domingo, 11 de agosto de 2013

A revolução no miolo bracarense

zerozero.pt
Nas últimas épocas, o Sporting Clube de Braga tem tido resultados dignos de um grande do futebol português. Boas prestações nacionais e internacionais fizeram crescer a reputação do emblema minhoto, que se tem intrometido na luta pelo título.

No entanto, a ambiciosa administração bracarense quis dar mais um passo em frente: não bastava ter resultados de um grande, era preciso jogar como um grande!

Essa transição deu-se depois da temporada 2011/12, em que os arsenalistas, comandados por Leonardo Jardim, chegaram a liderar o campeonato numa das derradeiras jornadas, mas terminando no 3º lugar. Era essencialmente um Braga de bloco baixo e de transições ofensivas, lançadas pelos médios mais recuados para os extremos de movimentos verticais (Alan e Hélder Barbosa) ou então para os móveis atacantes (Mossoró, e à sua frente, Lima).

António Salvador e companhia queriam uma equipa mais dominadora e controladora, à imagem da maioria dos grandes clubes. Bloco subido, pressão alta e posse de bola seriam as principais características. E quando se pensa em todos estes atributos, no futebol português pensa-se em José Peseiro, que foi a escolha natural para orientar a equipa na época seguinte.

2012/13 foi então um ano de transição, no qual os bracarenses alteraram o seu padrão de jogo, no entanto, mantendo o sistema tático: o 4x2x3x1. A equipa jogou uns metros mais à frente, com e sem bola, Hugo Viana e Custódio circularam mais vezes a bola entre si, os extremos fletiam, Mossoró (ou Rúben Micael) procurava organizar e o ponta-de-lança (Éder, em boa parte da época) era mais posicional.

Depois de falhar o apuramento para a Liga dos Campeões, ser eliminado pelo rival Vitória de Guimarães na Taça de Portugal e de ter tido uma fraca prestação europeia, apesar de ter conquistado a Taça da Liga, José Peseiro foi afastado do comando técnico.

Para o substituir foi chamado Jesualdo Ferreira, conhecedor do futebol português e até do próprio clube, já que foi ele que iniciou esta Era de sucesso nos minhotos. Jorge Jesus chama-lhe o mestre do 4x3x3 em Portugal, e o professor não hesitou em trazer o seu sistema predileto para Braga.

Com as saídas de Hugo Viana e Mossoró, restava Custódio no miolo, que se tornou dono do lugar mais recuado do miolo. Depois, Jesualdo agarrou em Rúben Micael e a ele juntou Alan, extremo de raiz, mas sem a velocidade de outros tempos, para compor o triângulo. A ideia é ter dois médios interiores que se cheguem à frente e tornem a equipa com mais capacidade técnica e pendor ofensivo.

No Torneio do Guadiana, no encontro frente ao Sporting, viu-se que a nova tática ainda não está oleada. Se nos momentos de organização defensiva e ofensiva, os principais problemas surgem nas transições, quer a atacar, quer a defender, especialmente nesta última.

Micael e Alan não estão rotinados em pegar no jogo em zonas tão recuadas, e por isso, acabam por estar à espera dela uns metros mais à frente que o desejável, obrigando a recorrer-se a um Plano B.

E o maior problema surge mesmo quando a equipa perde a bola, já que ambos geralmente estão consideravelmente adiantados, e em simultâneo, deixando espaço na zona central, onde Custódio se encontra desamparado. Os leões, sobretudo na primeira parte, conseguiram circular demasiado bem a bola no miolo. E depois, quando recuam, nem Alan nem Micael são o tipo de jogadores pressionantes, que vão morder os calcanhares aos adversários.

Por isso, Jesualdo na segunda parte colocou Mauro, mas sobretudo Luiz Carlos, abdicando de Alan. Meio-campo menos técnico e ofensivo, mas mais seguro, com o antigo centro-campista do Paços de Ferreira a não se aventurar e a dar simultaneamente maior capacidade de pressão.  


Resta agora saber no que optará o professor. Continuar a trabalhar o sistema que praticamente se transforma num 4x1x4x1, com Alan e Micael, tentando corrigir os seus posicionamentos e manter o que há de bom com os dois em campo, ou apostar desde logo em Luiz Carlos e apenas em um desses médios mais ofensivos, tornando a equipa, acima de tudo, consistente?

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