Cinco internacionais angolanos jogaram no Farense |
O primeiro jogador que
representou tanto os Palancas
Negras como o emblema
algarvio nasceu em Angola,
mas foi viver para Faro
com três anos. Com passagem pela formação do Farense,
o lateral Raúl Barbosa rodou no
Penha e no Padernense antes de se estrear pela equipa principal na fantástica
época de 1994-95, que culminou com a obtenção do quinto lugar na I
Liga.
Raúl Barbosa |
Na época seguinte representou o Boavista,
mas em 1996-97 voltou ao São
Luís para atuar em 22 encontros oficiais (18 a titular) e marcar um golo ao
Gil
Vicente no campeonato.
“O Ricardino Neto [então dirigente] pediu-me para voltar. Como não estava a
jogar muito no Boavista,
aceitei, mas já não foi como antes…”, contou, lamentando o ambiente pesado com
os adeptos após o regresso.
Ainda assim, só tem elogios a
fazer ao Farense.
“No Algarve
só há um clube, digam os outros o que disserem. O Farense
tem uma massa adepta espetacular, uma cidade que respira futebol, e o lugar
deste clube é na I
Liga. A ambição tem sempre de passar por estar nesse patamar”, vincou.
Depois saiu para o Felgueiras e
tornou-se internacional
angolano, tendo disputado um jogo no CAN
1998. “Eu nasci em Angola
e surgiu essa oportunidade: na altura o selecionador era o Professor Neca, ele
conhecia-me de Portugal e chamou-me para jogar na CAN.
Já tinha tido vários convites, quando o selecionador era o Carlos Alhinho, mas
rejeitei sempre, porque tinha a esperança de jogar na seleção portuguesa. Mas
aquela oportunidade não desperdicei”, começou por explicar.
“Tínhamos uma seleção muito
forte, com Akwá, Paulão, Quinzinho, o Luís Miguel, que jogava no Sporting,
o Lázaro, o Lito Vidigal… A equipa era excelente, e até começámos bem, empatámos
0-0 com a África do Sul, que era muito poderosa na altura [e a campeã em
título]. Mas depois fomos muito roubados! Empatámos com a Namíbia [3-3] e
depois perdemos o último jogo com a Costa do Marfim [2-5]. Mas foi uma
experiência que me deixou muitas saudades”, acrescentou.
Mauro |
Após três jogos como suplente
utilizado e pouco mais de 50 minutos de utilização, foi emprestado ao Lamego,
então na II Divisão B. A estreia no primeiro
escalão aconteceu precisamente no Estádio
do Restelo, palco onde o pai brilhara décadas antes e onde Mauro concluiu a
formação. “É engraçada esta vida. Andei a sonhar em jogar para sempre no Belenenses
e acabei a trocar de clube ano após ano, pelo país inteiro. Mas o mais irónico
foi a minha estreia na I
Liga. Joguei pelo Farense
no... Restelo,
ante o meu Belenenses.
E perdi”, contou ao Record em
setembro de 2002.
Depois recomeçou o seu trajeto
ascendente, tendo voltando a entrar na I
Liga em 2001-02 pela porta do Paços
de Ferreira. Em 2002 amealhou os primeiros de 11 jogos ao serviço da seleção
angolana, pela qual marcou três golos – dois ao Chade e um à RD Congo.
Porém, foi perdendo algum gás nos anos que se seguiram e acabou por não voltar
a ser chamado depois de 2004.
Quinzinho |
Logo na estreia pelo emblema
algarvio, numa visita a Alvalade,
marcou o golo que na altura empatou o encontro. Ainda que o golo não tivesse
evitado a derrota (1-3), ajudou os leões
de Faro a assegurar a permanência ao participar em seis encontros (cinco a
titular).
“Até joguei contra o FC
Porto. Ah ah ah ah. Porque quem
me emprestou foi o Rayo, eram eles que me pagavam o ordenado. Por isso mesmo
sendo jogador do FC
Porto fui emprestado pelo Rayo. Foi na época em que o Sporting
ganha o campeonato
com o Inácio. Eu joguei contra o FC
Porto e até ajudei o Farense
a empatar esse jogo. Muita gente diz que o FC
Porto perdeu lá o campeonato.
Sou profissional, tem de ser assim”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2018.
Depois voltou ao FC
Porto, que o voltou a ceder uma última vez, desta feita ao Desp.
Aves.
Em termos de seleção
angolana amealhou 40 internacionalizações e nove golos.
Viria a falecer em abril de 2019, aos 45 anos.
Luís Lourenço |
Nascido em Luanda, mas
internacional português desde os sub-16 à seleção B, jogou uma vez por Angola,
em agosto de 2011, entrando nos últimos minutos de uma visita à Libéria, quando
até estava sem clube.
Um ano depois assinou pelos leões
de Faro, então a militar na II Divisão B, tendo disputado um total de nove
jogos (três a titular) e apontado dois golos, diante de Quarteirense no campeonato
e do Beira-Mar na Taça
de Portugal, contribuindo para a promoção à II
Liga.
Depois mudou-se para o Corona Brasov , da I Liga romena.
Hugo Marques |
Nascido em Fão, no concelho de
Esposende, passou pela formação do FC
Porto e foi internacional português pelas seleções jovens, mas acabou por
optar pelos Palancas
Negras, precisamente quando atuava em Angola,
tendo somado quatro internacionalizações e feito parte da convocatória para o CAN
2012.
Entretanto regressou a Portugal
e, depois de uma experiência não muito bem-sucedida no Sp.
Covilhã, rumou a sul para representar os leões
de Faro no verão de 2017. “O
meu antigo treinador de guarda-redes no Gil Vicente, o Cândido, ligou-me a
perguntar se estava disponível para representar o Farense e depois passou a
chamada ao diretor desportivo Manuel Balela, ao qual agradeço até hoje a sua
postura e humanidade. Passadas algumas horas já sabia do projeto e sabia que ia
encontrar um grande senhor, o presidente João Rodrigues, algo que depois vim a
confirmar. Assinei por um ano e aí começou esta linda história”, contou em
abril de 2020, em entrevista a O
Blog do David.
Na primeira época foi um dos esteios
de uma equipa que, às ordens de Rui Duarte, venceu a Série E do Campeonato
de Portugal, alcançou a promoção à II
Liga e chegou aos quartos de final da Taça
de Portugal, tendo atuado em 36 jogos e sofrido 17 golos.
Na temporada seguinte teve de
lidar com a concorrência do guarda-redes internacional português Daniel
Fernandes, mas conquistou o seu espaço em janeiro de 2019 e foi a tempo de
participar em 17 encontros e sofrer 18 golos, ajudando os algarvios
a assegurar a permanência no segundo escalão. “Tive
de esperar e lutar pelo meu lugar, mas consegui e acabei a época em grande, a
ajudar que se evitasse a descida ao Campeonato de Portugal”, recordou.
Em 2019-20 manteve o estatuto e acabou
por ser um dos pilares da equipa que subiu à I
Liga após 18 anos de ausência, tendo disputado 25 encontros e encaixado 23
golos até à paragem das competições devido à pandemia
de covid-19.
Na presente época começou como
suplente de Rafael Defendi, mas beneficiou de uma expulsão do concorrente para
se estrear finalmente no patamar
maior do futebol português, aos 34 anos. Nunca é tarde para sonhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário