Aaron Mooy é titula indiscutível no meio-campo australiano |
A Austrália não conseguiu
surpreender a França no arranque do Mundial, não somou qualquer ponto, mas
deixou a imagem de uma equipa com uma alma imensa, ciente das suas
fragilidades, mas a querer praticar um futebol apoiado e sobretudo a fazer da
entrega ao jogo a sua principal arma. No capítulo da combatividade, poucas
seleções do torneio estarão ao nível dos Socceroos.
Numa formação recheada de
operários dispostos a sacrificar-se pelo coletivo até à última gota de suor, o
que mostrou mais capacidade para simultaneamente sujar os calções e mostrar
alguma classe foi Aaron Mooy, médio dos ingleses do Huddersfield.
Ao lado do capitão Mile Jedinak,
e com uma careca a contrastar com a volumosa barba do companheiro do duplo pivot, o destro centrocampista de 27
anos e 1,74 m trabalhou imenso no equilíbrio da equipa, na disputa das bolas
divididas e na pressão aos adversários, mas também mostrou que tem tanta
capacidade com bola do que sem ela. Se umas vezes parece que tem o fato de
macaco vestido, noutras aparenta estar trajado de fato e gravata.
No futebol de pé para pé
implementado pelo selecionador holandês Bert van Marwijk – tem Van Bommel como
adjunto -, Mooy é o primeiro a mostrar-se aos defesas, dando-lhes uma linha de
passe na primeira fase de construção. Depois, recebe e, com alguma classe,
conduz a redondinha ou endossa-o a um companheiro, sempre de forma criteriosa, à
procura de uma progressão segura pelo terreno de jogo. Também aparece no
meio-campo contrário para apoiar os ataques numa fase mais adiantada e executa
todo o tipo de bolas paradas. Enfim, um box
to box bem ao estilo inglês.
De Sydney à Premier League
Natural de Sydney, aterrou no
Reino Unido no verão de 2006, primeiro para integrar as camadas jovens dos
ingleses do Bolton, depois para passar pelos escoceses do St. Mirren, mas sem
grande sucesso em ambas as etapas.
Voltou à Austrália em 2012 para vestir
as cores do Western Sydney e depois do Melbourne City, emblema do grupo detido
pelos proprietários do Manchester City. Talvez por isso, assinou pelos citizens há dois anos, mas nunca chegou
a jogar pela equipa de Pep
Guardiola. Após uma temporada emprestado ao Huddersfield, foi eleito para o
onze ideal do Championship e ajudou os terriers
a ascender à Premier League, acabando por assinar a título definitivo até 2020
pelo conjunto orientado por David Wagner. Custou 9,1 milhões de euros e,
durante quatro dias, chegou a ser a contratação mais cara da história do clube –
foi ultrapassado pelo ponta de lança Steve Mounié, recrutado ao Montpellier por
13 M.
O médio australiano foi mesmo o principal
protagonista do bom arranque do Huddersfield no patamar maior do futebol inglês
– sete pontos nas três primeiras jornadas – e mereceu rasgados elogios do seu treinador:
“Merece todos os elogios porque é um futebolista muito técnico, mas com uma
incrível capacidade de trabalho defensivo.”
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