Pedro Duarte treinou o Eléctrico em 2017/18 |
Única equipa da I Distrital ainda
em prova na Taça de Portugal, o União de Santiago do Cacém terá de esperar mais
uma semana para iniciar o campeonato, logo com um dérbi do Litoral Alentejano
em Sines diante do Vasco da Gama, a contar para a 2.ª jornada – receção ao
Fabril da primeira ronda foi adiada para 1 de novembro. Antes, uma viagem de
avião até à Pérola do Atlântico para defrontar o União da Madeira para a prova
rainha do futebol português.
Diante de um conjunto insular recém-despromovido
da II Liga, mas que tem sentido dificuldades para se afirmar no Campeonato de
Portugal, o treinador Pedro Duarte quer prosseguir o objetivo de “ir o mais
longe na Taça” e concretizar o sonho de todos os santiaguenses: “Gostaria que
nos calhasse um Sporting, um Benfica ou um FC Porto, algum grande em Santiago
do Cacém. Aquela região e aquela cidade merecem a visita de um grande, um dia
de festa, um dia diferente.”
A ambição do emblema que atua no Estádio
Municipal Miróbriga é extensível ao campeonato. Depois de muitos anos nos nacionais
entre a década de 1970 e o início do milénio, desde 2005 que o U. Santiago vive
mergulhado nos distritais, tendo inclusivamente passado pela II Divisão da
Associação de Futebol de Setúbal entre 2011 e 2013. Pese a presença na final da Taça AFS na época
passada, o 14.º e antepenúltimo lugar no campeonato é algo que os responsáveis
do clube querem evitar repetir.
“O objetivo do U. Santiago é
acabar entre os cinco primeiros lugares, de onde tem estado afastado nos
últimos anos [desde 2014/15]. Mas se em determinada fase do campeonato
estivermos nessa zona, iremos ambicionar os três primeiros. Mas ficar nos cinco
primeiros foi o que foi pedido a esta equipa técnica”, revelou o técnico da
formação alentejana, 46 anos, em conversa com O Blog do David.
“Outsider? Não vou muito por aí”
A ação do U. Santiago no defeso,
com a contratação de alguns jogadores habituados a patamares competitivos mais
elevados, tem colocado em sentido a concorrência, que aponta o finalista
vencido da última edição da Taça AFS como outsider
na luta pelo título, mas Pedro Duarte rejeita esse rótulo. “Não vou muito por
aí, porque o U. Santiago acabou por se reforçar mais do que estava à espera”, começou
por explicar, referindo-se às saídas de André Oliveira, Cuca e Luís Varela.
U. Santiago continua em prova na Taça de Portugal |
O guarda-redes Vítor Rodrigues (ex-Oystese,
da Noruega), o defesa Ety (ex-Atlético do Cacém) e o
lateral/extremo/médio ofensivo Lucas Bridey (ex-Eléctrico) foram algumas das
aquisições, porém, o novo treinador dos santiaguenses considera que o conjunto
que orienta não teve “reforços sonantes ao ponto de ser visto como um candidato
ao título, mas apenas para subir uns bons degraus e estar numa situação
confortável”.
Pedro Duarte frisa que “a base do
plantel é a da época passada” e que tem estado a “quatro juniores e três
ex-juniores” nos trabalhos. “Estamos a apostar bastante na formação. É o lema
do clube e um caminho a que o clube quer dar continuidade. Como até determinada
altura fui treinador na formação, gosto de potenciar jovens. Era o perfil de
treinador que procuravam e foram essas as condições que aceitei”, salientou,
entusiasmado com “jovens como Tiago Madeira, Jefri, Pedro Chico, Pedro Costa e
os guarda-redes João Correia e Martim”.
É com estes jogadores que o
ex-treinador do Eléctrico de Ponte de Sor tem implementado as suas ideias. “O
objetivo é que haja intensidade nos treinos, cumprimento de horários,
disciplina e organização. Estamos a melhorar nesses processos. Nota-se a união
e o compromisso dos jogadores. Raramente falta um jogador ao treino, só por
motivos profissionais, porque há dois ou três que trabalham por turnos. Vejo-os
empenhados e dizem que estão a gostar dos métodos. O União vai crescer mais
cedo ou mais tarde, porque precisa de vitórias para alimentar o nosso esforço
durante a semana. Vamos colher tudo o que estivemos a semear durante este mês e
meio”, vaticinou.
Rejeitou Campeonato de Portugal para abraçar projeto do U. Santiago
Treinador há cerca de 15 anos,
Pedro Duarte tem feito a sua carreira essencialmente em clubes do distrito de
Lisboa. A exceção foi o Eléctrico (AF Portalegre) na época passada, no
Campeonato de Portugal. Esta temporada voltou a afastar-se cerca de 150
quilómetros da sua zona de conforto, mas para abraçar o projeto do União de
Santiago do Cacém.
“Tive um convite do Campeonato de
Portugal para um projeto de lutar pela permanência, mas no ano passado tive uma
experiência que não foi positiva nesse contexto. Não são assim tantos
quilómetros e tenho onde ficar porque a minha vida como comercial independente
me permite ter essa facilidade de pernoitar em Santiago do Cacém, pois a minha
zona geográfica de trabalho vai de Caldas da Rainha ao Algarve. Conheço bem a
estrada”, contou o antigo técnico do Damaiense, Ericeirense, Coutadas, Odivelas
e camadas jovens do Torreense, entre outros.
Agora, já com algum tempo de casa
no Miróbriga e quatro jogos da Taça AFS disputados, o treinador de 46 anos já
se atreve a comparar o futebol da I Distrital de Setúbal e do equivalente
Pro-Nacional de Lisboa. “O futebol de Setúbal parece-me ser um futebol
diferente do Pro-Nacional de Lisboa, mais físico e não tão técnico, com equipas
que utilizam mais a agressividade (no bom sentido), a atitude, o querer, a
vontade, o futebol direto, procuram muito a profundidade nas costas do
adversário e dificultam muito a equipa que quer jogar um futebol trabalhado. Há
menos espaço para jogar. No Pró-Nacional o futebol é mais trabalhado e mais
jogado, em que 10 das 18 equipas disputam a subida ao campeonato nacional.
Aqui, pelo que vou sabendo, há três ou quatro equipas que vão lutar para o
primeiro lugar e que fogem um pouco do estilo que identifiquei, como o Fabril e
o Oriental Dragon, que são candidatos, e o Vasco da Gama, com vários anos com o
mesmo núcleo duro e bem orientado por Vítor Madeira”, explicou, apurado para a fase seguinte da Taça AFS ao terminar a Série A, considerada a mais complicada, na segunda posição, atrás do Fabril e à frente de Sesimbra, Charneca de Caparica e Moitense.
Os últimos dias do U. Santiago ficaram marcados pelo anúncio das saídas de quatro jogadores, Alex, João Borrego, Tabaluxa e Bernardo Marques, devido a redução de custos. Fomos à procura de explicações e chegámos à fala com o recém-empossado presidente, João Santos.
"Ainda com a anterior direção, surgiu um possível parceiro, uma empresa de agenciamento de jogadores, que tinha interesse em colocar alguns atletas no U. Santiago, numa parceria em que o clube teria custos reduzidos com esses jogadores. Mas o que se verificou em determinada altura foi que houve demasiada boa-fé por parte do clube, porque esse acordo foi feito sem estar nada escrito. Ou seja, os jogadores estavam no clube, mas a parte do acordo que deveria estar a ser cumprida por esse parceiro, não estava. Nós, sendo um clube pequeno e com um orçamento ao cêntimo, tivemos de refazer o orçamento, perceber quais os atletas que podiam despontar e ter uma conversa sincera com os outros. Dissemos o que se passava e esses quatro acabaram por sair, porque o clube não tinha orçamento para suportar uma criança que lhe tinha sido deixada nos braços”, narrou o novo líder do clube, eleito a 8 de outubro, e ex-diretor desportivo da escola de futebol do emblema santiaguense.
Apesar da redução de custos com o plantel, assegura João Santos, o objetivo continuar a passar pelos lugares cimeiros. "A I Distrital é sempre um campeonato competitivo e o nosso objetivo passa sempre por andarmos pelos lugares cimeiros, como há duas épocas [6.º lugar]. Só depois de alguns jogos é que poderemos ter um objetivo mais real. Mas pelo que tenho visto, acredito plenamente que temos condições para andarmos pelos cinco primeiros lugares. Acreditamos que os jogadores que ficaram nos dão garantias de alcançar esse objetivo", vaticinou, a sonhar com uma gracinha na Madeira, no domingo: "Taça é Taça. Por vezes as surpresas acontecem, mas será um jogo complicado, porque o União da Madeira construiu a equipa com os olhos postos na subida à II Liga."
Quatro saídas não obrigam a redefinição de objetivos
Novo presidente João Santos eleito a 8 de outubro |
"Ainda com a anterior direção, surgiu um possível parceiro, uma empresa de agenciamento de jogadores, que tinha interesse em colocar alguns atletas no U. Santiago, numa parceria em que o clube teria custos reduzidos com esses jogadores. Mas o que se verificou em determinada altura foi que houve demasiada boa-fé por parte do clube, porque esse acordo foi feito sem estar nada escrito. Ou seja, os jogadores estavam no clube, mas a parte do acordo que deveria estar a ser cumprida por esse parceiro, não estava. Nós, sendo um clube pequeno e com um orçamento ao cêntimo, tivemos de refazer o orçamento, perceber quais os atletas que podiam despontar e ter uma conversa sincera com os outros. Dissemos o que se passava e esses quatro acabaram por sair, porque o clube não tinha orçamento para suportar uma criança que lhe tinha sido deixada nos braços”, narrou o novo líder do clube, eleito a 8 de outubro, e ex-diretor desportivo da escola de futebol do emblema santiaguense.
Apesar da redução de custos com o plantel, assegura João Santos, o objetivo continuar a passar pelos lugares cimeiros. "A I Distrital é sempre um campeonato competitivo e o nosso objetivo passa sempre por andarmos pelos lugares cimeiros, como há duas épocas [6.º lugar]. Só depois de alguns jogos é que poderemos ter um objetivo mais real. Mas pelo que tenho visto, acredito plenamente que temos condições para andarmos pelos cinco primeiros lugares. Acreditamos que os jogadores que ficaram nos dão garantias de alcançar esse objetivo", vaticinou, a sonhar com uma gracinha na Madeira, no domingo: "Taça é Taça. Por vezes as surpresas acontecem, mas será um jogo complicado, porque o União da Madeira construiu a equipa com os olhos postos na subida à II Liga."
Sem comentários:
Enviar um comentário