Falar da minha primeira memória
de um jogo entre Itália
e Holanda
é recuar aos primórdios do meu trajeto como adepto de futebol. Apanhei um logo
um Euro 2000 que ficou marcado por um grande desempenho da seleção portuguesa,
que foi eliminada pela França nos últimos minutos do prolongamento das
meias-finais. Na segunda semifinal do torneio, um dia após a eliminação lusa, Itália
e Holanda
defrontaram-se na Arena de Amesterdão.
Tenho bem presente que não acompanhei
a transmissão do encontro, mas recordo-me perfeitamente que tinha ido às
compras com os meus pais e que assisti ao desempate por grandes penalidades
numa televisão no estabelecimento comercial em que me encontrava, a antiga
Feira Nova, no Barreiro.
Não conhecia praticamente nenhum
jogador nas duas seleções, mas fixei o médio holandês
Edgar Davids, pelas rastas e sobretudo pelos óculos, assim como o seu
companheiro de equipa Van der Sar, obviamente bastante focado pela realização
durante os penáltis. Do outro lado, o nome do guardião italiano
Francesco Toldo, por ter como apelido uma palavra portuguesa, também ficou
imediatamente gravado na minha memória.
Holanda - Itália (Euro 2000) |
Pode parecer estranho, pois houve
guarda-redes transalpinos
que atingiram um patamar superior, mas Toldo foi dos primeiros guardiões que
admirei, precisamente pelas suas performances tanto no desempate por penáltis
da meia-final com a Holanda
como na final com a França, que Itália
até viria a perder. Anos depois, reforcei essa minha admiração ao assistir a
mais brilhantes desempenhos dele ao serviço do Inter na Liga
dos Campeões.
Embora só tenha assistido ao
desempate por grandes penalidades, Toldo também esteve em grande plano durante
os 120 minutos de jogo, tendo defendido uma grande penalidade de Frank de Boer,
pouco depois de Gianluca Zambrotta ter sido expulso e deixado Itália
reduzida a apenas dez unidades – mais tarde, também Kluivert desperdiçou um
penálti, acertando no poste.
Na lotaria das grandes
penalidades, Itália
venceu por 3-1. Di Biagio, Pessotto e Totti marcaram para os italianos
– Maldini atirou para defesa de Van der Sar. Kluivert marcou para os holandeses,
com De Boer (defesa de Toldo), Stam (por cima) e Bosvelt (defesa de Toldo) a falharem.
“O mundo é assim. Para uns os
penaltis contra são sempre más notícias, para outros, nunca serão demais. A Itália
sobreviveu a seis, dois no tempo regulamentar, três defendidos por Toldo e
apenas um marcado, já no desempate por grandes penalidades, desperdiçados que
foram os 120 minutos quase totalmente holandeses.
Em Roterdão, a França terá os italianos
no caminho, mas não será fácil. Primeiro porque estes últimos conseguiram sobreviver
a noventa minutos de relativo sufoco apenas com dez jogadores em campo e podem
fazê-lo outra vez; depois, porque, ao contrário dos portugueses, é muito
provável que nem com penaltis possam ser derrotados”, escreveu o jornal O Jogo.
Oito anos depois, as duas
seleções voltaram a defrontar-se oficialmente na jornada inaugural da fase de
grupos do Euro 2008. Embora Itália
fosse campeã mundial na altura, foi dizimada em Berna pela Holanda
de Marco Van Basten, que venceu por 3-0, com golos de Ruud van Nistelrooy (26’),
Wesley Sneijder (31’) e Giovanni van Bronckhorst (79’).
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Itália e Holanda de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
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