quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Faltará um psicólogo na Academia?


Não existem dúvidas que a Academia do Sporting é uma das melhores do mundo. Ainda recentemente, a Beacher Report colocou-a em 2º lugar, apenas atrás de La Masia, casa dos escalões de formação do Barcelona.

 A lista de bons jogadores formados pelo conjunto lisboeta é interminável, mas nem sempre a boa formação futebolística parece estar ligada a uma boa formação humanística.

São vários os casos de craques que depois de terem passado muitos anos de verde e branco, nas camadas jovens, têm comportamentos condenáveis contra o clube.

Paulo Futre foi um pioneiro nesta área. Com apenas 18 anos, depois de ter cumprido uma época na equipa sénior, transferiu-se para o rival FC Porto. A versão contada pelo próprio foi de que lhe estava agendado um empréstimo à Académica, e que entretanto apareceu o convite de Pinto da Costa. Outras versões apontam para um aumento de ordenado negado ao montijense como a origem da saída.

Nove anos mais tarde esteve perto de regressar a Alvalade, mas acabou por ingressar no… Benfica.  Futre culpou Sousa Cintra, por não o ter ido buscar ao aeroporto. Já o antigo dirigente leonino afirma que o antigo craque do Atlético Madrid tinha feito exigências financeiras à última da hora.

Da mesma geração que Rui Costa, mas mais conceituado, Luís Figo foi outro dos meninos criados no Sporting. Sempre se falou de um regresso a Alvalade no final da carreira, mas o almadense nunca mais vestiu de leão ao peito, e foram raras as demonstrações de carinho a uma casa que durante tantos anos foi a sua. No final de 2006, pelo Inter de Milão, num encontro frente aos verde e brancos, foi visto a festejar efusivamente um dos golos dos nerazzurri.

Mais na tarde, por altura da viragem do milénio, Simão Sabrosa trocou Alvalade por Camp Nou, onde esteve duas temporadas. A aventura no Barcelona não correu tão bem quanto se esperaria, e o extremo ingressou no Benfica. O atleta transmontano não revelou o salário que iria auferir na Luz, algo que fazia parte do acordo da sua transferência para os blaugrana, e criou um problema judicial com os leões.

Em Abril de 2002, quando a sua primeira época pelos encarnados estava perto de findar, antes de um derby declarou que gostava de roubar o título ao Sporting. Tendo em conta que matematicamente o Benfica já não poderia ser campeão, estas declarações caíram mal na direção leonina. Enquanto atleta e capitão das águias, marcou várias vezes aos verde e brancos, e nunca sentiu constrangimentos na hora de festejar os golos.

No século XXI foram vários e variados os comportamentos condenáveis dos jovens “leõezinhos”. A eterna promessa Fábio Paim esteve mais concentrada em se divertir com os amigos e levar uma vida agitada foram dos relvados do que em jogar futebol. Diziam, na altura, que iria ser melhor que Cristiano Ronaldo.

Como capitão de equipa, no defeso de 2008, João Moutinho mostrou publicamente vontade de rumar ao Everton, e dois anos mais tarde, foi apelidado por José Eduardo Bettencourt como maçã podre após ter forçado a saída para o FC Porto.

Miguel Veloso recusou-se a jogar a lateral-esquerdo com Paulo Bento, proferiu algumas declarações polémicas e teve um rendimento inconstante em 2009. O peso a mais que tinha na altura, também era tema de conversa.

Em maio de 2012, Adrien Silva, na sua segunda temporada de empréstimo à Académica, venceu a Taça de Portugal pelos coimbrenses, diante do Sporting, festejou efusivamente, e na hora do regresso a Alvalade, foi adiando constantemente a sua renovação. O rendimento desportivo, em 2012/13, também esteve muito abaixo do esperado.

Em 2013, Bruma constituiu a novela de verão.

Mais recentemente foi Rúben Semedo, jogador que vinha a treinar regularmente com a equipa principal, a ser apanhado a conduzir sem carta. Depressa foi despromovido aos bês pela direção leonina.

Indiscutivelmente, o Sporting tem uma das melhores academias do planeta. A qualidade técnica, física e tática de quem lá sai é incontestável, e a seleção nacional tem agradecido. Mas o que faltará para que os jogadores sintam mais apreço por quem os formou? O que faltará para manterem-se mais anos na equipa principal e proporcionarem ao clube os desejados retornos desportivo e financeiro? 

4 comentários:

  1. Bom dia David - Bom ano 2014
    Existem construções que me parecem valer a pena. Não defendo o luxo mas a qualidade e o bom gosto. Penso que o investimento na área desportiva é uma aposta numa sociedade mais justa e equilibrada. Os jogos são as cores que outro defendem...

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  2. Penso que sim. Falta um Psicólogo. Mas terá que ser também Sportinguista e com valores de vida devidamente comprovados.

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  3. Boa tarde,

    Agradeço desde já o comentário no artigo do Planeta Desportivo.

    A questão aqui tratada é um pouco diferente da referida por mim, mas tem pontos em comum.

    Principalmente a desvalorização da Academia, e de agentes que podem contribuir para elevar o nível da formação. Claro que psicólogos competentes e com vocação para a área desportiva fazem imensa falta ao Sporting, não tanto para tratar questões de carácter, que são a maioria das que refere, mas principalmente questões de rendimento desportivo, algo que foi claramente notório no caso de Fábio Paím, onde um maior acompanhamento teria sido benéfico para o atleta. Mas muitas pessoas que trabalhavam bem esse aspecto no Sporting saíram, pelo facto de o clube não lhes querer sequer pagar. E aí se vê quais as prioridades de quem comanda. Daí a questão levantada por mim, mas tenho esperança de que a direção vire novamente a "seta" no sentido da Academia e arranje as pessoas certas para os lugares certos.

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