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Cândido Costa disputou 14 jogos pelo Vitória em 2003 |
Apenas um salário recebido, uma
descida de divisão, dificuldade em agarrar um lugar no onze e zero golos em
seis meses. Assim se pode resumir a aventura de Cândido Costa no
Vitória
de Setúbal, no primeiro semestre de 2003.
Internacional sub-21 que vinha de
apenas cinco jogos pelo
FC
Porto na primeira metade da temporada, sentiu que estava a perder o comboio
no clube e na seleção, numa altura em que apareciam
Ricardo
Quaresma e
Cristiano
Ronaldo, e decidiu, contra a vontade de
José
Mourinho, deixar as Antas. “Certo dia, no final de um treino, vou ter ao
gabinete do mister para ter uma palavrinha com ele. Manda-me entrar e eu disse
que estava a jogar pouco, que ele tinha o Capucho, que vinha o
Marco
Ferreira e que se calhar o melhor era sair. O
Mourinho
diz algo do género: 'Vais sair e vais jogar para onde?'. Eu digo que o
Vitória
de Setúbal me quer e ele: 'Espera aí para ver se compreendo: estás a
pedir-me para sair do
FC
Porto, quando eu não te estou a dizer para tu saíres e queres ir para o
Vitória
de Setúbal?'”, recordou ao
zerozero
em dezembro de 2023.
Convencido pelo empresário Jorge
Mendes, que lhe acenou com uma posterior transferência para Itália, foi
emprestado aos
sadinos
numa fase em que estava à beira de comemorar o 22.º aniversário, no âmbito da
transferência de
Marco
Ferreira para os
dragões,
mas ficou chocado assim que chegou ao
Bonfim:
“Uma realidade completamente diferente. Ordenados em atraso... Andei durante
três anos da minha vida a ouvir: “Vitória, só a vitória é que interessa”.
Cheguei ao balneário do
Vitória
de Setúbal e passei a ouvir: ‘Não perder é bom. Temos de agarrar o
pontinho. Lutar para não descer’. Aquilo para mim foi um choque. O meu trajeto
até então tinha sido coisas grandes, pensamento grande, não faltava nada,
equipamentos a estrear. E entro num balneário sôfrego, com muitos ordenados em
atraso. Passei a receber pelo
Vitória
de Setúbal, estive lá seis meses e recebi um salário. Para mim aquilo
foi... quero sair daqui rápido, o que é isto?”, contou à
Tribuna
Expresso em março de 2018.
Quando foi contratado pelo
Vitória,
o treinador era
Luís
Campos. Depois apanhou Diamantino Miranda e, por fim, o bombeiro de
serviço, Carlos Cardoso, que nessa temporada foi impotente para impedir a
despromoção: “Foi muito mau, três treinadores em seis meses, sem receber,
equipa desanimada. A cidade, clube e gentes espetaculares, mas o resto…”
Quando olha para trás, Cândido Costa
arrepende-se da mudança, mas sem que isso signifique um sentimento negativo em
relação aos
sadinos.
“Nada a ver com o
Vitória
de Setúbal, pois infelizmente quis o destino que o
Vitória
de Setúbal não estivesse a viver momentos felizes. Nos seis meses restantes
dessa temporada, quem me ficaria a pagar o salário era o
Vitória
de Setúbal. Nesse período não recebi um ordenado, tive três treinadores e
desci de divisão. Na mesma época em que ganho Campeonato,
Taça
de Portugal e
Taça
UEFA, e desço de divisão... isto define um bocado a minha carreira: é um
paradoxo. Foram muitas emoções para a pouca idade que tinha”, confessou, em
jeito de balanço.
Em meia época no
Bonfim,
Cândido Costa foi utilizado em 14 jogos, sete dos quais como titular. Não
marcou qualquer golo, mas fez uma assistência num jogo frente à
União
de Leiria.
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