Capucho perante um oponente helvético |
Falar do
primeiro jogo que tenho memória entre o FC Porto e equipas suíças
é sinónimo de recuar até ao início da temporada de 2001-02, uma
época que não correu bem aos azuis e brancos mas que serviu para
fazer a ponte entre dois períodos ganhadores do clube, após a saída
de Fernando Santos e antes da entrada de José
Mourinho. Pelo meio, já sem jogadores com alguma importância
como Aloísio, Drulovic, Esquerdinha ou Chaínho e ainda com Vitor
Baía lesionado durante um largo período, sentou-se no banco
portista Octávio Machado.
Uma das
primeiras missões do palmelão foi precisamente a qualificação
para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Na segunda
pré-eliminatória, goleou em casa os galeses do Barry Town por 8-0 e
deu-se ao luxo de perder por 1-3 no País de Gales. Na ronda
decisiva, encontrou o Grasshopper, que naquela altura tinha hegemonia
na Suíça, tendo vencido cinco dos sete últimos campeonatos. No
plantel dos gafanhotos, os nomes mais conhecidos eram os do
guarda-redes do Liechtenstein, Peter Jehle, que anos mais tarde
haveria de passar pelo Boavista; o médio senegalês Papa Bouba Diop,
que meses
depois chocou o mundo ao apontar o golo que deu a vitória à sua
seleção diante da campeã mundial e europeia França no jogo
inaugural do Mundial 2002; e o já veterano avançado Stéphane
Chapuisat, uma lenda do futebol suíço.
Sinceramente,
não me recordo de ter assistido aos dois jogos, mas lembro-me
perfeitamente de terem acontecido e dos seus resultados, só não
conseguia precisar qual tinha sido nas Antas e qual em Zurique.
Felizmente,
há toda uma Internet para me auxiliar. No primeiro jogo, empate a
dois golos na Invicta, uma surpresa atendendo à diferença de
estatutos das duas formações. O médio paraguaio Carlos Paredes
inaugurou o marcador para os azuis e brancos logo aos 6 minutos, o
uruguaio Richard Nuñez (50') e o croata Mladen Petric (57') deram a
volta no início da segunda parte, mas o recém-entrado Hélder
Postiga, então um jovem com 19 anos acabados de completar,
restabeleceu a igualdade aos 59'. Foi o primeiro golo do avançado
pela equipa principal dos dragões, que quatro dias antes tinham
batido o Boavista na decisão da Supertaça.
“Salvou-se
o miúdo. O FC Porto partiu para esta eliminatória como favorito,
mas deixou que os papéis se invertessem, pois agora está obrigado a
ir jogar para ganhar na Suíça para estar na Liga dos Campeões.
Ganhar no terreno do Grasshoppers não será nem fácil nem uma coisa
de outro mundo”, escreveu O Jogo no dia seguinte.
A segunda
mão não foi propriamente um passeio pelos Alpes, mas o FC Porto conseguiu impor
a lei do mais forte. Clayton
(14') e Capucho (43') colocaram os dragões a vencer por 2-0 ao
intervalo, Petric reduziu à entrada da reta final (78'), mas Deco
sentenciou a eliminatória logo a seguir (80'). Chapuisat ainda
reduziu para os helvéticos não evitaram a derrota por 2-3.
“De faca
na Liga. Um FC Porto igual mas diferente ao da primeira mão garantiu
ontem uma vitória esclarecedora sobre o Grasshoppers. Deco atuou até
ao fim, Nuñez e Morales nunca conseguiram jogar e Octávio Machado
cumpriu, perante milhares de emigrantes portugueses, uma promessa
feita há duas semanas: O FC Porto está na Liga dos Campeões”,
podia ler-se na edição do dia seguinte do jornal O Jogo.
Entre os
dois encontros da eliminatória, os azuis e brancos perderam em
Alvalade no arranque do campeonato (0-1) e golearam em casa o
Boavista (4-1) na 2.ª jornada.
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