Desta vez Suk não marcou, mas participou no lance do golo |
Costuma dizer-se que à terceira é
de vez, mas no caso do Vitória, foi à quarta tentativa que conseguiu triunfar
no Bonfim. Curiosamente, até nem foi das exibições conseguidas dos sadinos, que
foram manifestamente infelizes nas outras três receções mas que frente ao
Estoril, tiveram a sorte do jogo. Numa partida onde as forças se equilibraram,
a balança pendeu para o lado dos setubalenses devido à defesa incompleta de
Kieszek e da crença e oportunismo de André Claro.
Quanto ao jogo em si, nota-se que
Quim Machado continua às apalpadelas na procura do tão desejado equilíbrio
defensivo/ofensivo, que permita à equipa continuar a criar bastantes
oportunidades e a marcar golos, mas ao mesmo tempo ser menos permeável a defender.
É certo que repetiu o onze que na
semana anterior tinha empatado na Choupana com o Nacional (1-1), mas o facto de
ter feito uma substituição logo ao intervalo é uma prova do seu
descontentamento. O seu descontentamento, mais uma vez, com o desempenho de
Ruca, que por muito empenhado que seja, continua a ser curto em termos
ofensivos.
Depois de uma primeira parte
atabalhoada, com muitos passes falhados e chutões para a frente, na qual o
Estoril foi superior, o segundo tempo trouxe um Vitória mais agressivo e com um
bloco mais adiantado.
Embalado pela boa entrada nos
segundos 45 minutos, que coincidiram com a inclusão de Fábio Pacheco no
meio-campo, os sadinos apenas precisaram de seis minutos para se adiantarem no
marcador. André Claro aproveitou um remate de Suk que Kieszek não agarrou para
fazer o 1-0.
Onze mais equilibrado do Vitória? |
Nessa fase, o 4x1x3x2 tinha dado
lugar a um mais vincado 4x4x2, com Pacheco e Dani, dois trincos puros, no duplo
pivot. Em relação ao primeiro tempo,
a capacidade técnica de Costinha passou do centro para o lado esquerdo, acabando
por deixar a equipa mais equilibrada em momentos de perda da bola quando o
antigo jogador do Lusitano de Vildemoinhos estava em missão ofensiva. Talvez
Quim Machado tenha encontrado aqui, finalmente, o seu onze-tipo, dada a boa
resposta do coletivo nos diversos momentos do jogo.
Não confundir, contudo, a mudança
de sistema com o modelo de jogo. Este manteve-se inalterável, com a formação da
Margem Sul a continuar a apostar na verticalidade das suas transições para
atacar a baliza adversária, como vem sendo hábito na presente temporada.
A partir dos 65/70 minutos,
inevitavelmente, os sadinos baixaram o bloco, saíam com cada vez menos homens
para o ataque e foram tentando baixar o ritmo ao ganhar faltas, lançamentos e
perdendo algum tempo nas reposições.
Na reta final, acabou por ser
importante a entrada de André Horta – um dos sacrificados do onze que começou a
época na tentativa de se encontrar um equilíbrio -, que refrescou o meio-campo
e ajudou a segurar a bola perto da área estorilista.
Ficha de jogo
I Liga – 7.ª jornada
Estádio do Bonfim, em Setúbal
Vitória (4x1x3x2): Ricardo; William Alves, Frederico Venâncio c, Rúben Semedo e Nuno Pinto; Dani; Arnold (André Horta,
69), Costinha e Ruca (Fábio Pacheco, int.); Suk e André Claro (Paulo Tavares,
87)
Suplentes não utilizados: Raeder
(GR), François, Uli Dávila, Hassan e Vasco Costa
Treinador: Quim Machado
Disciplina: Cartão amarelo
a Costinha (39) e Suk (84)
Estoril (4x3x3): Kieszek; Anderson Luís, Diego Carlos, Yohan
Tavares c e Mano (Dieguinho, 80); Afonso Taira, Anderson Esiti
(Billal, 57) e Leandro Chaparro (Luiz Phellype, 62); Bruno César, Léo Bonatini
e Babanco
Suplentes não utilizados: Georgemy
(GR), Kakuba, Diakhite e Matheus
Treinador: Fabiano Soares
Disciplina: Cartão amarelo
a Leandro Chaparro (13), Anderson Esiti (41), Afonso Taira (78) e Diego Carlos
(90+2)
Árbitro: João Capela (AF Lisboa), assistido por Ricardo Santos e
Tiago Rocha e com Hélder Malheiro como 4.º árbitro
Golos
1-0, por André Claro (51).
Lançamento de linha lateral de Nuno Pinto na esquerda, que deixa a bola em Costinha. Este
passa-a a Dani em zona central, e o médio progride para a direita, à procura de
linha de passe, e encontra Arnold, que dá de primeira para Suk. O coreano encontra
espaço para rematar à baliza no meio de três adversários, Kieszek não agarra a
bola e André Claro aproveita a recarga para dar vantagem ao Vitória, de pé
direito.
Estatísticas (Vitória-Estoril)
Posse de bola (%): 41-59
Ataques: 27-35
Remates: 11-9
Cantos: 4-8
Faltas cometidas: 14-13
Foras de jogo: 1-1
Apreciação individual
William Alves vai progredindo como lateral direito |
Ricardo: Seguro entre os
postes e na saída aos cruzamentos. Um acréscimo de qualidade em relação a
Raeder.
William Alves: Forte
fisicamente, ganhou praticamente todos os duelos que disputou no jogo aéreo. Sentiu
falta de apoio nas tarefas defensivas e desenrascou no plano ofensivo,
sabendo-se que não é a sua especialidade.
Frederico Venâncio: Bastante
seguro, mostrando grande frieza e concentração mesmo em momentos de maior
aperto. Foi somando belos desarmes ao longo do jogo. Muito certeiro e
criterioso quando tem a bola, por norma entrega-a redondinha a um colega.
Rúben Semedo: Dá à equipa
outra capacidade de sair a jogar, quando necessário, pois é fiável a jogar com
os pés. Fez alguns cortes arriscados, que podiam ter causado grandes
penalidades, mas acabou por ser feliz. Tem potencial para ser um bom central,
falta manter índices elevados de concentração durante os 90 minutos.
Desconcentrou-se, por exemplo, aos 38’ ,
quando deixou fugir Léo Bonatini para a baliza sadina., ou aos 90+5’ , quando deixou bater a bola e
permitindo que Bonatini se isolasse, redimindo-se imediatamente após com um
corte providencial.
Nuno Pinto: Cruzamento
perfeito para Suk cabecear ao poste aos 45+1’ . Bruno César deu-lhe muito trabalho mas
acabou por secar o brasileiro.
Dani: Sempre atento ao
jogo, fez o chamado trabalho invisível de forma bastante competente: dobra os
defesas, cria superioridade numérica no momento defensiva e tapa linhas de
passe, obrigando os adversários a jogar mal.
Arnold: Por ordem de Quim
Machado ou por negligência do jogador, nem sempre apoiou convenientemente
William Alves nas missões defensivas. Quando não tem espaço ou oportunidade
para pôr em prática a sua velocidade, notam-se as suas limitações técnicas.
Algo apagado e desgastado, foi substituído com naturalidade por André Horta aos
68’ .
Costinha: Começou a jogar
como médio-centro por acidente, depois de a equipa ter ficado reduzida a dez
bem cedo na partida frente ao V. Guimarães. Mas por ser bastante solidário nas
tarefas defensivas e ter critério e capacidade de passe, encaixou na perfeição
na nova perfeição. Ainda assim, passou para a ala esquerda no segundo tempo,
após a saída de Ruca e entrada de Fábio Pacheco e voltou a mostrar toda a sua
qualidade. Creio que até consegue expressar melhor o seu futebol a partir do
lado esquerdo do que do direito. Numa exibição coletiva sem o brilho de outras
(que não deram em vitória), mostrou também toda a sua garra na luta pela bola.
Ruca: Um autêntico segundo
lateral esquerdo, que faz do seu empenho na hora de defender a sua principal
arma para se manter na equipa. Ofensivamente, tem limitações e, por isso, é que
voltou a ser o primeiro a ser substituído, logo ao intervalo.
André Claro voltou a ser decisivo para Quim Machado |
Suk: Foi mais uma vez a
referência ofensiva dos setubalenses e voltou a ser decisivo, pois foi da sua
autoria o remate que Kieszek não agarrou e permitiu a recarga de André Claro (51’ ). Teve outro momento alto
no encontro aconteceu aos 45+1’ ,
quando cabeceou ao poste.
André Claro: Nota-se que
recua mais no terreno para vir buscar a bola desde que Arnold entrou no onze
inicial, de forma a explorar a velocidade do congolês no último terço. Foi
aparecendo também nos corredores, participando (pela esquerda) na construção da
jogada que culminou com o cabeceamento de Suk ao poste (45+1’ ). Apontou o único golo da
partida (e o seu quarto no campeonato) aos 51’ , aparecendo em boa posição para fazer a
recarga a uma defesa incompleta de Kieszek. Saiu esgotado e com queixas
físicas, depois de ter levado com a bola na zona do abdómen.
Fábio Pacheco: Jogou pela
primeira vez na sua posição original, médio-defensivo, desde que chegou ao
Bonfim proveniente do Tondela. Também pela primeira vez, começou um encontro no
banco, tendo entrado logo após o intervalo. A sua entrada reequilibrou a equipa
e deu frescura, intensidade, capacidade de luta e melhor jogo posicional à zona
central do meio-campo.
André Horta: Entrou para
‘10’, passando posteriormente para o flanco direito após a entrada de Paulo
Tavares. Refrescou o meio-campo e deu alguma dinâmica, ainda que por o Estoril
estar atrás do empate, o jovem médio se tenha visto pouco em termos ofensivos. Na
parte final foi bastante útil a segurar a bola no meio-campo defensivo,
contribuindo para a manutenção de um resultado favorável. Saiu a coxear devido
a um traumatismo no gémeo da perna direita.
Paulo Tavares: Substituiu
o esgotado André Claro e foi mais uma arma para colocar trancas à porta.
Outras notas
Kieszek regressou ao Estádio do
Bonfim. O guarda-redes polaco do Estoril, 31 anos, representou o Vitória
durante a segunda metade da temporada 2009/10, por empréstimo do SC Braga, e a
título definitivo em 2012/13 e 2013/14. Voltou a dar alegrias aos sadinos, pois
teve responsabilidades nos golos.
Miguel Lourenço, com um entorse
na tibiotársica da perna direita, era o único jogador indisponível para Quim
Machado.
Fábio Pacheco regressou aos
convocados, após cumprir castigado, mas pela primeira vez sentou-se no banco de
suplentes. Quim Machado já o tinha anunciado em conferência de imprensa.
William Alves continua em risco
de exclusão.
Do lado estorilista, Bruno
Miguel, Diogo Amado, Mendy e Gerso falharam o encontro por lesão.
Atalanta, Inter, Celtic,
Southampton, Granada, Celta, Bétis, West Ham, Génova, federação de Cabo Verde,
Benfica e SC Braga estiveram no Bonfim a espiar. Já não é a primeira vez que
observadores de Celta, Granada e Génova se deslocam a Setúbal esta temporada. Sobre
quem estarão a recolher dados?
3.018 espetadores no Bonfim. Para
já, a pior assistência da temporada, mas a única que viu o Vitória vencer.
‘Opta Vitória’
Frederico Venâncio e Suk, agora
com 630 minutos, continuam a ser os únicos totalistas do Vitória.
Quim Machado repetiu o onze que
na semana anterior tinha empatado na Choupana com o Nacional (1-1), também para
a Liga.
Ruca foi titular nas sete
primeiras jornada mas foi substituído em seis jogos. No único encontro em que
alinhou os 90 minutos [frente ao V.
Guimarães], estava a atuar como lateral-esquerdo por força do castigo de
Nuno Pinto.
Ao vencer o Estoril em casa por
1-0, para a Liga, o Vitória repetiu os resultados de 1979/80, 1982/83 e
2012/13.
A última vez que o Vitória tinha
somado 10 pontos à 7.ª jornada foi em 2011/12, com Bruno Ribeiro. Nem isso
garantiu uma temporada tranquila, pois os sadinos chegaram a ocupar lugares de
descida e o técnico natural de Setúbal teve de ser substituído por José Mota.
14 golos marcados à 7.ª jornada?
A última vez foi em 2004/05, com José Couceiro no comando técnico.
Outras análises
Vitória – Boavista (1.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/das-boas-transicoes-ao-amargo-empate.html
Académica - Vitória (2.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/o-aleatorio-deu-o-mote-para-goleada.html
Vitória – Rio Ave (3.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/tornou-se-frustrante-o-empate-que-antes.html
Vitória – V. Guimarães (5.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/em-duelo-de-vitorias-so-o-de-setubal.html
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