quinta-feira, 28 de março de 2024

O artilheiro da Taça das Taças 91-92 que só perdeu um em 28 jogos pelo FC Porto. Quem se lembra de Lipcsei?

Peter Lipcsei representou o FC Porto em 1995-96
A Hungria já foi uma potência do futebol mundial, finalista vencida dos Mundiais de 1938 e 1954 e semifinalista dos Europeus de 1964 e 1972. Porém, já não participa num Campeonato do Mundo desde 1986 e esteve entre 44 anos sem competir num Euro até regressar em 2016. E foi precisamente durante a fase menos conseguida da seleção magiar que o FC Porto se reforçou com um dos seus principais jogadores, o médio Peter Lipcsei, desde 1991 um habitual convocado e titular da equipa nacional húngara.
 
Embora fosse um médio características mais defensivas do que ofensivas, sagrou-se melhor marcador da Taça das Taças em 1991-92, numa campanha em que o seu Ferencváros nem foi além dos oitavos de final. Ao serviço do emblema de Budapeste conquistou ainda dois campeonatos, quatro taças e três supertaças da Hungria, tendo sido eleito futebolista húngaro do ano em 1991 e 1995.
 
No final de 1994 defrontou o FC Porto numa eliminatória da Taça das Taças e um ano depois foi contratado pelos dragões. Na altura, sem o scouting tão amplo e profundo que existe hoje, não era uma prática assim tão rara contratar antigos adversários – isso e enviar treinadores e diretores desportivos para o Brasil à procura de potenciais reforços.
 
Habitual titular no onze de Bobby Robson, disputou 28 jogos pelos azuis e brancos em 1995-96, sendo que 26 foram na condição de titular, e só sofreu uma derrota, curiosamente na última partida que disputou, diante do Benfica na Luz. Apontou seis golos e fez sete assistências. Nada mau! Mas uma grave lesão num joelho afastou-o dos relvados em março, a cerca de dois meses do final da temporada.
 
 
“O meu futebol cresceu muito em Portugal. O primeiro mês foi difícil. Os treinos eram muito fortes, o Robson não perdoava. Sempre me dizia que eu tinha muita habilidade e que tinha de dar 150 por cento nos treinos. É isso que eu digo hoje aos meus jogadores. Se derem 150 por cento depois nos jogos é mais fácil”, contou ao Maisfutebol em novembro de 2016.
 
Apesar do revés da lesão, viu os colegas confirmarem em campo a conquista do bicampeonato, que há muito que estava encaminhado. “A nossa equipa era muito boa. Domingos, Baía, Jorge Costa, Secretário… ganhámos o campeonato. O FC Porto não dava hipóteses. Só a equipa de 2004, que foi campeã europeia, era melhor do que a nossa. Aloísio, Rui Barros, Edmilson, Rui Jorge…muitos, muitos bons jogadores”, recordou o húngaro, que na altura teve em Jorge Costa o seu melhor amigo no balneário.
 
 
Enquanto recuperava da lesão, Bobby Robson saiu para o Barcelona e António Oliveira chegou para o lugar do inglês, o que não ajudou à sua reintegração na equipa, acabando por ser emprestado ao Sp. Espinho: “Fui operado e depois o Robson saiu para o Barcelona e o segundo ano já foi difícil por causa disso tudo. Lesionado, com treinador novo… era muito difícil voltar. Fui para o Sp. Espinho, então, depois para o Ferencvaros. Ainda tinha mais um ano de contrato e o Pinto da Costa disse-me que tinham de ver como estava o meu joelho para saber se voltava. Acabei por sair, fui para a Áustria, para o Salzburgo, dois anos e meio. Depois Ferencvaros até acabar.”
 
Ao serviço dos tigres da Costa Verde só disputou cinco encontros, entre março e junho de 1997, tendo averbado quatro derrotas e apenas uma vitória, não conseguindo impedir a despromoção à II Liga. “Era perto, a poucos quilómetros do Porto, queria jogar e foi a solução. Era uma equipa mais pequena e a minha forma não era a melhor por causa da lesão. Mas como queria muito jogar e no FC Porto não tinha espaço, só treinava, só treinava…Pedi ao presidente e ele arranjou-me o Sp. Espinho”, lembrou Lipcsei, que passou a nutrir um grande respeito por Pinto da Costa.




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