Pedro Gonçalves procura apurar Angola para o CAN 2021 |
Em entrevista divida em duas
partes (esta é a segunda, poder ler a primeira CLICANDO AQUI), o treinador português de 44 anos recorda o seu
trajeto de quase um quarto de século como treinador, nomeadamente o tempo que
passou na formação do Sporting, fala do estado atual do futebol
angolano e revela as expectativas para o futuro dos Palancas
Negras.
ROMILSON TEIXEIRA - Voltando à sua carreira como surgiu o convite para
deixar o Sporting e rumar ao 1° de Agosto? O que pensou quando surgiu esta
oportunidade?
PEDRO GONÇALVES - Na perspetiva
de concretizar a sua visão de criar uma Academia de Futebol referência em
África, o Presidente do 1.º Agosto, o general Carlos Hendrick, fez uma visita à
Academia
Sporting no sentido de observar e conhecer a orgânica de uma academia de
referência mundial. Curiosamente conheci o presidente nesse dia em que visitou
a Academia
na companhia do campeão Dionísio Castro, que, entretanto, também se veio a
tornar elemento do clube. Tive oportunidade de ter uma conversa informal na
qual me transmitiu em traços gerais a sua ideia para o 1.º Agosto. Incentivei-o
e desejei-lhe toda a sorte, mas nunca se colocou a hipótese de para lá ir trabalhar
até que o presidente contratou o então coordenador técnico da Academia
Sporting. Esse facto desencadeou o processo de mais profissionais
treinadores integrarem o projeto do 1.º Agosto. O que mais me seduziu e
desafiou foi a parte de me dedicar a um projeto novo e ambicioso, num ambiente
totalmente desconhecido para mim e com a hipótese de me dedicar a tempo inteiro
ao futebol. Fui o último elemento da equipa a vir para Angola,
pois fiz questão de concluir o meu contrato com o Sporting e só depois assumir
o compromisso com o 1.º Agosto. Felizmente tudo decorreu pelo melhor apesar de
algumas dificuldades iniciais. Com muita perseverança e resiliência tudo se
passou e revejo agora com agrado esses tempos.
Como foram as primeiras épocas em Angola?
Como foi a adaptação ao país? O que achou do país e do futebol
angolano?
Como já referi os primeiros
tempos foram árduos. Muito trabalho, muita desconfiança em relação aos métodos
de trabalho e às alterações implementadas, adicionando um conjunto de
burocracias associadas às dificuldades que, entretanto, a crise económica que Angola
atravessou implicou. Nesse tempo foi preciso ser muito forte psicologicamente
para superar, mas felizmente tudo se encaminhou da melhor forma. Os resultados
e a evolução significativa dos trabalhos tiveram sem dúvida o condão de
solidificar as medidas implementadas. A nível pessoal sempre fui bem tratado e
adorei conhecer Angola,
as suas gentes e paisagens naturais. Em relação ao futebol deparei-me com muito
potencial para explorar. Existe um conjunto de fatores que concorrem contra o
desenvolvimento do futebol
angolano, mas passo a passo tem-se conseguido fazer um caminho evolutivo e
promissor.
O que o futebol
angolano tem de diferente em relação ao futebol europeu?
Na generalidade as condições
ambientais. Desde do clima, às infraestruturas, além da dimensão económica que
influencia muito a logística de suporte às atividades e ainda a formação e
consequente competência dos recursos humanos. Além disso, tem sido feito um
esforço no sentido de tornar os regulamentos mais percetíveis por todos os
agentes desportivos, bem como quadros competitivos adequados e que proporcionem,
por um lado, a massificação da modalidade e, por outro, o desenvolvimento da
elite mais talentosa. Isto na prática traduz-se num futebol
angolano mais genuíno, onde os aspetos volitivos estão em constante
transcendência. O jogador
angolano da atualidade é fruto de todo o envolvimento e do seu biótipo.
Possui uma habilidade individual absolutamente invulgar, mas ainda revela
carências na dimensão física, interpretação de jogo, além de alguma inocência
dentro e fora de campo. Evidentemente refiro-me à generalidade.
O que significou para si trabalhar num clube histórico de Angola?
Como foi trabalhar na formação do 1º de Agosto?
O 1.º Agosto abriu-me as portas
para a minha primeira experiência laboral a tempo inteiro fora de Portugal.
Nunca tinha vindo a Angola,
nem ligação familiar existia com Angola.
Claro que por razões históricas Portugal e Angola
estão intimamente ligados e as notícias de Angola
em Portugal são constantes, pelo que sempre fui acompanhando com relativa
atenção o Girabola.
Contudo, foi uma grande surpresa para mim a dimensão do 1.º Agosto. É realmente
um dos expoentes máximos do desporto e da cultura em Angola
e em África, procurando a pouco e pouco cimentar a sua grandeza para além do
continente africano. Esta busca pelo crescimento e desenvolvimento permitiu que
tivesse vivido no clube momentos marcantes num momento de boost desportivo. O 1.º Agosto permitiu-me compreender a realidade
sociocultural e desportiva de Angola
e com isto crescer profissionalmente.
O que achou da academia do clube militar? O que acha sobre o projeto?
O 1.º Agosto é um clube grandioso,
que procura constantemente munir recursos infraestruturais e humanos a nível
superior para fazer jus à sua grandeza e visão. É preciso ser muito resiliente
e obstinado para manter todo o projeto mesmo em tempos de crise económica.
Nesse aspeto o presidente Carlos Hendrick teve e tem uma ação assinalável.
Como recebeu o convite para ser coordenador técnico e treinador nas
seleções jovens de Angola?
A coordenação técnica surgiu na
sequência dos trabalhos realizados na liderança da preparação e concretização
das equipas de sub-17 e sub-15 que participaram na COSAFA sub-17 e Jogos da
CPLP 2018, respetivamente. Tivemos um êxito assinalável e com perspetivas de
desenvolvimento futuro. Julgo que a competência evidenciada terá sido o
principal motivo que levou a direção da Federação
Angolana de Futebol (FAF) a designar-me para a função.
Teve condições favoráveis para fazer um bom trabalho?
Tive a principal, que foi a
matéria prima: jogadores ultra motivados, com elevada determinação em chegar
longe e revelar o seu potencial. Quanto às restantes condições e recursos,
essas são do conhecimento geral. As dificuldades são grandes, todavia existem
projetos que com o apoio da FIFA por certo as colmatarão. Queira Deus que o
Covid-19 passe o quanto antes e deixe as menores repercussões negativas possíveis.
Conte-nos como foi o percurso da seleção Sub-17, desde a COSAFA, CAN
até ao Mundial
do Brasil. Como viveu esta experiência? Quais foram as grandes dificuldades em
cada uma das competições?
Uma experiência fascinante que
começou a 23 de abril de 2018 e culminou a 5 de novembro de 2019. Fazendo a retrospetiva
do ponto em que começámos, o nosso percurso e onde chegámos confere-nos a todos
os que fizeram parte um sentimento de emoção elevado pela história que fizemos
no futebol jovem de Angola.
Registo com orgulho as dificuldades que passámos com os recursos existentes que
dispúnhamos quando iniciámos a preparação da COSAFA e em simultâneo dos Jogos
da CPLP com os sub-15, a pouca ou nenhuma crença que existia e as conquistas
incontestáveis que alcançámos.
Na COSAFA inclusive pela primeira
vez neste escalão, Angola
conseguiu ser campeã, logo quando a CAF mudou o quadro de qualificação para o CAN
e apenas o vencedor se qualificava. Vencemos de forma avassaladora, só com
vitórias, e fomos a equipa com mais golos marcados, menos sofridos e
unanimemente considerada com o melhor futebol e com jogadores de grande futuro.
A motivação manteve-se em alta, mesmo com críticas existentes de vários
quadrantes, que por vezes escamoteiam a realidade dos recursos que tínhamos
disponíveis. A participação no Torneio de Preparação UEFA-CAF no percurso para
o CAN
foi determinante para nós. Muitos procuraram desfazer do trabalho que vinha a
ser feito, em especial pelo facto de termos perdido os três jogos, mas
internamente sabíamos que era um torneio de preparação, no qual inclusivamente
não levámos jogadores chave, mas que nos permitiu desenvolver competitivamente
a equipa e interpretar de forma mais adequada a competição que tínhamos pela
frente.
Para o CAN
tínhamos um objetivo exigente e que nunca tinha sido alcançado ao nível dos sub-17,
a qualificação para o Campeonato
do Mundo. A coesão da equipa
associada ao talento e à disciplina dos nossos jogadores permitiu superar as
dificuldades e atingir um patamar mais uma vez único no futebol jovem angolano.
Assinalo mais uma vez com orgulho que o Conselho Técnico da CAF nos atribui a
designação de equipa que praticou melhor futebol, com jogadores promissores e
que inclusivamente foi a única equipa a jogar com 20 jogadores dos 21 convocados
- o terceiro guarda-redes não teve oportunidade de competir -, portanto a
equipa que utilizou mais jogadores. Além disso, vencemos o prémio fair play pela postura que evidenciámos
dentro e fora do campo. Foi fantástico competir ao nível que competimos e
termos todas estas distinções. No total, apenas perdemos um jogo no tempo
regulamentar, perante a poderosa Nigéria, que depois vencemos no último jogo. E
em ambos os jogos jogámos praticamente as segundas partes reduzidos a dez
elementos em campo.
Pedro Gonçalves acredita no potencial do jogador angolano |
Esta evolução deu-nos muita força
e motivação para o Campeonato
do Mundo, no qual, malgrado algumas peripécias que levaram algum desfoque
no início da preparação, fizemos uma excelente preparação. Mais uma vez explorando
ao máximo os recursos disponíveis. Importante que haja a consciencialização que,
comparativamente à maioria das seleções presentes no Mundial,
os nossos recursos disponíveis eram exíguos, porém tínhamos o melhor recurso,
como já disse anteriormente, a matéria prima: os nossos jogadores.
Estar pela primeira vez no Campeonato
do Mundo e defrontar seleções muito mais experientes e acostumadas a estas participações
não se antevia tarefa fácil, contudo tínhamos como objetivo passar a fase de
grupos. A seguir, tudo que viesse seria a somar. Alcançámos os nossos objetivos
competitivos e provámos internacionalmente a qualidade dos nossos jogadores, inclusivamente
perante o Brasil, equipa da casa, no jogo que discutimos o vencedor do grupo,
não tivemos problema em fazer sete alterações em relação à equipa que vinha a
ser titular e entrámos em campo com seis jogadores de primeiro ano, perante uma
poderosa equipa que acabou por ser mais uma vez campeã e que nesse jogo
competiu com o seu onze titular, não promovendo uma única alteração, mesmo já
estando ambas as seleções qualificadas para a fase seguinte, o que julgo ser
revelador do respeito que alcançámos. No jogo dos oitavos-de-final defrontámos
uma seleção poderosa que inclusive no escalão de sub-20 são os atuais
vice-campeões mundiais. Parece-me que em Angola
não existe bem a perceção da evolução nos últimos 20 anos do futebol coreano e
da quantidade de recursos que dispõe para evoluir os seus jogadores. Pelo facto
de enaltecer a valia adversária em nada evidencia que não pretendíamos
suplanta-los, aliás, fizemos um jogo bastante competente no qual fomos
fortemente penalizados com um erro que deu origem ao golo adversário. Em
especial na segunda parte asfixiamos o adversário em especial nos últimos 15
minutos. Lutámos até à exaustão e só por manifesta infelicidade e também por
alguma matreirice adversária não chegámos ao golo. Mesmo no momento da
eliminação fiquei orgulhoso pela equipa. Lutámos com bravura, honrámos a nação angolana
e o seu desporto e futebol. Mais uma vez demos um exemplo de postura
desportiva, tal como sempre soubemos ganhar neste percurso, também por mais que
nos estivesse a doer soubemos perder e respeitar os adversários, a competição e
todos os agentes desportivos envolvidos. Alcançámos todos os objetivos e demos
uma motivação a todos quantos fazem desporto jovem em Angola
para seguir em frente ultrapassando as dificuldades do quotidiano. Etapa
concluída. Seguimos em frente para novos desafios.
Saiu das seleções jovens de Angola
com sentimento de missão cumprida?
Absolutamente.
Como foi ter de sair do Brasil logo após a eliminação da seleção sub-17
para assumir na altura de forma provisória a seleção principal, tendo menos de
15 dias para preparar o grupo?
A FAF
tem vindo a fazer um esforço de evolução a vários níveis e um deles é evidente,
a comunicação. Na minha primeira data FIFA a liderar a seleção
AA, nos jogos de qualificação para a fase de grupos do apuramento do Campeonato
do Mundo do Qatar 2022, fi-lo de forma provisória. Foi tudo muito repentino,
desde a saída do anterior selecionador ao facto de eu estar envolvido no
percurso do Campeonato
do Mundo de sub-17. Aquando do início da fase de grupos de apuramento para
o CAN
dos Camarões 2021, já eu era oficialmente o selecionador nacional AA. Talvez a
comunicação não tenha sido a melhor e essa dúvida tenha sido levantada. Na
verdade, não foi fácil, pois tive uma elevada responsabilidade e um crescente
exponencial de exigência. Sempre tivemos, eu e a minha equipa técnica, a noção
disso. Traçámos os vários cenários possíveis e delineámos planos de intervenção
em função dos acontecimentos que viessem a ocorrer. É verdade que no mesmo dia
que chegámos do Campeonato
do Mundo começámos a preparação com parte da Seleção
AA, mas a convocatória já tinha sido feita e enviada para os jogadores e
respetivos clubes no prazo regulamentar.
Pedro Gonçalves levou Angola aos oitavos do Mundial sub-17 |
Como avalia até ao momento o seu trabalho como selecionador nacional
dos Palancas Negras? Quais são as maiores dificuldades que enfrenta?
Considero que temos vindo a fazer
um trabalho muito árduo e meritório no sentido de procurar aumentar a
competitividade da seleção
AA e simultaneamente introduzir gradualmente mais-valias da diáspora, bem
como, jovens com potencial para poder fazer carreira internacional durante
anos. Temos mais de duas centenas de
jogadores cadastrados que categorizámos e monitorizamos com pareceres técnicos.
Tudo isto no quadro dos recursos que temos disponíveis e quando não os temos
“desfazemo-nos” em criatividade para os alcançar.
Ademais, as limitações de tempo
de trabalho no campo são o principal óbice que temos de enfrentar, por isso é
fundamental construir uma Seleção
AA com os jogadores mais competitivos do momento, equilibrando com as bases
estruturais do futuro a médio/longo prazo. Dispomos de recursos económicos
limitados e exigentes, como tal mais uma vez a palavra chave é compromisso.
Quem jogar por Angola
tem de evidenciar talento, forma desportiva, cooperação e muita vontade, com
entrega total. Todos os jogadores nos merecem o máximo respeito, porém, quem
for chamado, mais do que exigir tem de vir para contribuir.
Como encara os desafios que a seleção terá pela frente, nomeadamente a
qualificação para o CAN
2021 e para o Mundial
2022? Quais são as suas expectativas?
Naturalmente estamos num plano de
exigência máxima em ambas as qualificações. Temos pela frente seleções que na
atualidade possuem muito valor, constituídas quase exclusivamente por jogadores
que jogam na Europa em competições de alto nível competitivo, ou fora da
Europa, em colossos continentais africanos ou asiáticos. Sabemos o que temos de
evoluir, sempre procurando equilibrar o nosso percurso, entre o que desejamos e
os recursos que temos disponíveis. Na construção do plano de intervenção, este
equilíbrio é vital, constante e limitador.
O que tem de mudar no futebol
angolano para atingir um nível superior?
Essa questão considero ser o real
ponto de partida para a médio/longo prazo o futebol
angolano atingir patamares superiores.
Internamente, dentro do meu
quadro de intervenção, tenho apontado um conjunto de medidas que em meu
entender deveriam ser implementadas. Evidentemente que os recursos financeiros
são muito importantes, mas algumas medida, não estão diretamente dependes de
questões financeiras e outras até trariam retorno.
Não obstante o que já tem vindo a
ser concretizado e o plano já existente para o futuro, considero fundamental
que a FAF
lidere um quadro de cooperação entre os vários representantes dos agentes
envolvidos para delinear um macro plano de intervenção. Por outro lado, é
fundamental que todos percebam que nem todas as medidas são observadas com
reflexo imediato. Esse é o principal obstáculo à sua implementação.
Além de tudo isto,
inevitavelmente agora com o Covid-19 tudo terá de ser novamente equacionado.
Oxalá as medidas a implementar venham a ser oportunas perante a realidade.
Quais são as particularidades do futebol
angolano que acha interessante?
Costuma-se dizer que “o Girabola
é a alegria do povo” e é mesmo. Não obstante as dificuldades que alguns clubes
passam ver a alegria contagiante dos seus jogadores e adeptos é qualquer coisa
que registo com muito agrado.
Assinalo também que apesar de na atualidade
dois clubes se distinguirem claramente dos demais ao nível da capacidade
competitiva e dos recursos disponíveis, a história do futebol
angolano revela que na maior parte do tempo sempre existiu muito
equilíbrio. Já diversos clubes se sagraram campeões do Girabola
e essa é uma riqueza histórica importante.
Gosto particularmente do ambiente
de fair play com que a maioria dos
jogos são disputados e do espírito de confraternização entre os agentes
desportivos antes e depois da competição. Ver, por exemplo, os adeptos do 1.º
de Agosto e do Petro de Luanda a apoiarem o rival nas competições africanas,
inclusivamente com as camisolas dos seus clubes num ambiente de comunhão, é
algo formidável e de aplaudir, porque hoje em dia é pouco frequente no mundo.
O que acha do nível competitivo e da qualidade do Girabola?
Bom, é a alegria do povo, mas
parece que todos têm bem ciente que já teve uma maior competitividade. Desde
que estou em Angola
que praticamente só dois clubes lutam pelo título, destacando-se muito dos
demais. Quando cheguei o Recreativo de Libolo sagrou-se campeão, mas nos
últimos anos tem vindo a decair, tal como outros clubes de nomeada. A decalagem
competitiva é muito acentuada e isso acaba por não favorecer ninguém. Além
disso, por vezes as condições do terreno de jogo influenciam de tal maneira a
qualidade do futebol que acaba por dar uma falsa sensação de equilíbrio entre
as equipas. Sem dúvida que o Girabola
terá de se adaptar aos tempos futuros, até porque existe a ideia do Presidente
da FIFA de criar uma espécie de Superliga Africana e tanto 1.º Agosto como
Petro já provaram ter condições para poderem vir a competir a esse nível.
Naturalmente que, como selecionador de Angola,
estou muito interessado em que os jogadores possam evoluir em competições
exigentes que lhes permitam exteriorizar todo o seu potencial.
Entrevista realizada
por Romilson Teixeira
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