Com o campeonato a entrar nas
derradeiras jornadas, praticamente já arredado da luta pelo título, com remotas
hipóteses de chegar ao 2.º lugar e com o 3.º livre de perigo, é possível fazer
um rescaldo do desempenho do Sporting na dita prova de regularidade.
É praticamente unânime que o
último lugar do pódio parece estar em sintonia com os meios financeiros e
qualidade dos seus jogadores, comparativamente ao duo da frente (Benfica e FC
Porto) e às restantes equipas com ambições europeias, nomeadamente o SC Braga.
No entanto, analisando os resultados na Liga, dá a sensação de que, mais do que
falta de qualidade, a formação leonina acusou mais a falta de maturidade e
experiência.
Causa estranheza que as duas
derrotas sofridas tenham sido por 0-3. Tudo bem que nos terrenos de Vitória de
Guimarães e FC Porto quando estes atravessavam as suas melhores fases da
temporada, mas não deixa de ser estranho e parece não refletir a capacidade dos
verde e brancos.
Causará ainda mais estranheza
quando uma equipa que pela primeira vez em vários anos não perde na Luz e passa
uma temporada sem ser derrotado pelo eterno rival Benfica, vence no Dragão para
a Taça de Portugal e supera com êxito deslocações tradicionalmente difíceis
como a de Braga e as duas do Funchal (falta ainda Mata Real e Vila do Conde),
fique com o destino traçado por aquilo que fez em casa em jogos teoricamente
mais fáceis. Foram os empates em Alvalade com Moreirense, Paços de Ferreira e
Belenenses, aos quais mais associamos falta de atitude (sobretudo nas primeiras
partes) do que falta de capacidade para vencer que tiraram a possibilidade do
Sporting estar neste momento a discutir o 1.º lugar.
Olhando para a classificação, o
lugar dos leões parece ser o natural, mas há ilações a tirar quando a equipa
consegue fazer o mais difícil e falha no aparentemente mais fácil. A falta de
experiência e de maturidade não são apenas desculpas. Uma equipa jovem como
esta acusou, sem sombra de dúvidas, a presença na Liga dos Campeões. Mais na
cabeça no que nas pernas, quer por antecipação, quer por ressaca.
O tal empate caseiro com o
Belenenses foi a quatro dias da ansiada estreia na Champions, com o Maribor. A
pesada derrota em Guimarães foi em vésperas de vingar o que aconteceu em Gelsenkirchen, com o Schalke em Alvalade.
Quatro dias depois da vingança, com
excelente exibição, veio a igualdade com os pacenses. Após a partida de
Stamford Bridge, que implicou muito esforço e teve um sabor inglório, houve o
1-1 com o Moreirense, apenas conseguido nos instantes finais.
Com as competições europeias fora
da mente dos jogadores por alguns meses, veio o tal ciclo vitorioso na Liga,
que só terminou com o empate com sabor a derrota diante do Benfica, em
Alvalade. A dirigir esse desgosto e já com um temível Wolfsburg na cabeça,
deu-se o empate em Belém. Em depressão acentuada depois da eliminação europeia,
72 horas antes, o Sporting é goleado no Dragão.
Com os mesmos pezinhos mas com
mais anos na pernas (e na cabeça), como teria corrido a época leonina? Essa é a
grande incógnita. Nem Rui Patrício viveu assim tanto na carreira. E quanto a
Nani, ainda gostava de perceber como o tal jogador que veio acrescentar experiência
ao plantel já tem onze cartões amarelos na temporada, nove deles no campeonato
e quase todos por protestos.
PS: Um dos grandes destaques na época leonina é João Mário. Já conhecia o bom trato que dá à bola, a classe e
a qualidade de passe. Regressou com mais intensidade e o protagonismo que hoje
tem na equipa acaba por ser natural. Desconhecia, contudo, a capacidade de
finalização. Leva sete golos em todas as competições e o mais impressionante é
que os últimos três foram de... cabeça. Os números não são apenas de '10', também
de segundo avançado. Uma autêntica mais-valia!
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