Dirk Kuyt e Hugo Viana no jogo da primeira mão, em Alvalade |
Recuemos à época 2004-05. O
Sporting de José Peseiro perseguia o sonho de ganhar a Taça UEFA em casa,
uma vez que a final se realizava no Estádio José Alvalade. Pela frente, nos 16
avos de final da prova, tinha os holandeses do Feyenoord, que
já tinha defrontado meses antes num torneio de pré-época em Newcastle, com
vitória por 4-3 nas grandes penalidades após 1-1 ao cabo dos 90 minutos.
A equipa de Roterdão tinha
vencido a competição três anos antes e era (e ainda é) um nome importante no
futebol europeu, uma vez que no palmarés tem uma Taça dos Campeões Europeus e
mais de uma dezena de campeonatos da Holanda. Em quarto lugar na liga holandesa
à data da primeira mão, o Feyenoord era orientado por Ruud Gullit, um ícone do
futebol do país das tulipas. Na equipa figuravam nomes como Dirk Kuyt e Salomon
Kalou, que haveriam de se tornar nomes importantes no mundo do futebol.
Já o Sporting mostrava-se capaz
do melhor e do pior. Basta dizer que, três dias antes, tinha goleado o Rio Ave
em casa por 5-0. Mas na semana anterior tinha perdido nos Barreiros diante do
Marítimo por 0-3. Como o campeonato dessa época estava transformado numa
caixinha de surpresas, o Sporting estava igualado com FC Porto, Benfica e
Boavista na liderança, todos com 38 pontos. E o Sp. Braga aparecia logo a
seguir, com menos um.
No primeiro jogo da eliminatória,
em Alvalade, as coisas começaram a correr mal ao Sporting. Já depois de Hugo
Viana ter acertado na trave, o belga Bart Goor aproveitou uma bola perdida na
área leonina para inaugurar o marcador para a equipa holandesa (11 minutos),
que contava com o lateral esquerdo português Bruno Basto no onze inicial.
Os verde e brancos não demoraram muito a
responder e chegaram ao empate aos 22 minutos, por Custódio, a introduzir a
bola no fundo das redes na sequência de um lance confuso na área do Feyenoord
(22’). Ainda na primeira parte, Sá
Pinto colocou a bola na cabeça de Liedson através de um cruzamento
milimétrico e o levezinho cabeceou para o interior da baliza da formação de
Roterdão (36’).
Na segunda parte, nem um golo
para amostra. O facto mais relevante foi a expulsão de Custódio, por acumulação
de amarelos (65’). E assim, a vantagem leonina parecia curta, conforme deu
conta o Diário de Notícias no dia
seguinte: “Vantagem curta. Resultado é escasso para um Sporting que foi sempre
melhor, mesmo com dez.”
Uma semana depois, no De Kuip,
estádio conhecido como a banheira de Roterdão, quem levou um valente banho foi
a equipa da casa. Pouco depois de se concluir uma hora de jogo, Liedson surgiu
desmarcado na cara de Lodewijks e, com um chapéu sensacional, deu vantagem à
equipa portuguesa (62’).
A seguir ao golo, os adeptos holandeses sentiram-se
provocados, alguns invadiram o campo e o jogo esteve interrompido durante
vários minutos. Essa é uma das principais memórias que retenho desta
eliminatória, logo a seguir aos resultados.
Outra memória inesquecível foi um
fantástico golo de Rochemback depois de o jogo ter sido reatado. Na execução de
um livre direto, o médio brasileiro disparou uma bomba que só parou na baliza
adversária, aos 83 minutos.
Nicky Hofs ainda reduziu para os
holandeses (89’), mas seriam necessários mais dois golos para o Feyenoord
seguir em frente. Mas, já se previa, não havia tempo para isso. “Às portas do
céu… Comedido, autoritário e sem se esquecer de que iniciava o jogo a ganhar
(pelo 2-1 em Alvalade), o leão esteve no Paraíso… no Inferno de Roterdão. João
Moutinho foi enorme, Liedson resolveu, Rochemback confirmou: a final da
Taça UEFA não é uma miragem”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte.
Nessa mesma campanha na Taça
UEFA, o Sporting teve mais um duplo confronto memorável com uma equipa
holandesa, o AZ Alkmaar. Após uma vitória por 2-1 em Alvalade, os leões
perderam por 3-2, mas conseguiram marcar o segundo e decisivo golo já no tempo
de compensação, por Miguel
Garcia, que ficará para sempre conhecido como o herói de Alkmaar.
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