Suk voltou a apontar um grande golo |
Liga | Vitória 1-1 SC Braga
O Vitória tem estado, sem margem
para dúvidas, a realizar uma excelente temporada. Mas a sensação de quem vê os
jogos dos sadinos é a de que nada devem a sorte, pois pelo futebol produzido
tinham condições para ter mais uma dezena de pontos.
É verdade que o adversário se chamava SC
Braga, mas a alergia ao Bonfim parece não ter cura nos setubalenses. Em oito
jogos realizados no seu reduto na Liga, apenas venceram um (diante do Estoril),
tendo somado seis empates e perdido por uma vez, ainda que frente ao Benfica.
Mas há mais. Acredite-se ou não, a
contabilidade indica que se todos os jogos do campeonato português terminassem
ao intervalo, o Vitória seria líder – com 32 pontos, mais um do que o Sporting
e mais do que o FC Porto. Mas como os jogos têm 90 minutos e não 45, apenas é
5.º, com 22 pontos amealhados.
Na partida frente aos minhotos,
os dois fantasmas atacaram, tanto o do Bonfim como o das segundas partes. E ainda
podemos juntar um terceiro: o das carambolas. Depois dos autogolos de Rúben Semedo diante do Vitória de Guimarães e o de Ricardo diante do Benfica, no golo
da turma de Paulo Fonseca a bola ainda embateu no central cedido pelo Sporting
antes de bater no fundo das redes.
São dados que indiciam falta de
experiência e maturidade competitiva, mas também alguma infelicidade. Mas
analisar o jogo apenas por aí é demasiado redutor.
Os homens de Quim Machado
adiantaram-se no marcador bem cedo, por Suk, numa execução soberba de um livre
direto. E a partir de então, o SC Braga assumiu o domínio do jogo, ainda quem
nem sempre o conseguisse controlar.
Do Minho viajou até Setúbal uma
equipa bem organizada em todos momentos do jogo, que sabe o que fazer quando
tem a bola, que é capaz de jogar durante um largo tempo no meio-campo
adversário, que chega com muitas unidades ao último terço e que, quando perde o
esférico, tem capacidade para o recuperar rapidamente. Com dois falsos extremos
(Rafa e Alan) muito presentes em zonas interiores, laterais projetados no
ataque e mobilidade no eixo ofensivo, os bracarenses foram baralhando as
marcações dos vitorianos.
Rafa e Goiano a baralhar marcações a William e Costinha |
William Alves não teve andamento
para a velocidade de Rafa e para anular a profundidade de Marcelo Goiano; Ruca ficou
confundido com as movimentações de Alan para dentro e não sabia se haveria de marcar
o extremo ou Baiano; Dani não teve pedalada para chegar primeiro à bola ou pelo
menos encurtar o espaço ao portador do esférico; e Costinha e André Claro foram
vigiando quem sobrasse nos flancos, faltando-lhes uma referência em particular.
Aos bracarenses só faltava o
instinto matador para chegar ao golo. Acabou por empatar o encontro, por
Marcelo Goiano, já no segundo tempo, mas com Rúben Semedo a trair Raeder.
Percebendo que era necessário
reforçar o meio-campo, para garantir superioridade numérica nessa zona, Quim
Machado lançou em campo Paulo Tavares, a meu ver o jogador do Vitória mais
subvalorizado do momento. O médio português entrou bem no jogo, deixando a
equipa mais equilibrada e acrescentando ainda qualidade de passe. A partir de
então, o SC Braga deixou de criar perigo.
Ficha de jogo
Liga – 15.ª jornada
Estádio do Bonfim, em Setúbal (3.227 espectadores)
Vitória (4x4x2): Raeder; William Alves, Fábio Pacheco, Rúben Semedo
e Ruca; Dani c; Costinha,
André Horta (Arnold, 75) e André Claro (Hassan, 90+2); Suk e Vasco Costa (PauloTavares, 65)
Suplentes não utilizados: Miguel
Lázaro (GR), Gorupec, Hassan, Alexandre e Miguel Lourenço
Treinador: Quim Machado
Disciplina: Cartão amarelo
a Ruca (54) e André Horta (60)
SC Braga (4x4x2): Kritciuk; Baiano, Boly, Ricardo Ferreira e
Marcelo Goiano; Alan c, Vukcevic
(Filipe Augusto, 89), Luiz Carlos e Rafa (Pedro Santos, 82); Wilson Eduardo
(Rui Fonte, 63) e Stojiljkovic
Suplentes não utilizados: Matheus
(GR), André Pinto, Joan Román e Mauro
Treinador: Paulo Fonseca
Disciplina: Cartão amarelo
a Vukcevic (80) e Boly (87)
Árbitro: Rui Costa (AF Porto), assistido por João Silva e Tiago
Costa, com Rui Oliveira como 4.º árbitro
Golos
1-0, por Suk (4). Num
livre direto em zona frontal, ligeiramente mais descaído para o lado esquerdo,
Suk rematou forte e colocado para o ângulo superior esquerdo (na perspetiva do
coreano), fora do alcance para Kritciuk.
1-1, por Marcelo Goiano
(62). Vukcevic encontrou Marcelo Goiano no flanco esquerdo e este passou por
William Alves como quis e viu o seu remate desviar em Rúben Semedo e entrar
na baliza de Raeder.
Estatísticas (Vitória-SC Braga)
Posse de bola (%): 38-62
Ataques: 25-46
Remates: 8-16
Cantos: 4-7
Faltas cometidas: 23-13
Foras de jogo: 0-4
Apreciação individual
Raeder: Regressou à
titularidade, aproveitando a ausência do lesionado Ricardo. Já se sabe que não
é grande espingarda a jogar com os pés, mas nunca facilitou, procurando sempre
bombeá-la para a frente, se possível na direção de um colega. Teve saídas pouco
ortodoxas mas eficazes de entre os postes para aliviar cruzamento aos 16’ e 90+1’ . Assinou uma excelente
intervenção a remate de Marcelo Goiano (38’ ) mas no canto que sucedeu, foi incapaz de
socar a bola na sua própria área de baliza.
William Alves teve uma tarde bastante complicada |
William Alves: Mostrou
alguma dureza de rins para acompanhar a velocidade de Rafa e as constantes
movimentações do ataque bracarense. A nível defensivo terá tido uma das piores
exibições da temporada. No lance do golo dos minhotos, Marcelo Goiano passou
por si como faca quente em manteiga (62’ ). Ofensivamente, apareceu bem ao primeiro
poste para cabecear com perigo mas ao lado, na sequência de um canto executado
na direita (56’ ).
Fábio Pacheco: Voltou ao
centro da defesa, posição na qual começou a temporada mas que não é a sua.
Esteve em bom plano, fazendo com que os adeptos esquecessem a ausência de
Frederico Venâncio.
Rúben Semedo: À imagem do
que tinha acontecido diante do FC Porto (e ao contrário do que sucedeu frente ao Benfica), voltou a apontar uma das suas melhores exibições num jogo grande.
Esteve concentrado e foi somando bons passes e cortes importantes e bem
conseguidos. Não merecia que no lance do golo do SC Braga a bola tabelasse em
si e traísse Raeder (62’ ).
Ruca: Aproveitar a
suspensão de Nuno Pinto para regressar à titularidade e logo na sua posição de
raiz: lateral-esquerdo. Alan deixou-o confuso e complicou-lhe a marcação ao
fugir tantas vezes da ala para a zona central. Às tantas, já não sabia se havia
de ficar de olho no capitão do SC Braga ou em Baiano, lateral que atacava pelo
seu lado. Foi amarelado aos 54’
por travar em falta Alan ,
que conduzia um contra-ataque. Quando foi solicitado a fazer cruzamentos, fê-lo
com qualidade.
Dani: Foi capitão de
equipa pela primeira vez esta época, em jogos do campeonato. As movimentações
de Alan e Rafa deixaram-no baralhado, chegou muitas vezes atrasado às bolas
divididas e na maioria das vezes deu bastante espaço ao portador da bola.
Costinha: Empenhou-se
bastante a nível defensivo, apesar das dificuldades sentidas para travar as
subidas de Marcelo Goiano e para apoiar William Alves no acompanhamento a Rafa.
As preocupações a defender fizeram com que se soltasse pouco no apoio ao
ataque.
André Horta: Bom de bola,
tentou sempre que a equipa jogasse mais vezes de forma apoiada, em vez de se
colocar o esférico diretamente na frente. Teve a preocupação de cometer faltas
sempre no meio-campo ofensivo, longe da sua baliza e com o propósito de cortar
os ataques adversários pela raiz e arrefecer um pouco o ritmo de jogo. Com
naturalidade, depois das várias infrações, foi amarelado aos 60’ , ao travar Vukcevic a
meio-campo. Foi substituído aos 76 minutos, quando já estava muito desgastado.
André Claro: Colocado no
flanco esquerdo, procurou sempre fletir para a zona interior e deixar o
corredor lateral para Ruca. Num desses movimentos, rematou com perigo, mas ao
lado, aos 41 minutos. Também esteve perto de marcar aos 77’ , com um disparo de fora da
área, mas mais uma vez não acertou na baliza.
Vasco Costa não conseguiu impor a sua qualidade |
Suk: Voltou a deliciar os
adeptos do Vitória e do bom futebol com mais um golo extraordinário, numa
soberba execução de um livre direto. Esteve perto de bisar aos 45’ , ao rematar ao lado na
tentativa de aproveitar uma saída de Kritciuk da baliza, e aos 52’ , ao disparar contra a malha
lateral.
Vasco Costa: Protagonizou
um momento quente no jogo, quando um cabeceamento seu obrigou Kritciuk a
segurar a bola apenas em cima da linha de baliza (53’ ). Lutou muito, mas foram
raras as vezes em que conseguiu impor a sua qualidade.
Paulo Tavares: Reforçou o
meio-campo, face às dificuldades de Dani em equilibrar a equipa defensivamente
e à superioridade numérica dos minhotos na zona central, uma vez que Alan e
Rafa apareciam muito pelo meio. Entrou bem no jogo. Além de ter melhorado a
consistência defensiva do coletivo, ainda acrescentou qualidade de passe. Arrancou
um cartão amarelo a Vukcevic (81’ ),
por falta a meio-campo.
Arnold: Refrescou o
ataque, dando-lhe alguma velocidade. Não foi a tempo de fazer mais na busca dos
três pontos.
Hassan: Tocou uma vez na
bola. Ajudou a fechar o corredor esquerdo durante minuto e meio.
Outras notas
O guarda-redes sadino Ricardo
contraiu uma luxação na clavícula direita na partida com o Tondela, a 20 de
dezembro, e por isso desfalcou a equipa neste encontro, assim como irá
desfalcar diante de Sporting e Paços de Ferreira, nas próximas jornadas.
Também na partida diante do
Tondela, Frederico Venâncio sofreu um traumatismo no tornozelo direito, e
limitou-se a fazer tratamento nos dias que procederam esse encontro. Acabou por falhar a receção ao SC Braga devido a uma microrrotura no gémeo.
Nuno Pinto viu o sétimo amarelo
na Liga no jogo contra os tondelenses, e cumpriu castigo frente ao SC Braga. Já
Rúben Semedo, que não jogou frente ao Tondela por estar castigado, regressou às
opções de Quim Machado.
Do lado bracarense, o lote de
ausentes é composto pelos lesionados Ñiguez, Crislan e Rodrigo Pinho e pelo
castigado Hassan.
O avançado do Lusitano de Évora
(Divisão de Elite da AF Évora), Miguel Rosado, 20 anos, foi chamado a fazer
dois treinos no Vitória a 21 e 22 de dezembro.
O jovem avançado iraniano de 18
anos Reza Chaab, do Naft Masjed Soleyman, está a ser negociado pelos
setubalenses.
Extremo de 24 anos do Pedras
Rubras, João Amaral, está referenciado pelo Vitória.
Génova (Itália), Angers (França)
e Nuremberga (Alemanha) juntaram-se à lista de interessados por André Claro.
Hoffenheim e Mainz (ambos da
Alemanha) têm Suk em ponto de mira. Contudo, não se mostraram agradados com os
três milhões de euros fixados pelos sadinos.
O central senegalês do Vitória,
François, deverá deixar o clube em janeiro para assinar por um emblema da
Arábia Saudita.
Pela segunda vez nesta época, o
plantel do Vitória entrou em estágio na véspera de um jogo em casa.
André Pinto e Rui Fonte regressaram
a Setúbal, onde representaram o Vitória em 2009/10. Na mesma situação esteve
Pedro Santos (foi assobiado), que alinhou nos sadinos em 2012/13.
Lukas Raeder regressou aos
convocados quatro jogos depois, e logo na condição de titular.
Costinha estava em risco de
exclusão, mas não viu qualquer cartão amarelo.
Sunderland, Aston Villa e Southampton (Inglaterra), Génova e Atalanta (Itália), Montpellier (França), Kansas City (Estados Unidos), Celtic (Escócia), Bayern e Estugarda (Alemanha) e Arouca estiveram representados no Bonfim, em missão de espionagem.
Números
Frederico Venâncio era o único
totalista do Vitória para entrada jornada, com 1260 minutos. Agora já nem é o
mais utilizado dos sadinos na Liga, uma vez que André Claro (1288 minutos) e Suk
(1276) o ultrapassaram.
O Vitória aumentou para cinco o
número de jogos consecutivos (em todas as competições) sem ganhar no Bonfim. O
último triunfo (e único nesta temporada) foi a 2 de outubro, diante do Estoril(1-0).
Em 103 jogos entre as duas equipas
para a Liga, a vantagem é dos bracarenses: 46 triunfos, 25 empates e 32
desaires. Já no Bonfim a vantagem é dos sadinos: 25V, 13E e 14D.
A última vitória dos setubalenses
sobre o SC Braga para o campeonato já foi há quase sete anos: a 17 de fevereiro
de 2008, por 3-2, em
pleno Estádio Municipal de Braga. O derradeiro do Bonfim foi
na primeira volta dessa temporada 2007/08, a 14 de setembro de 2007 (3-1).
Na temporada transata, o Vitória
só atingiu os 22 pontos à 25.ª jornada e em 34 rondas ficou-se pelos 24 golos
marcados (já tem 27 em 2015/16).
Os sadinos já não somavam 22 ou
mais pontos à 15.ª jornada desde 2007/08 (24), não saíam dessa ronda com 22 ou
menos golos sofridos desde 2010/11 (20) e não tinham tantos golos (27 ou mais)
marcados à 15.ª jornada desde 1987/88 (27).
Com nove golos e quatro
assistências, Suk esteve envolvido diretamente em 13 dos 27 golos do Vitória na
Liga.
Outras análises
Vitória – Boavista (1.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/das-boas-transicoes-ao-amargo-empate.html
Académica - Vitória (2.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/o-aleatorio-deu-o-mote-para-goleada.html
Vitória – Rio Ave (3.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/tornou-se-frustrante-o-empate-que-antes.html
Vitória – V. Guimarães (5.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/em-duelo-de-vitorias-so-o-de-setubal.html
Vitória – Estoril (7.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/10/a-quarta-tentativa-bonfim-viu-vitoria.html
FC Porto – Vitória (10.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/resistencia-sadina-no-dragao-durou-70.html
Vitória – União (11.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/o-impensavel-pontinho-foi-festejado-no.html
Belenenses – Vitória (12.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/pressao-do-vitoria-deixou-belenenses-de.html
Vitória – Benfica (13.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/continua-espera-por-um-dia-menos-bom-do.html
Vitória – Rio Ave (Oitavos de final da Taça de Portugal): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/o-vilao-nao-virou-heroi-mas-nao-merecia.html
Artigos de opinião
O Pirlo do Bonfim: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/o-pirlo-do-bonfim.html
Concentra-te, Rúben!: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/concentra-te-ruben.html
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