Quando se defrontam, Liverpool e Arsenal
não só protagonizam um clássico do futebol português como reeditam duelos
espetaculares, marcados por resultados à hóquei em patins. Creio que nunca me
terei sentado à frente de um televisor para assistir de fio a pavio a um jogo
entre estes dois colossos britânicos, mas esse não é um sinal da falta de
interesse das partidas, mas sim de que sou um pecador.
A 22 de abril de 2009, fui
surpreendido quando colegas de escola falavam entusiasticamente de que
Liverpool e Arsenal
tinham empatado na véspera a quatro golos. E tenho uma vaga ideia de à hora de
almoço ter assistido à síntese do jogo no Jornal
da Tarde num canal generalista.
Naquela altura, os reds e os gunners
tinham perdido algum terreno para Chelsea
e Manchester United na luta pelo título da Premier
League, mas continuavam a ter grandes equipas e a chegar longe na Liga dos
Campeões.
O Liverpool de Rafael Benítez
estava recheado de jogadores espanhóis como o guarda-redes Pepe Reina, o defesa
Álvaro Arbeloa, os médios Xabi
Alonso e Albert Riera e o avançado e goleador da equipa Dirk Kuyt, mas
havia mais, como o defesa inglês Jamie Carragher, o médio e capitão Steven
Gerrard (que falhou este encontro), o extremo holandês Dirk Kuyt e o médio
ofensivo israelita Yossi Benayoun.
Do outro lado, um Arsenal
bastante jovem, de tal forma que já passaram mais de 11 anos e ainda há
jogadores no ativo. No onze inicial neste encontro estavam o guarda-redes
polaco Łukasz Fabiański (24 anos), o lateral esquerdo inglês Kieran Gibbs (19
anos), o médio defensivo camaronês Alex Song (21 anos), o médio brasileiro Denílson
(21 anos), o médio espanhol Cesc Fàbregas (21 anos), o médio ofensivo francês
Samir Nasri (21 anos) e o ponta de lança dinamarquês Nicklas Bendtner (21
anos). E na segunda parte entraram o médio francês Abou Diaby (22 anos) e o
extremo inglês Theo Walcott (20 anos).
Mas o protagonista dessa noite em
Anfield, porém, ainda não foi mencionado: o atacante russo do Arsenal,
Andrei Arshavin. O festival Arshavin começou aos 39 minutos, numa jogada de
insistência dos gunners.
0-1.
O empate chegou no início da
segunda parte, através de um cabeceamento certeiro de Fernando Torres, então um
dos melhores avançados do mundo (49’).
Os reds chegaram à reviravolta aos 56’, por Benayoun, que respondeu de
cabeça a um cruzamento de Kuyt e viu Fabianski defender a bola já no interior
da baliza.
Mas Arshavin estava inspirado, restabelecendo
a igualdade através de um remate forte e colocado de fora da área (67’) e
devolvendo logo a seguir a vantagem aos londrinos
logo a seguir, aproveitando uma bola perdida na área do Liverpool.
Ainda os adeptos do Arsenal
festejavam a reviravolta e Fernando Torres empatava novamente a partidas aos 72’,
com um remate à meia volta.
Com o Liverpool desesperado para
chegar à vitória, para não perder mais terreno para o líder do Manchester
United, o ataque do Arsenal
apanhou os reds desequilibrados na
sequência de um pontapé de canto e chegou ao 3-4 mais uma vez por intermédio de
Arshavin, a passe de Walcott, aos 90 minutos.
Porém, ainda não tínhamos visto
tudo. Já na fase do desespero total, Benayoun aproveitou uma bola perdida no
coração da área para deixar o jogo empatado a quatro golos ao cair do pano, aos
90+3’.
“Quatro golos de Arshavin
destroem as esperanças do Liverpool. A deceção é agora tão abrasadora para o
Liverpool quanto a emoção deste jogo selvagem. O Liverpool lidera a Premier
League apenas com a diferença de golos e o Manchester United, com dois
jogos a menos, deve estar ansioso pelo jogo de hoje frente ao Portsmouth, em
Old Trafford. O Liverpool vai encontrar dificuldades para tolerar os quatro
golos de Andrei Arshavin, particularmente porque só tinha marcado apenas duas
vezes pelo Arsenal
desde que chegou do Zenit
de São Petersburgo a meio da época”, escreveu o The
Guardian.
Este foi apenas um de muitos
jogos com resultados à hóquei em patins entre os dois clubes no século XXI. Nas
épocas anteriores, o Arsenal
goleou por 6-3 em Anfield para a Taça da Liga em 2006-07 e o Liverpool venceu
por 4-2 para a Liga dos Campeões em 2007-08.
E mais recentemente o Liverpool
goleou por 5-1 em 2013-14 e em 2018-19 e venceu tangencialmente por 4-3 em
2016-17 para a Premier
League e houve empate a cinco golos com vitória do Liverpool no desempate
por penáltis na Taça da Liga em 2019-20.
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