Portugal com um pé fora do Brasil
Esta noite, na Arena da Amazônia, em
Manaus, os Estados Unidos e Portugal empataram 2-2, na 2ª jornada do Grupo G do
Mundial-2014. Jones e Dempsey marcaram para os norte-americanos, e Nani e
Cristiano Ronaldo para os portugueses.
Eis a constituição das equipas:
Estados
Unidos
Na 1.ª jornada
do Grupo G, os Estados Unidos (13.º no Ranking FIFA) derrotaram o Gana por 2-1.
Clint Dempsey e John Brooks marcaram os golos.
Jozy Altidore,
lesionado, é o único ausente.
Portugal
A última vitória de Portugal frente aos Estados Unidos remonta a 19 de
dezembro de 1990. Num jogo particular realizado na Maia, Domingos Paciência
marcou o único golo do encontro.
A equipa das quinas (4.ª no Ranking FIFA) foi goleada pela Alemanha
(0-4) na ronda inaugural do Grupo G.
Pepe, castigado, e Fábio Coentrão, Rui Patrício e Hugo Almeida,
lesionados, constituem o lote de ausentes.
Cronómetro:
Estados Unidos transfigurado de um jogo
para o outro. O 4x4x2 tradicional deu lugar ao 4x3x3, que em organização
defensiva se transforma para 4x1x4x1.
Embora Dempsey não seja um ponta de lança
de raiz, não se pode dizer que estivesse a desempenhar funções de ‘falso 9’ . Fixou-se no eixo do ataque,
entre os centrais, e rematou sempre que possível, como se pede a quem joga
nessa posição.
Estados Unidos estavam-se claramente a
superiorizar por esta altura. Mais agressivos, e a conseguirem explorar os três
corredores para atacar a baliza de Beto, combinando passes curtos e longos,
intercaladamente.
Cristiano Ronaldo estava praticamente
apenas a jogar na zona central.
Portugal muito partido no momento em que
perde a bola, permite a que os Estados Unidos cheguem com facilidade ao último
terço.
Ao intervalo, William Carvalho rendeu André Almeida. Miguel Veloso
passou a ser lateral-esquerdo.
90+1’
Zusi foi substituído por González.
90+5’ Cristiano Ronaldo cruzou para
o interior da área, onde Varela cabeceou para o fundo das redes.
Sem mais ocorrências até final, confirma-se o empate.
Análise:
Portugal entrou bem no jogo e chegou cedo à vantagem. Miguel Veloso
cruzou pela esquerda, Cameron falhou a interceção e a bola sobrou para Nani,
que fuzilou Howard.
Estava feito o mais difícil? Longe disso. Os Estados Unidos dominaram
durante a primeira parte, estando perto de marcar por diversas vezes, sobretudo
Dempsey, que nem pareceu jogar adaptado a ponta de lança, pelo número de vezes
que rematou com perigo.
Nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, a equipa das quinas
ainda voltou a dar um ar da sua graça, numa jogada em que Nani e Éder viram o
poste e Howard, respetivamente, a negar-lhe o 0-2.
Nos primeiros minutos, Portugal até estava a conseguir serenar os
ânimos, diminuindo ligeiramente o ritmo do jogo, contando com a contribuição do
recém-entrado William Carvalho. No entanto, os estado-unidenses voltaram a
crescer, ameaçando numa primeira instância por Bradley, com Ricardo Costa a
cortar sobre a linha de baliza, e depois, acabando mesmo por marcar, através de
um imponente remate de Jones, ainda de fora da área.
Com Portugal balançado no ataque e os Estados Unidos a tentar segurar
o empate, foram estes últimos quem voltariam a festejar. Zusi, já no interior
da área, serviu Dempsey, que à boca da baliza, fez o 2-1 com um encosto de
barriga.
Na fase do chuveirinho, os pupilos de Paulo Bento ainda chegaram ao
empate, que adia a eliminação do Mundial. Só um conjunto de resultados
improváveis, com muitos golos à mistura, faria acontecer um milagre.
Analisando os atletas em campo, começando pelos dos Estados Unidos…
Howard (Everton), sem culpa no golo sofrido, fez uma intervenção fantástica
no final da primeira parte, negando o 0-2 a Éder;
Johnson (Hoffenheim), rápido e com capacidade para jogar com ambos os pés,
causou sempre dificuldades ao corredor esquerdo português quando se projetou no
ataque; Besler (Sporting KC) esteve assertivo; Cameron (Stoke
City) não conseguiu aliviar o cruzamento de Miguel Veloso e permitiu que a bola
chegasse a Nani, no lance do golo inaugural; e Beasley (Puebla) deu
profundidade ao corredor esquerdo;
Beckerman (Real Salt Lake), médio mais posicional
dos norte-americanos, podia ter sido expulso ainda no primeiro quarto de hora,
caso a equipa de arbitragem visse uma agressão a Raul Meireles; Jones
(Besiktas) apontou um grande golo e foi procurando desmarcar Dempsey nas costas
da defesa portuguesa, através de passes longos; e Bradley (Toronto FC)
foi o centro-campista que mais se soltou e apareceu junto à área adversária;
Bedoya (Nantes) tentou explorar a pouca rodagem de André Almeida e Miguel
Veloso ao lado esquerdo da defesa, mas esteve longe de ter feito uma exibição
muito conseguida; Zusi (Sporting KC) fez a assistência para o segundo
golo; e Dempsey (Seattle Sounders) não estranhou a posição de ponta de
lança, revelando-se bastante perigoso, rematando sempre que possível, e acabou
por apontar o 2-1 com… a barriga;
Yedlin (Seattle Sounders) deu maior consistência ao corredor direito; Wondolowski
(SJ Earthquakes) refrescou o ataque; e González (LA Galaxy ) reforçou a defesa
norte-americana.
Quanto aos jogadores de Portugal…
Beto (Sevilha) fortaleceu a primeira fase de construção da equipa das
quinas, mostrando mais habilidade para jogar com os pés do que Rui Patrício;
João Pereira (Valencia) não teve muito trabalho
defensivo, e decidiu bem quando apoiar o ataque; Ricardo Costa (Valencia)
fez de guarda-redes quando Beto já estava batido, e negou o empate a Bradley (55’ ); Bruno Alves
(Fenerbahçe) teve uns primeiros 20 minutos complicados, com Dempsey a
ganhar-lhe os lances em velocidade, mas foi conseguindo neutralizar o atacante
norte-americano; e André Almeida (Benfica) participou no lance do 0-1,
preferindo entregar a bola a Miguel Veloso do que a cruzar com o seu pior pé, o
esquerdo, e a partir daí jogou algum tempo com dificuldades físicas, adiando a
substituição até ao intervalo;
Miguel Veloso (Dínamo Kiev) fez o cruzamento – ainda
que deficiente – para o primeiro golo do encontro, e no segundo tempo teve um
desempenho negativo como lateral-esquerdo, posição em que já não atuava há
vários anos; João Moutinho (Mónaco) esteve a um ritmo inferior àquele a
que tem habituado os adeptos do futebol; e Raul Meireles (Fenerbahçe),
sem a rotatividade de outros tempos, apareceu mais perto da área adversária
durante o segundo tempo, mas sem ter sucesso nas suas decisões;
Nani (Manchester United) inaugurou o marcador e esteve perto do 0-2 à
beira do intervalo, tendo acertado com estrondo no poste; Cristiano Ronaldo
(Real Madrid) apareceu a espaços, melhor a assistir do que a finalizar, como
prova o cruzamento para o segundo golo; e Hélder Postiga (Lazio) saiu
lesionado ainda no primeiro quarto de hora;
Éder (SC Braga) deu robustez e velocidade ao eixo do ataque, mas perdeu a
maior parte das bolas divididas; William Carvalho (Sporting) esteve
muito certeiro no passe, fez a equipa progredir através da sua simplicidade e
assertividade e ajudou a equilibrar a equipa defensivamente; e Varela
(FC Porto) apontou o tento que valeu a igualdade.
Com este resultado, fica assim disposta a classificação do Mundial-2014:
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