quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Arranca esta quarta-feira a regata que promove a portugalidade

Regata de Portugal vai decorrer com vista priveligiada
Vela, gastronomia, música, arte urbana, portugalidade, mar e (se o São Pedro ajudar) sol. É este o cardápio da primeira edição da Regata de Portugal, um evento do circuito internacional da modalidade [World Match Racing Tour] e que contará com os melhores velejadores do mundo, mas que não se esgota na parte desportiva. A ideia, como o diretor do certame Francisco Mello e Castro referiu na apresentação de 6 de setembro, é "massificar a vela e torná-la" cool um pouco à imagem do que aconteceu no surf.


Agora, quase um mês depois e no dia de véspera do arranque de um autêntico festival que vai decorrer entre quarta-feira e domingo em frente ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa, o jovem promotor de 24 anos reforça o convite. "Acho que o recinto que temos montado, com a vista privilegiada para o rio Tejo, é muito mais interessante do que qualquer ida à praia. Mais do que isso: temos estes barcos uma vez por ano, num circuito internacional, e os melhores velejadores do mundo. Desafio as pessoas a darem uma oportunidade à vela e perceberem como a vela pode ser cool e para todos, e não uma coisa elitista. E depois há os DJ's, a gastronomia, a arte urbana, as marcas, os brindes... Vai ser uma grande competição, com as bancadas perto da ação e com uma vista brutal sobre o rio Tejo", afirmou ao DN durante uma visita guiada da imprensa pelo recinto.

O impulsionador do projeto diz que "é difícil escolher" um ponto alto do evento que decorrer ao longo de cinco dias. "Temos as regatas das 13.00 às 18.00 e depois os DJ's a partir das 19.00 à meia-noite. E temos o Deejay Kamala, os Beat Bombers, Moullinex, Overule e o André Henriques, que arranca já amanhã [quarta-feira] e abre o palco. Tudo isto gratuito", vincou, entusiasmado. "A lógica é que os portugueses estejam orgulhosos do seu país e no mar português. Esse é o conceito. Trouxemos os melhores do mundo e são as marcas portuguesas que recebem os melhores do mundo. O ponto alto são as regatas. As pessoas não estão à espera do que são estes barcos a andar e da adrenalina que isto passa em terra. No mínimo, têm que dar o benefício da dúvida e ir ver. Vão claramente sair daqui surpreendidas", insistiu.
O diretor do evento, Francisco Mello e Castro

Sexta-feira, porém, a Regata de Portugal terá um momento de grande mediatismo, quando Marcelo Rebelo de Sousa visitar o recinto. "Dia 5 temos a visita do Presidente da República, a bordo do Navio Escola Sagres, que vai estar aqui atracado e vai dar o tiro de partida. Vai ser um momento giro e diferente. O Navio Escola Sagres vai estar aberto ao público durante a tarde de sexta-feira", realçou o diretor de um evento que terá portas abertas todos os dias entre as 10.00 e a meia-noite.

O match racing "é como um jogo de xadrez"

O DN testemunhou esta quinta-feira, a bordo de um catamarã, parte do treino da Adamastor Racing, uma das duas equipas portuguesas que vão estar em prova, liderada por Bernardo Freitas e que conta ainda Frederico Melo, Gil Conde e João Matos Rosa. A coordenação entre os quatro elementos, a comunicação em inglês e a componente estratégica estiveram bem presentes durante a sessão que a nossa equipa de reportagem acompanhou de bem perto.

"Dividimos o dia em partes, focando-nos em partes da regata. Agora, com vocês a bordo, estávamos a treinar a pré-largada, ou seja, é o que se passa antes de a regata passar. É muito importante, porque é quando nos encontramos e discutimos o melhor lugar para largar. É preciso treinar muitas vezes, porque isto é como um jogo de xadrez, em que se um barco faz uma coisa, o outro tem que reagir, e é necessário trabalhar a coordenação entre a tripulação. Juntámo-nos há três dias, num barco que não existe em Portugal. Ainda nos estamos a adaptar. Cada dia dentro de água é uma mais-valia para nós em termos de coordenação, comunicação e a forma como cada um tem que se mexer", assumiu o skipper Bernardo Freitas, oitavo classificado nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) na classe 49er.

"Como skipper, tenho de explicar à tripulação onde me quero meter antes de cada situação e eles têm de ter muita sensibilidade e ler o que eu estou a pensar e trimar as velas para isso, porque se a tripulação não me puser as velas no sítio certo, o barco não anda para a frente e vice-versa. Esta coordenação é muito importante", acrescentou o velejador olímpico, 28 anos, que comunica em inglês com os companheiros de tripulação porque "o que em inglês é só uma palavra, em português é uma frase inteira".
Tripulação liderada por Bernardo Freitas (à direita)

Pouco habituado ao match racing, a disciplina que estará em competição na Regata de Portugal, Bernardo Freitas explica que esta especialidade da vela "tem a particularidade de os barcos se encontrarem antes da largada e lutarem entre si sob uma série de regras para ganharem posição para a largada, que é o momento da partida". "Saindo em vantagem, começa-se à frente, o que não é sempre fácil. Se sairmos atrás, o objetivo é estar o mais perto possível do adversário e esperar por um erro para ultrapassá-lo durante a regata", explanou aos jornalistas.

Sobre o evento em si, o velejador que participou na Volvo Ocean Race diz ter "a noção" da posição da sua tripulação "neste nível de regata", pois "há pouca experiência de match racing em Portugal e muito menos nestes barcos". Ainda assim, promete complicar a vida aos favoritos. "Treinámos apenas dois dias juntos. Já participei neste circuito há dois anos numa equipa estrangeira, mas não ia ao leme. Tenho algum conhecimento do barco, mas começar uma equipa de vela é como começar uma empresa. Não se começa de um dia para o outro. Dia após dia, vamos tentar dar luta aos adversário e tirar partido dos erros deles. Vamos ver como nos sentimos no fim. Se correr bem, ótimo. Se não correr, é levantar a cabeça e vamos ver se conseguimos meter uma equipa portuguesa no circuito mundial", assumiu, bem-disposto.

12 equipas de top mundial

Em competição estarão 12 equipas de velejadores profissionais do top do ranking mundial, com medalhados olímpicos como Torvar Mirsky, vencedor do último World Match Racing Tour, que irá defrontar outro dos nomes mais conhecidos, o seis vezes campeão mundial Ian Williams.
Tripulação Team Portugal

As provas serão divididas entre dois formatos competitivos, com a particularidade de serem rotativas: na fase de qualificação, quarta e quinta-feira, as 12 equipas irão competir em fleet racing - regata de frota na qual os barcos concorrem em simultâneo, de forma a apurar os oito finalistas. Na fase de eliminatórias, as equipas apuradas irão começar cada dia por uma fleet race, na qual serão apurados os barcos a serem velejados pelas equipas ainda em competição. Apurados os barcos, as equipas competem em formato match racing, ou seja, barco contra barco, onde o primeiro a cortar a meta é o vencedor.

Eis a composição das 12 equipas em competição:

Team Portugal (Portugal): Hugo Rocha (Skipper), Mariana Lobato, António Fontes, Jorge Lima e Helder Basílio.

Adamastor Racing (Portugal): Bernardo Freitas (Skipper), Frederico Melo, Gil Conde e João Matos Rosa.

Mirsky Racing Team (Austrália): Torvar Mirsky (Skipper), Cameron Seagreen, Damian Garbowski e Carlos Robles.

Gac Pindar (Inglaterra): Ian Williams (Skipper), Richard Sydenham, Will Ryan e Mark Bulkeley.

Spindrift Racing (França): Yann Guichard (Skipper), François Morvan, Christophe Espagnon e Manhieu Salomon.

Down Under Racing (Austrália): Harry Price (Skipper), Murray Jones, Manhew Stenta e George Anyon.

Essiq Racing Team (Suécia): Nicklas Dackhammar (Skipper), Jakob Wilson, Fredrik Aurell e Pontus Dackhammar.

Holmberg Racing Team (Suécia): Mans Holmberg (Skipper), Holger Tidemand, San Gilmour e Axel Munkby.

Flux Team (Suécia): Johnie Berntsson (Skipper), Jakob Gustafsson e Julius Hallström

Anna Sailing (Suécia): Anna Östling (Skipper), Annika Carlunger, Malin Holmberg, Viktor Langström e Wilhelm Eriksson.

Sailing Team NL (Holanda): PJ Postma (Skipper), Olie Gerber, Mark Spearman e Rory Hunter.

E11even Racing (Estados Unidos): Markus Edegran (Skipper), Gustav Penerson, Marcus Hoglander e Henrik Eriksson









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