domingo, 29 de março de 2020

“Há muito potencial para explorar no futebol angolano” – Pedro Gonçalves

Pedro Gonçalves procura apurar Angola para o CAN 2021
Em Angola desde 2015, na altura para trabalhar nas camadas jovens do 1º de Agosto, Pedro Gonçalves trabalha há dois anos para a Federação Angolana de Futebol e assumiu o comando técnico da seleção principal após o CAN 2019.

Em entrevista divida em duas partes (esta é a segunda, poder ler a primeira CLICANDO AQUI), o treinador português de 44 anos recorda o seu trajeto de quase um quarto de século como treinador, nomeadamente o tempo que passou na formação do Sporting, fala do estado atual do futebol angolano e revela as expectativas para o futuro dos Palancas Negras.



ROMILSON TEIXEIRA - Voltando à sua carreira como surgiu o convite para deixar o Sporting e rumar ao 1° de Agosto? O que pensou quando surgiu esta oportunidade?
PEDRO GONÇALVES - Na perspetiva de concretizar a sua visão de criar uma Academia de Futebol referência em África, o Presidente do 1.º Agosto, o general Carlos Hendrick, fez uma visita à Academia Sporting no sentido de observar e conhecer a orgânica de uma academia de referência mundial. Curiosamente conheci o presidente nesse dia em que visitou a Academia na companhia do campeão Dionísio Castro, que, entretanto, também se veio a tornar elemento do clube. Tive oportunidade de ter uma conversa informal na qual me transmitiu em traços gerais a sua ideia para o 1.º Agosto. Incentivei-o e desejei-lhe toda a sorte, mas nunca se colocou a hipótese de para lá ir trabalhar até que o presidente contratou o então coordenador técnico da Academia Sporting. Esse facto desencadeou o processo de mais profissionais treinadores integrarem o projeto do 1.º Agosto. O que mais me seduziu e desafiou foi a parte de me dedicar a um projeto novo e ambicioso, num ambiente totalmente desconhecido para mim e com a hipótese de me dedicar a tempo inteiro ao futebol. Fui o último elemento da equipa a vir para Angola, pois fiz questão de concluir o meu contrato com o Sporting e só depois assumir o compromisso com o 1.º Agosto. Felizmente tudo decorreu pelo melhor apesar de algumas dificuldades iniciais. Com muita perseverança e resiliência tudo se passou e revejo agora com agrado esses tempos.

Como foram as primeiras épocas em Angola? Como foi a adaptação ao país? O que achou do país e do futebol angolano?
Como já referi os primeiros tempos foram árduos. Muito trabalho, muita desconfiança em relação aos métodos de trabalho e às alterações implementadas, adicionando um conjunto de burocracias associadas às dificuldades que, entretanto, a crise económica que Angola atravessou implicou. Nesse tempo foi preciso ser muito forte psicologicamente para superar, mas felizmente tudo se encaminhou da melhor forma. Os resultados e a evolução significativa dos trabalhos tiveram sem dúvida o condão de solidificar as medidas implementadas. A nível pessoal sempre fui bem tratado e adorei conhecer Angola, as suas gentes e paisagens naturais. Em relação ao futebol deparei-me com muito potencial para explorar. Existe um conjunto de fatores que concorrem contra o desenvolvimento do futebol angolano, mas passo a passo tem-se conseguido fazer um caminho evolutivo e promissor.

O que o futebol angolano tem de diferente em relação ao futebol europeu?
Na generalidade as condições ambientais. Desde do clima, às infraestruturas, além da dimensão económica que influencia muito a logística de suporte às atividades e ainda a formação e consequente competência dos recursos humanos. Além disso, tem sido feito um esforço no sentido de tornar os regulamentos mais percetíveis por todos os agentes desportivos, bem como quadros competitivos adequados e que proporcionem, por um lado, a massificação da modalidade e, por outro, o desenvolvimento da elite mais talentosa. Isto na prática traduz-se num futebol angolano mais genuíno, onde os aspetos volitivos estão em constante transcendência. O jogador angolano da atualidade é fruto de todo o envolvimento e do seu biótipo. Possui uma habilidade individual absolutamente invulgar, mas ainda revela carências na dimensão física, interpretação de jogo, além de alguma inocência dentro e fora de campo. Evidentemente refiro-me à generalidade.


O que significou para si trabalhar num clube histórico de Angola? Como foi trabalhar na formação do 1º de Agosto?
O 1.º Agosto abriu-me as portas para a minha primeira experiência laboral a tempo inteiro fora de Portugal. Nunca tinha vindo a Angola, nem ligação familiar existia com Angola. Claro que por razões históricas Portugal e Angola estão intimamente ligados e as notícias de Angola em Portugal são constantes, pelo que sempre fui acompanhando com relativa atenção o Girabola. Contudo, foi uma grande surpresa para mim a dimensão do 1.º Agosto. É realmente um dos expoentes máximos do desporto e da cultura em Angola e em África, procurando a pouco e pouco cimentar a sua grandeza para além do continente africano. Esta busca pelo crescimento e desenvolvimento permitiu que tivesse vivido no clube momentos marcantes num momento de boost desportivo. O 1.º Agosto permitiu-me compreender a realidade sociocultural e desportiva de Angola e com isto crescer profissionalmente.

O que achou da academia do clube militar? O que acha sobre o projeto?
O 1.º Agosto é um clube grandioso, que procura constantemente munir recursos infraestruturais e humanos a nível superior para fazer jus à sua grandeza e visão. É preciso ser muito resiliente e obstinado para manter todo o projeto mesmo em tempos de crise económica. Nesse aspeto o presidente Carlos Hendrick teve e tem uma ação assinalável.

Como recebeu o convite para ser coordenador técnico e treinador nas seleções jovens de Angola?
A coordenação técnica surgiu na sequência dos trabalhos realizados na liderança da preparação e concretização das equipas de sub-17 e sub-15 que participaram na COSAFA sub-17 e Jogos da CPLP 2018, respetivamente. Tivemos um êxito assinalável e com perspetivas de desenvolvimento futuro. Julgo que a competência evidenciada terá sido o principal motivo que levou a direção da Federação Angolana de Futebol (FAF) a designar-me para a função.

Teve condições favoráveis para fazer um bom trabalho?
Tive a principal, que foi a matéria prima: jogadores ultra motivados, com elevada determinação em chegar longe e revelar o seu potencial. Quanto às restantes condições e recursos, essas são do conhecimento geral. As dificuldades são grandes, todavia existem projetos que com o apoio da FIFA por certo as colmatarão. Queira Deus que o Covid-19 passe o quanto antes e deixe as menores repercussões negativas possíveis.


Conte-nos como foi o percurso da seleção Sub-17, desde a COSAFA, CAN até ao Mundial do Brasil. Como viveu esta experiência? Quais foram as grandes dificuldades em cada uma das competições?
Uma experiência fascinante que começou a 23 de abril de 2018 e culminou a 5 de novembro de 2019. Fazendo a retrospetiva do ponto em que começámos, o nosso percurso e onde chegámos confere-nos a todos os que fizeram parte um sentimento de emoção elevado pela história que fizemos no futebol jovem de Angola. Registo com orgulho as dificuldades que passámos com os recursos existentes que dispúnhamos quando iniciámos a preparação da COSAFA e em simultâneo dos Jogos da CPLP com os sub-15, a pouca ou nenhuma crença que existia e as conquistas incontestáveis que alcançámos.
Na COSAFA inclusive pela primeira vez neste escalão, Angola conseguiu ser campeã, logo quando a CAF mudou o quadro de qualificação para o CAN e apenas o vencedor se qualificava. Vencemos de forma avassaladora, só com vitórias, e fomos a equipa com mais golos marcados, menos sofridos e unanimemente considerada com o melhor futebol e com jogadores de grande futuro. A motivação manteve-se em alta, mesmo com críticas existentes de vários quadrantes, que por vezes escamoteiam a realidade dos recursos que tínhamos disponíveis. A participação no Torneio de Preparação UEFA-CAF no percurso para o CAN foi determinante para nós. Muitos procuraram desfazer do trabalho que vinha a ser feito, em especial pelo facto de termos perdido os três jogos, mas internamente sabíamos que era um torneio de preparação, no qual inclusivamente não levámos jogadores chave, mas que nos permitiu desenvolver competitivamente a equipa e interpretar de forma mais adequada a competição que tínhamos pela frente.
Para o CAN tínhamos um objetivo exigente e que nunca tinha sido alcançado ao nível dos sub-17, a qualificação para o Campeonato do Mundo.  A coesão da equipa associada ao talento e à disciplina dos nossos jogadores permitiu superar as dificuldades e atingir um patamar mais uma vez único no futebol jovem angolano. Assinalo mais uma vez com orgulho que o Conselho Técnico da CAF nos atribui a designação de equipa que praticou melhor futebol, com jogadores promissores e que inclusivamente foi a única equipa a jogar com 20 jogadores dos 21 convocados - o terceiro guarda-redes não teve oportunidade de competir -, portanto a equipa que utilizou mais jogadores. Além disso, vencemos o prémio fair play pela postura que evidenciámos dentro e fora do campo. Foi fantástico competir ao nível que competimos e termos todas estas distinções. No total, apenas perdemos um jogo no tempo regulamentar, perante a poderosa Nigéria, que depois vencemos no último jogo. E em ambos os jogos jogámos praticamente as segundas partes reduzidos a dez elementos em campo.
Pedro Gonçalves acredita no potencial do jogador angolano
Seguiu-se mais uma vez um Torneio de Preparação UEFA-CAF no percurso do Mundial. Mais uma vez alguns jogadores chave não participaram, mas não obstante, já foi visível uma tremenda evolução competitiva. Apenas perdemos um jogo perante o Paraguai, no qual interpretámos em sistema de rotatividade e promovemos 8 alterações em relação ao jogo anterior. Saliento que poucos meses depois de termos perdido a passagem à final do CAN no desempate por penáltis perante os Camarões, voltámos a jogar frente aos agora campeões africanos e vencemos de forma incontestável até para surpresa dos nossos adversários.
Esta evolução deu-nos muita força e motivação para o Campeonato do Mundo, no qual, malgrado algumas peripécias que levaram algum desfoque no início da preparação, fizemos uma excelente preparação. Mais uma vez explorando ao máximo os recursos disponíveis. Importante que haja a consciencialização que, comparativamente à maioria das seleções presentes no Mundial, os nossos recursos disponíveis eram exíguos, porém tínhamos o melhor recurso, como já disse anteriormente, a matéria prima: os nossos jogadores.
Estar pela primeira vez no Campeonato do Mundo e defrontar seleções muito mais experientes e acostumadas a estas participações não se antevia tarefa fácil, contudo tínhamos como objetivo passar a fase de grupos. A seguir, tudo que viesse seria a somar. Alcançámos os nossos objetivos competitivos e provámos internacionalmente a qualidade dos nossos jogadores, inclusivamente perante o Brasil, equipa da casa, no jogo que discutimos o vencedor do grupo, não tivemos problema em fazer sete alterações em relação à equipa que vinha a ser titular e entrámos em campo com seis jogadores de primeiro ano, perante uma poderosa equipa que acabou por ser mais uma vez campeã e que nesse jogo competiu com o seu onze titular, não promovendo uma única alteração, mesmo já estando ambas as seleções qualificadas para a fase seguinte, o que julgo ser revelador do respeito que alcançámos. No jogo dos oitavos-de-final defrontámos uma seleção poderosa que inclusive no escalão de sub-20 são os atuais vice-campeões mundiais. Parece-me que em Angola não existe bem a perceção da evolução nos últimos 20 anos do futebol coreano e da quantidade de recursos que dispõe para evoluir os seus jogadores. Pelo facto de enaltecer a valia adversária em nada evidencia que não pretendíamos suplanta-los, aliás, fizemos um jogo bastante competente no qual fomos fortemente penalizados com um erro que deu origem ao golo adversário. Em especial na segunda parte asfixiamos o adversário em especial nos últimos 15 minutos. Lutámos até à exaustão e só por manifesta infelicidade e também por alguma matreirice adversária não chegámos ao golo. Mesmo no momento da eliminação fiquei orgulhoso pela equipa. Lutámos com bravura, honrámos a nação angolana e o seu desporto e futebol. Mais uma vez demos um exemplo de postura desportiva, tal como sempre soubemos ganhar neste percurso, também por mais que nos estivesse a doer soubemos perder e respeitar os adversários, a competição e todos os agentes desportivos envolvidos. Alcançámos todos os objetivos e demos uma motivação a todos quantos fazem desporto jovem em Angola para seguir em frente ultrapassando as dificuldades do quotidiano. Etapa concluída. Seguimos em frente para novos desafios.


Saiu das seleções jovens de Angola com sentimento de missão cumprida?
Absolutamente.

Como foi ter de sair do Brasil logo após a eliminação da seleção sub-17 para assumir na altura de forma provisória a seleção principal, tendo menos de 15 dias para preparar o grupo?
A FAF tem vindo a fazer um esforço de evolução a vários níveis e um deles é evidente, a comunicação. Na minha primeira data FIFA a liderar a seleção AA, nos jogos de qualificação para a fase de grupos do apuramento do Campeonato do Mundo do Qatar 2022, fi-lo de forma provisória. Foi tudo muito repentino, desde a saída do anterior selecionador ao facto de eu estar envolvido no percurso do Campeonato do Mundo de sub-17. Aquando do início da fase de grupos de apuramento para o CAN dos Camarões 2021, já eu era oficialmente o selecionador nacional AA. Talvez a comunicação não tenha sido a melhor e essa dúvida tenha sido levantada. Na verdade, não foi fácil, pois tive uma elevada responsabilidade e um crescente exponencial de exigência. Sempre tivemos, eu e a minha equipa técnica, a noção disso. Traçámos os vários cenários possíveis e delineámos planos de intervenção em função dos acontecimentos que viessem a ocorrer. É verdade que no mesmo dia que chegámos do Campeonato do Mundo começámos a preparação com parte da Seleção AA, mas a convocatória já tinha sido feita e enviada para os jogadores e respetivos clubes no prazo regulamentar.
Pedro Gonçalves levou Angola aos oitavos do Mundial sub-17
Nesta última data FIFA ocorreram diversos fatores negativos em simultâneo que acabaram por resultar em duas derrotas.  Fizemos a nossa reflexão interna, apontando um conjunto de medidas a tomar no futuro. Espero que os diversos departamentos que contribuem para a performance desportiva direta ou indiretamente estejam cientes do quanto temos de melhorar. O produto final é evidentemente dentro do campo, mas existe uma enorme quantidade de atividades que contribuem para o sucesso que estão nos bastidores e são fundamentais. Por tudo isso temos uma premissa fundamental: “Quando vencemos, vencemos todos. Quando perdemos, perdemos todos”.

Como avalia até ao momento o seu trabalho como selecionador nacional dos Palancas Negras? Quais são as maiores dificuldades que enfrenta?
Considero que temos vindo a fazer um trabalho muito árduo e meritório no sentido de procurar aumentar a competitividade da seleção AA e simultaneamente introduzir gradualmente mais-valias da diáspora, bem como, jovens com potencial para poder fazer carreira internacional durante anos.  Temos mais de duas centenas de jogadores cadastrados que categorizámos e monitorizamos com pareceres técnicos. Tudo isto no quadro dos recursos que temos disponíveis e quando não os temos “desfazemo-nos” em criatividade para os alcançar. 
Ademais, as limitações de tempo de trabalho no campo são o principal óbice que temos de enfrentar, por isso é fundamental construir uma Seleção AA com os jogadores mais competitivos do momento, equilibrando com as bases estruturais do futuro a médio/longo prazo. Dispomos de recursos económicos limitados e exigentes, como tal mais uma vez a palavra chave é compromisso. Quem jogar por Angola tem de evidenciar talento, forma desportiva, cooperação e muita vontade, com entrega total. Todos os jogadores nos merecem o máximo respeito, porém, quem for chamado, mais do que exigir tem de vir para contribuir.


Como encara os desafios que a seleção terá pela frente, nomeadamente a qualificação para o CAN 2021 e para o Mundial 2022? Quais são as suas expectativas?
Naturalmente estamos num plano de exigência máxima em ambas as qualificações. Temos pela frente seleções que na atualidade possuem muito valor, constituídas quase exclusivamente por jogadores que jogam na Europa em competições de alto nível competitivo, ou fora da Europa, em colossos continentais africanos ou asiáticos. Sabemos o que temos de evoluir, sempre procurando equilibrar o nosso percurso, entre o que desejamos e os recursos que temos disponíveis. Na construção do plano de intervenção, este equilíbrio é vital, constante e limitador.

O que tem de mudar no futebol angolano para atingir um nível superior?
Essa questão considero ser o real ponto de partida para a médio/longo prazo o futebol angolano atingir patamares superiores.
Internamente, dentro do meu quadro de intervenção, tenho apontado um conjunto de medidas que em meu entender deveriam ser implementadas. Evidentemente que os recursos financeiros são muito importantes, mas algumas medida, não estão diretamente dependes de questões financeiras e outras até trariam retorno.
Não obstante o que já tem vindo a ser concretizado e o plano já existente para o futuro, considero fundamental que a FAF lidere um quadro de cooperação entre os vários representantes dos agentes envolvidos para delinear um macro plano de intervenção. Por outro lado, é fundamental que todos percebam que nem todas as medidas são observadas com reflexo imediato. Esse é o principal obstáculo à sua implementação.
Além de tudo isto, inevitavelmente agora com o Covid-19 tudo terá de ser novamente equacionado. Oxalá as medidas a implementar venham a ser oportunas perante a realidade.

Quais são as particularidades do futebol angolano que acha interessante?
Costuma-se dizer que “o Girabola é a alegria do povo” e é mesmo. Não obstante as dificuldades que alguns clubes passam ver a alegria contagiante dos seus jogadores e adeptos é qualquer coisa que registo com muito agrado.
Assinalo também que apesar de na atualidade dois clubes se distinguirem claramente dos demais ao nível da capacidade competitiva e dos recursos disponíveis, a história do futebol angolano revela que na maior parte do tempo sempre existiu muito equilíbrio. Já diversos clubes se sagraram campeões do Girabola e essa é uma riqueza histórica importante.
Gosto particularmente do ambiente de fair play com que a maioria dos jogos são disputados e do espírito de confraternização entre os agentes desportivos antes e depois da competição. Ver, por exemplo, os adeptos do 1.º de Agosto e do Petro de Luanda a apoiarem o rival nas competições africanas, inclusivamente com as camisolas dos seus clubes num ambiente de comunhão, é algo formidável e de aplaudir, porque hoje em dia é pouco frequente no mundo.


O que acha do nível competitivo e da qualidade do Girabola?
Bom, é a alegria do povo, mas parece que todos têm bem ciente que já teve uma maior competitividade. Desde que estou em Angola que praticamente só dois clubes lutam pelo título, destacando-se muito dos demais. Quando cheguei o Recreativo de Libolo sagrou-se campeão, mas nos últimos anos tem vindo a decair, tal como outros clubes de nomeada. A decalagem competitiva é muito acentuada e isso acaba por não favorecer ninguém. Além disso, por vezes as condições do terreno de jogo influenciam de tal maneira a qualidade do futebol que acaba por dar uma falsa sensação de equilíbrio entre as equipas. Sem dúvida que o Girabola terá de se adaptar aos tempos futuros, até porque existe a ideia do Presidente da FIFA de criar uma espécie de Superliga Africana e tanto 1.º Agosto como Petro já provaram ter condições para poderem vir a competir a esse nível. Naturalmente que, como selecionador de Angola, estou muito interessado em que os jogadores possam evoluir em competições exigentes que lhes permitam exteriorizar todo o seu potencial.


Entrevista realizada por Romilson Teixeira
















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