Nas últimas épocas, o Sporting Clube de
Braga tem tido resultados dignos de um grande do futebol português. Boas
prestações nacionais e internacionais fizeram crescer a reputação do emblema
minhoto, que se tem intrometido na luta pelo título.
No entanto, a ambiciosa administração
bracarense quis dar mais um passo em frente: não bastava ter resultados de um
grande, era preciso jogar como um grande!
Essa transição deu-se depois da temporada
2011/12, em que os arsenalistas, comandados por Leonardo Jardim, chegaram a liderar
o campeonato numa das derradeiras jornadas, mas terminando no 3º lugar. Era
essencialmente um Braga de bloco baixo e de transições ofensivas, lançadas
pelos médios mais recuados para os extremos de movimentos verticais (Alan e Hélder
Barbosa) ou então para os móveis atacantes (Mossoró, e à sua frente, Lima).
António Salvador e companhia queriam uma
equipa mais dominadora e controladora, à imagem da maioria dos grandes clubes. Bloco
subido, pressão alta e posse de bola seriam as principais características. E
quando se pensa em todos estes atributos, no futebol português pensa-se em José
Peseiro, que foi a escolha natural para orientar a equipa na época seguinte.
2012/13 foi então um ano de transição, no
qual os bracarenses alteraram o seu padrão de jogo, no entanto, mantendo o
sistema tático: o 4x2x3x1. A equipa jogou uns metros mais à frente, com e sem
bola, Hugo Viana e Custódio circularam mais vezes a bola entre si, os extremos
fletiam, Mossoró (ou Rúben Micael) procurava organizar e o ponta-de-lança (Éder,
em boa parte da época) era mais posicional.
Depois de falhar o apuramento para a Liga
dos Campeões, ser eliminado pelo rival Vitória de Guimarães na Taça de Portugal
e de ter tido uma fraca prestação europeia, apesar de ter conquistado a Taça da
Liga, José Peseiro foi afastado do comando técnico.
Para o substituir foi chamado Jesualdo
Ferreira, conhecedor do futebol português e até do próprio clube, já que foi
ele que iniciou esta Era de sucesso nos minhotos. Jorge Jesus chama-lhe o
mestre do 4x3x3 em Portugal, e o professor não hesitou em trazer o seu sistema
predileto para Braga.
Com as saídas de Hugo Viana e Mossoró,
restava Custódio no miolo, que se tornou dono do lugar mais recuado do miolo. Depois,
Jesualdo agarrou em Rúben Micael e a ele juntou Alan, extremo de raiz, mas sem
a velocidade de outros tempos, para compor o triângulo. A ideia é ter dois médios
interiores que se cheguem à frente e tornem a equipa com mais capacidade técnica
e pendor ofensivo.
No Torneio do Guadiana, no encontro frente
ao Sporting, viu-se que a nova tática ainda não está oleada. Se nos momentos de
organização defensiva e ofensiva, os principais problemas surgem nas transições,
quer a atacar, quer a defender, especialmente nesta última.
Micael e Alan não estão rotinados em pegar
no jogo em zonas tão recuadas, e por isso, acabam por estar à espera dela uns
metros mais à frente que o desejável, obrigando a recorrer-se a um Plano B.
E o maior problema surge mesmo quando a
equipa perde a bola, já que ambos geralmente estão consideravelmente
adiantados, e em simultâneo, deixando espaço na zona central, onde Custódio se
encontra desamparado. Os leões, sobretudo na primeira parte, conseguiram
circular demasiado bem a bola no miolo. E depois, quando recuam, nem Alan nem
Micael são o tipo de jogadores pressionantes, que vão morder os calcanhares aos
adversários.
Por isso, Jesualdo na segunda parte
colocou Mauro, mas sobretudo Luiz Carlos, abdicando de Alan. Meio-campo menos técnico
e ofensivo, mas mais seguro, com o antigo centro-campista do Paços de Ferreira
a não se aventurar e a dar simultaneamente maior capacidade de pressão.
Resta agora saber no que optará o
professor. Continuar a trabalhar o sistema que praticamente se transforma num
4x1x4x1, com Alan e Micael, tentando corrigir os seus posicionamentos e manter
o que há de bom com os dois em campo, ou apostar desde logo em Luiz Carlos e
apenas em um desses médios mais ofensivos, tornando a equipa, acima de tudo,
consistente?
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