O homem de negócios sete vezes campeão como presidente do Benfica. Quem se lembra de Borges Coutinho?
Borges Coutinho foi presidente do Benfica entre 1969 e 1977
Um dos mais bem-sucedidos
presidentes de clube em Portugal no que concerne a títulos e também um pioneiro
no que concerne a fazer negócios.
Duarte António Borges Coutinho
nasceu em Lisboa, mas dividiu a infância entre Grã-Bretanha, Irlanda do Norte e
Portugal, tendo vivido no Palacete do Rato (onde é hoje a sede do PS),
praticado salto em altura e combatido na Segunda Guerra Mundial a pilotar
aviões da Força Aérea Real (do Reino Unido), com 18 anos. Por essa altura, já usufruía
do honroso título de marquês da Praia e Monforte. Tornou-se sócio do Benfica
relativamente tarde, quando tinha 37 anos, em 1959, cinco anos antes de ter
entrado para o clube para assumir funções na Direção dos Assuntos
Administrativos e Instalações Sociais e dez anos antes de se ter tornado
presidente, ao derrotar Fernando Martins e Romão Martins com 58% dos votos. Desde a primeira o início do
primeiro de dois mandatos, em abril de 1969, à despedida, em maio de 1977,
ganhou dez troféus: sete campeonatos (1968-69, 1970-71, 1971-72, 1972-73,
1974-75, 1975-76 e 1976-77) e três Taças
de Portugal (1968-69, 1969-70 e 1971-72). Um período essencial para tornar o
Benfica
a força dominante no futebol português, com 23 títulos de campeão – contra os 14
do Sporting
e os seis do FC
Porto – e 15 Taças
de Portugal – contra as nove dos leões
e as quatro dos dragões. Um desses títulos teve um sabor
especial, o de 1972-73, uma vez que o Benfica
se sagrou campeão invicto e com mais de cem golos marcados (101), com o inglês
Jimmy Hagan no comando técnico. Além do sucesso desportivo, Borges
Coutinho revelou-se também um presidente com olho para os negócios. Conseguiu
gerar um encaixe de 10 mil contos com a transferência de Humberto Coelho para o
Paris
Saint-Germain e outro de nove mil com a de Rui
Jordão para o Saragoça.
Num dérbi com o Sporting,
em 1972, encaixou 2000 contos de receita (um recorde naquele tempo) com uma
assistência de 80 mil espetadores.
Por outro lado, rejeitou uma
proposta dos brasileiros do Vasco
da Gama por Eusébio
e renovou o contrato ao seu goleador, que passou a ganhar 1300 contos por ano,
apesar de o Pantera
Negra ter chegado a posar para a fotografia com uma camisola dos vascaínos
vestida. Isto foi em setembro de 1969. No final dessa época, Eusébio
sagrou-se melhor marcador do campeonato português pela sexta vez na carreira,
com 20 golos.
Durante os seus mandatos, o Benfica
tomou posse dos terrenos adjacentes ao Estádio
da Luz e lá edificou três campos de futebol, uma pista de atletismo e oito
campos de ténis.
Por todos estes motivos e mais
alguns, foi distinguido com a Águia de Ouro em 1973.
Decidiu não concorrer às eleições
de 26 de maio de 1977 e teve como sucessor José Ferreira Queimado. Quatro anos
depois, a 18 de maio de 1981, morreu em Inglaterra, quando tinha apenas 59
anos. Após a sua morte, o Benfica
homenageou-o ao designar o seu novo pavilhão de Pavilhão Borges Coutinho. Quase 50 anos depois de ter
deixado a presidência do Benfica,
é o seu neto, Martim Mayer, que vai tentar lá chegar, nas eleições agendadas
para outubro deste ano.
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