenborg em Glasgow, portistas
e bianconeri
empataram a zero.
“Palmada de Ovchinnikov a evitar
o golo de Salas, logo no reinício do jogo, e a volta ao texto ficou traçada:
nunca mais o FC
Porto conseguir controlar as operações e ficou mesmo à mercê do poderio dos
italianos,
que subiram consideravelmente de rendimento, como fica claramente patente na
estatística: seis remates na segunda parte, contra apenas um dos dragões
(Hélder Postiga) já na ponta final. Ao intervalo, os quarenta mil espectadores
estavam satisfeitos e acreditavam que, finalmente, o FC
Porto iria quebrar o longo jejum de vitórias nas Antas frente a italianos.
E, provavelmente, teria sido isso que iria acontecer, se o técnico da vecchia
signora não tivesse reajustado as pedras no terreno, passando de uma
situação de dominado a dominador. Para desalento dos adeptos, assistiu-se a um
jogo daqueles com duas partes distintas”, resumiu o Record.
Na semana seguinte, FC
Porto venceu o Celtic nas Antas por 3-0 e a Juventus
bateu o Rosenborg pela margem mínima em Turim, resultados que levaram
portugueses e italianos
para os dois lugares de acesso à fase seguinte antes de novo duelo entre ambas
as equipas, no Delle Alpi.
Desse jogo, recordo um golo de Clayton
de livre direto a dar vantagem aos azuis
e brancos (aos 13 minutos) e o resultado de 3-1 favorável à vecchia
signora. Del Piero empatou de livre direto (32’), Montero deu a volta
ao resultado através de um cabeceamento certeiro na resposta a um canto de Del
Piero (47’) e Trezeguet sentenciou o resultado a passe de Nedved, que desarmou
Ibarra unto à área portista
(73’).
“Começou muito bem e acabou muito
mal este FC
Porto do Delle Alpi. Esteve a ganhar com um golo madrugador de Clayton,
acabou por perder claramente, com uma equipa completamente entregue e sem já
saber muito bem o que fazia e, para terminar, um cartão amarelo estúpido a
Hélder Postiga tira-o do jogo decisivo com o Rosenborg – e os noruegueses, com
a vitória de ontem, ainda vão às Antas com uma esperança. Não era nada fácil a
tarefa do FC
Porto. A Juventus
jogava a primeira final da época – e venceu-a, com a qualificação para a
segunda fase – e por isso apostava tudo. Mas vinha de maus jogos, tinha um Del
Piero com um dedo empanado, e ainda teve de se confrontar com o golo do FC
Porto. Só que a equipa de Octávio fez a pior exibição na Liga
dos Campeões e, mesmo durante os 20 minutos que esteve a ganhar, nunca deu
ideia de grande poder. Pelo contrário, se a função atribuída a cada jogador era
relativamente bem desempenhada, depois falhava o resto – ter a lucidez de
colocar a bola onde devia e não de qualquer maneira, ter a calma para fazer a
gestão dela. O FC
Porto dos primeiros minutos ainda logrou criar dificuldades à Juventus
nalgumas iniciativas individuais bem conseguidas, mas nunca foi capaz de ser um
coletivo”, escreveu o Record
no dia seguinte.
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