quinta-feira, 18 de maio de 2023

Dzeko e Lukaku. Avançados possantes, sim, mas bem diferentes

Lukaku e Dzeko alternam na companhia a Lautaro
A Liga dos Campeões desta época tem-nos obrigado a olhar novamente para várias equipas italianas que há muito andavam afastadas das principais decisões do futebol europeu, como o Nápoles, o AC Milan e sobretudo o Inter de Milão, que na terça-feira carimbou o apuramento para a final de Istambul já depois de ter sido o carrasco de FC Porto e Benfica.
 
Entre nomes sonantes e jovens valores em afirmação, os nerazzurri têm um plantel riquíssimo, com profundidade em todas as posições. Quantos treinadores no mundo se podem dar ao luxo de deixar futebolistas como Robin Gosens, Marcelo Brozovic e Romelu Lukaku fora do seu onze de gala? É o luxo a que Simone Inzaghi tem direito.
 
No 3x5x2 que o conjunto milanês apresenta habitualmente, a dupla de ataque é composta por um avançado mais móvel, quase sempre o argentino Lautaro Martínez em detrimento do compatriota Joaquín Correa; e por outro mais possante, que na Champions tem sido Edin Dzeko, mas que na Série A tem sido muitas vezes Romelu Lukaku.
 
Mas rotular simplesmente o bósnio e o belga como "avançados possantes" é redutor, vago e não traduz a importância específica de cada um.
 
O que temos visto na Liga dos Campeões é um Inter que começa com Dzeko e que vê no antigo ponta de lança de Manchester City e AS Roma um homem-alvo no futebol direto. Não raras as vezes, a bola sai diretamente dos pés de um defesa para a cabeça do bósnio, que ganha o duelo aéreo (59,32% de eficácia nesses lances na Champions) ou pelo menos atrapalha o central adversário ao ponto de a chamada segunda bola poder sobrar para Lautaro ou para um dos médios. E é a partir desse momento que os ataques nerazzurri fluem e se tornam perigosos, com um grande envolvimento dos laterais (o mais potente Dumfries e o mais requintado Dimarco) e a participação de médios laboriosos, mas com qualidade técnica (nomeadamente Barella e Mkhitaryan). Dzeko é, essencialmente, um avançado que geralmente limita cada ação com bola a um ou dois toques.


 
Ligeiramente mais baixo (1,91 m contra 1,93 m) mas mais corpulento, Lukaku tem rendido Dzeko normalmente em jogos da Liga dos Campeões em fases dos encontros em que o resultado agrada ao Inter e utilizado a estatura física não tanto para ganhar o duelo aéreo, mas para proteger a bola, segurá-la longe da sua baliza, contemporizar enquanto os companheiros sobem no terreno e, se for caso disso, avançar para o drible. As estatísticas mostram que, a nível de dribles bem-sucedidos a cada 90 minutos, o belga tem quase o triplo do bósnio na Champions (3,04 contra 1,16) e quase o dobro na Série A (0,9 contra 0,48).

 
Os avançados vivem de golos, mas este Inter tem vivido muito na Champions das ações extra finalização dos seus avançados mais possantes.




  




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