Miguel Rosa disputou sete jogos pelo Belenenses esta época |
Causou alguma surpresa, nos
últimos dias, a notícia de que Miguel Rosa tinha deixado o Belenenses para
rumar ao Cova da Piedade. Em primeiro lugar, porque era dos jogadores mais
identificados com a mística do emblema do Restelo. Depois, porque é um
futebolista cuja qualidade tem na I Liga um contexto competitivo mais adequado,
até porque está ainda à beira dos 29 anos – completa-os no sábado - e foi
titular em 80 dos 104 jogos que disputou no patamar maior do futebol português.
Nada habituado a sair da zona
geográfica de conforto – Estoril, Carregado, Belenenses e Benfica B foram as
equipas que representou enquanto sénior -, encontrou na formação do concelho de
Almada uma oportunidade para prosseguir a carreira perto de casa. Se foi ou não
isso que mais pesou, ficam a ganhar os piedenses, atualmente três
pontos acima da zona de despromoção ao Campeonato de Portugal e a nove da de
promoção à I Liga.
Ficam a ganhar porque Miguel Rosa
pode fazer a diferença num nível competitivo que, a meu ver, está abaixo do
dele, e num campeonato em que já mostrou que encaixa muito bem. É o único
jogador que venceu o prémio de melhor da II Liga por duas vezes, em 2010/11
pelo Belenenses e em 2012/13 pelo Benfica B.
Olhando também para o sistema
tático e modelo de jogo do Cova da Piedade, pode encaixar na perfeição no 4x3x3
de Bruno
Ribeiro, que tenta colocar a equipa a praticar um futebol apoiado mas que
em muitas situações acaba por tentar chegar ao último terço através de um
estilo mais direto, em transições. Algo inevitável pela natureza da competição
e pelas dimensões reduzidas do relvado do Estádio Municipal José Martins
Vieira.
Embora possa ser utilizado nas
duas alas e atrás do ponta de lança – com
Júlio Velázquez chegou mesmo a ser segundo avançado e falso ponta de lança em
algumas partidas -, é a partir do lado esquerdo de ataque que tem mais para
dar. As diagonais de fora para dentro com a bola colocada ao pé direito constituem
algo que faz muito bem, podendo culmina-las com uma tabelinha com um
companheiro, um último passe ou um remate. O seu remate forte, colocado e
espontâneo é mesmo uma das suas maiores virtudes futebolísticas, tendo apontado
assim muito dos golos que tem na carreira, fazendo-o também com o pé esquerdo e
na execução de livres diretos. E o espírito lutador e a garra que exibe em
campo podem ser um aliado de peso na conquista de segundas bolas no último
terço.
Se não tiver problemas de
adaptação, a sua contratação vai significar seguramente um grande upgrade em relação ao que Dieguinho pode
oferecer no corredor esquerdo e um acréscimo de qualidade no acompanhamento a
homens como Ballack, Cléo ou Hugo Firmino nos derradeiros 30 metros.
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