quarta-feira, 27 de maio de 2020

Rui Társio. A explosão no Alcochetense e o sonho de jogar por Angola

Rui Társio representa o Alcochetense desde o verão de 2018
Avançado angolano há cinco anos em Portugal, Rui Társio foi a figura do Alcochetense e um dos principais destaques da I Divisão Distrital da AF Setúbal na última época. Com 13 golos no campeonato e 19 em todas as competições, fez sonhar a equipa de Alcochete, apesar de ter sido o Oriental Dragon a terminar em primeiro lugar.

A ausência de lesões e a especialização nas funções de ponta de lança permitiram-lhe estabilizar o seu futebol e apresentar os melhores registos da carreira, quando tem apenas 23 anos.


Em entrevista, o avançado não garante a permanência no Alcochetense, mas promete ponderação na hora de escolher em que clube vai jogar na próxima temporada e fazer de tudo para um dia cumprir o sonho de representar a seleção angolana.


ROMILSON TEIXEIRA - O Rui Társio apontou 19 golos pelo Alcochetense na época que recentemente terminou, 13 deles no campeonato da I Divisão Distrital da AF Setúbal. Que balanço faz desta época em termos individuais?
RUI TÁRSIO - Em termos individuais foi a minha melhor época até agora, não só pelos golos, mas também pela forma como cresci como jogador. Foi uma pena ter terminado da forma que terminou, ainda tínhamos muita coisa para conquistar.

Esta foi a sua segunda época que ao serviço do Alcochetense. Na primeira marcou apenas cinco golos. O que mudou de um ano para o outro?
Evolui muito como jogador, o grupo de trabalho era fantástico e tinha todas as condições para que isso acontecesse. Essa época joguei apenas numa posição e graças a Deus não tive lesões. Na minha primeira temporada em Alcochete falhei alguns jogos por culpa de algumas pequenas lesões. A regularidade e a consistência foram palavras-chave da minha última temporada.

Durante algum tempo foi o melhor marcador da I Divisão Distrital da AF Setúbal. Sentiu-se dececionado quando foi ultrapassado por Márcio Madeira (Vasco da Gama de Sines) e Bruninho (Oriental Dragon)?
Sim, fui o jogador que mais tempo ficou no topo da lista e fui ultrapassado já nas últimas jornadas. Mérito para o Márcio e para o Bruninho. Acredito que qualquer um de nós poderia estar em primeiro, segundo ou terceiro nessa lista. Não fiquei dececionado porque acabei a temporada com a consciência de que tudo fiz para me manter entre os melhores.

Considera estar a viver a melhor fase da sua carreira?
Foi uma época muito boa, tal como todas as outras. Existiu claramente uma diferença em termos de números, mas, como jogador dentro e fora do campo, foi tão boa quanto as outras.

Sente que os campeonatos distritais já são um patamar baixo para a sua qualidade?
O campeonato distrital é um campeonato muito bom. Dá-nos algum tipo de experiência e aprendemos muitas coisas que levamos para a vida. Quero estar sempre a evoluir, e se tiver de sair para uma divisão mais acima irei. Gosto de novos desafios.


“Continuar em Alcochete? Futebol exige-nos muita cautela…”

Que perspetivas tem para a próxima época? Espera sair para uma divisão superior ou deverá manter-se no Alcochetense?
Para a próxima época tenho um desafio, que é o de ser melhor do que ontem, seja em que divisão for ou em que clube for. O futebol exige-nos muita cautela na hora de tomar qualquer tipo de decisão.

O que o Alcochetense significa para o Rui? Como tem sido a relação com a massa associativa?
O Alcochetense significa muito para mim, conheci excelentes pessoas, que muito fizeram por mim durante estas duas temporadas. Dou-me bem com todos os que fazem parte do clube: adeptos, dirigentes, treinadores, jogadores, roupeiros, tratador da relva... Todos me receberam muito bem e sempre cuidaram muito bem de mim.

“Parabéns ao Oriental Dragon pelo 1.º lugar”
Rui Társio em ação num jogo frente ao Cova da Piedade B
O que acha que faltou ao Alcochetense para disputar de forma mais renhida o 1.º lugar com o Oriental Dragon?
Existem onze jogadores do outro lado que estão lá para fazer o trabalho deles e dificultar-nos ao máximo porque também querem ganhar o jogo. Perdemos pontos que nos custaram a liderança, mas aprendemos muito com toda essa situação e parabéns ao Oriental Dragon pelo primeiro lugar.

O seu treinador nos últimos dois anos, Pedro Duarte, vai para o Barreirense. Que importância teve Pedro Duarte para si e para a sua carreira? Como é ele como treinador?
O mister Pedro é um excelente treinador, sempre foi amigo, aplaudiu e chamou à atenção. Aprendi muito com ele e só tenho de agradecer por toda a confiança depositada em mim e desejar-lhe sorte no seu regresso ao Barreirense.

Acha que na próxima época o Barreirense será ainda mais difícil de bater com o novo treinador? Quais poderão ser os principais adversários do Alcochetense na luta pela subida ao Campeonato de Portugal?
O Barreirense é sempre uma equipa difícil de defrontar, pois tem sempre bons treinadores e bons jogadores e na próxima época não será diferente. Vão receber uma equipa técnica muito capacitada e de certeza que vão lutar pela subida tal como o Alcochetense e todos aqueles que investirem e traçarem a subida de divisão como meta.

“Quarentena? Treinos puxados não me têm faltado”

Como tem estado a viver este período de pandemia? Como tem mantido a forma?
Está a ser uma fase muito agridoce. É aborrecido estar em casa, mas só tenho a agradecer porque muitos queriam estar em casa e não podem. Tenho treinado, faço parte da Kinesian Move e eles cuidam da minha parte física. Treinos puxados não me têm faltado.

Falando mais do Rui. Nasceu em Angola, mas está há muito tempo em Portugal. Como foi a sua infância e como nasceu a paixão pelo futebol?
A minha infância foi muito, mas muito boa mesmo. Cresci no golfe 2, na vila Estoril, e os meus dias eram passados a jogar futebol e a fazer todo o tipo de brincadeiras que uma criança angolana faz. Amo futebol desde que me conheço como pessoa, jogava futebol todos os dias, na escola, no bairro, dentro de casa, em todo lado. A paixão está no sangue, o meu pai e quase todos os meus tios jogaram futebol.

Como chegou aos juniores do Mafra em 2015-16? Quais foram as principais dificuldades que enfrentou nesta fase?
Já havia estado em Mafra para uma experiência em 2012, se não me falha a memória, ainda era juvenil de primeiro ano, mas não podia ficar em Portugal porque a minha mãe ainda não era a favor da ideia de eu morar cá sozinho. Retornei em 2014 para o meu primeiro ano de juniores, mas não joguei porque tive uma lesão grave e só pude jogar na época a seguir. A maior dificuldade foi a questão tática, mas com o tempo fui aprendendo e tudo correu bem.

Rui Társio ao seu estilo, a fletir da esquerda para o meio com a bola
Seguiu-se uma aventura pelo Prainha, nos distritais dos Açores. Como descreve a sua passagem pelo futebol açoriano e que recordações guarda desta fase?
A minha passagem pelo Prainha foi muito boa. A ilha do Pico é muito bonita e tal como em todos os clubes que passei fui muito bem-recebido e acolhido lá. Fiz grandes amigos que levo para a vida, tive um excelente treinador [João Frazão] e vivi experiências desportivas muito boas.

Como se define como futebolista?
Como futebolista procuro sempre ser eu mesmo, juntar as orientações do mister ao meu estilo de jogo e nunca perder a minha essência.

Tem empresário ou alguém que o ajude na gestão da carreira?
Não tenho empresário. O meu pai ajuda-me muito a tomar certas decisões.

Que futuro perspetiva para a sua carreira futebolística?
O futuro a Deus pertence. A única coisa que posso dizer é que irei trabalhar para concretizar tudo aquilo que sempre sonhei.

Qual é o seu maior sonho no mundo do futebol?
São vários os grandes sonhos, vários mesmo. Deus queira que realize todos com o mesmo prazer e felicidade que sempre tive a jogar futebol.

Fã de Ronaldinho, Ronaldo fenómeno, Quaresma e Neymar

Quais são as suas maiores inspirações enquanto futebolista?
Sempre fui fã daquilo a que chamamos de futebol arte. Sempre gostei muito do Ronaldinho e do Ronaldo fenómeno. Para mim, eram o tipo de jogador que toda criança sonhava ser e imitar. O Quaresma também me inspirou muito, sempre gostei de o ver a jogar futebol. Mas hoje a minha principal referência é o Neymar.

Seleção de Angola? Todos os jogadores sonham representar o seu país”

O que significaria para si representar a seleção angolana? Sente que a Federação Angolana de Futebol (FAF) está atenta ao seu trabalho?
Todos os jogadores sonham representar o seu país, isso significa muito para mim. Nunca houve contacto algum com a FAF, por isso continuarei a trabalhar para que não faltem motivos para me contactarem.

Acompanha o futebol angolano? O que acha Girabola e que atletas angolanos mais aprecia?
Acompanho quando posso, mas estou sempre atento à classificação e aos jogadores que se estão a destacar no campeonato. Há muitos bons jogadores angolanos, não faltam talentos no nosso país. Gosto de ver o Gelson Dala a jogar, tem um enorme potencial.


Entrevista realizada por Romilson Teixeira

























1 comentário:

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