Às portas de 2002 e da
consequente entrada em vigor do euro em Portugal, houve festa da Taça
no fim de ano em Viseu. Na noite de 29 de dezembro de 2001, o Académico, que
nessa altura ocupava o 4.º lugar da Zona Centro da II Divisão B e procurava
regressar à II Liga, teve direito a receber o FC Porto no Estádio do Fontelo.
Lembro-me de ter assistido ao
jogo através de transmissão televisiva, creio que da SIC, que na altura transmitia os encontros da Taça
de Portugal, mas confesso que já não me lembrava se o jogo tinha acontecido
em 2000-01 ou em 2001-02.
Nos viseenses, que tinha afastado
Penafiel,
Campomaiorense, Joane e Arrifanense nas eliminatórias anteriores, o jogador com
melhor currículo era o avançado Febras, que tinha jogado pela Académica na I
Liga. Depois haviam outros que tinham passado pela II Liga, como o guarda-redes
Zé Tó (ex-Naval), o lateral direito Rogério e o extremo Listras (no próprio
Académico) e Zé Duarte (ex-Académica). Luís Almeida era o técnico dos homens da
casa.
Do lado portista o grande
destaque ia para o reforço de inverno Benni McCarthy, avançado internacional
sul-africano emprestado pelo Celta de Vigo, que fazia a sua estreia de dragão
ao peito precisamente nesse jogo, numa altura em que a janela de inverno do
mercado de transferência abria mais cedo, ainda em dezembro. Sobre brasas, o
treinador Octávio Machado não deu descanso a habituais titulares como Vítor
Baía, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Paredes, Deco ou Hélder Postiga, não
facilitando na visita a um adversário de divisões secundárias.
McCarthy mostrou logo ao que ia e
inaugurou o marcador logo aos cinco minutos, num remate forte e colocado a
passe de Hélder Postiga. O sul-africano, que na altura se preparava para
representar a sua seleção às ordens de Carlos Queiroz no CAN 2002, voltou a
estar em evidência no final da primeira parte, quando serviu Deco de bandeja
para o 0-2 (42').
No segundo tempo os protagonistas
foram outros. Postiga matou o jogo aos 72', num bonito golo de cabeça, fazendo
a bola sobrevoar o guarda-redes Zé Tó antes de entrar na baliza viseense, após
um passe longo de Jorge Andrade. Pouco depois, Clayton
estabeleceu o 0-4 final no seguimento de uma jogada individual (75').
“A lei do mais forte. No jogo de
estreia de McCarthy, os dragões venceram o Académico de Viseu sem precisarem de
forçar demasiado. Ficaram, entretanto, a saber que o sul-africano tem mesmo
qualidades e pode vir a ser um verdadeiro reforço para o ataque”, resumiu o jornal
O Jogo no dia seguinte.
“O FC Porto cumpriu a obrigação
de passar aos quartos-de-final da Taça
de Portugal, deixando pelo caminho um Académico de Viseu voluntarioso, mas
sem argumentos para contrariar a lei do mais forte”, podia ler-se nas primeiras
linhas da crónica do diário desportivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário