Jorge Jesus, Rui Vitória e Bruno Lage foram campeões na Luz |
Não é por uma mentira ser
repetida várias vezes que se torna verdade. E é enganador fazer análises
através da frieza dos números sem atender aos contextos. Hoje, Jorge
Jesus quase que é visto como um criminoso por não ter aliado resultados
desportivos a apostas firmes em produtos da formação do Benfica, algo que os sucessores vieram
a conseguir.
O Baby Benfica começou a fazer-se sentir no pós-Jesus,
é indesmentível, mas nunca se leu ou ouviu uma alma caridosa explicar que quem
sucedeu ao amadorense
encontrou jovens com muito mais andamento. Olhando apenas para os que chegaram
aos encarnados para integrar as camadas jovens, que se estrearam na equipa
principal sem se desvincularem do clube pelo meio e não somaram muitos minutos
no futebol sénior por outros clubes – ou seja, sem contar com Lindelof, Nélson
Semedo, Oblak, Ederson, Bruno
Varela, André
Horta e Alfa
Semedo -, JJ
lançou 11 canteranos em seis anos, Rui
Vitória 10 em três e meio e Bruno
Lage oito em ano e meio.
Porém, se repararmos no número de
minutos que estes 29 jovens já levavam no futebol sénior (mesmo continuando
vinculados ao Benfica) antes da estreia na equipa principal, os que chegaram às
mãos de Jorge
Jesus estavam com muito menos rodagem competitiva do que os que Rui
Vitória e Bruno
Lage vieram a encontrar.
Já Rui
Vitória lançou miúdos que tinham, em média, quase o dobro dos minutos (3086)
dos que Jesus
fez estrear. Ainda que com uma amostra mais curta, Bruno
Lage deu a primeira oportunidade a jovens com um pouco menos minutos de competição (2889)
do que os que chegaram às mãos do seu antecessor.
Em média, até à estreia na equipa principal um jovem tinha completado
1645 minutos entre equipa B e/ou empréstimos antes de merecer a confiança de Jesus.
Dois deles, Roderick e Luís Martins, não tinham sequer qualquer minuto somado
no futebol profissional, numa altura em que os bês encarnados ainda não tinham
sido reativados. E é necessário recordar que só na quarta (e antepenúltima) época de Jesus
nas águias (2012-13) é que a equipa B foi reintroduzida.
Para esta contabilidade entram
apenas minutos somados nas competições de futebol sénior, porque se tivermos em
conta que o Benfica só começou a participar na UEFA Youth League em 2013-14 e
na U23 Premier League International Cup em 2014-15, nas duas últimas épocas de Jesus
nas águias, as diferenças seriam ainda maiores. Os miúdos de agora chegam à
equipa principal com muito mais andamento, não haja dúvidas.
Além destes, há outros dois
pormenores a ter em conta: 1) O
Benfica não voltou a repetir as vendas precoces de jogadores da formação, o que
se verificou com João Cancelo e Bernardo
Silva, aliando assim rendimento desportivo ao retorno financeiro; 2) Se olharmos para os jogadores da
formação que na última década se afirmaram imediatamente como titulares (Rúben
Dias, Renato
Sanches e até mesmo se quisermos incluir Ferro, Florentino e João
Félix), todos chegaram à equipa principal com um número de minutos superior
aos tais 1645 que constituem a média dos que foram estreados por Jesus.
O que estes dados nos dizem é que,
se houve treinador que forçou a aposta em jovens mesmo não estando eles totalmente
preparados, esse treinador é Jorge
Jesus.
Artigo atualizado a 23 de agosto de 2020, após a conclusão da temporada 2019-20.
Artigo atualizado a 23 de agosto de 2020, após a conclusão da temporada 2019-20.
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