Neste dia em 2006, o Paços de Ferreira ganhou em Alvalade graças à… mão de Ronny. Quem se lembra?

Golo ilegal revelou-se decisivo nas contas do título nacional

Quando o campeonato português de 2006-07 terminou, o FC Porto de Jesualdo Ferreira sagrou-se campeão, com um ponto de vantagem sobre o Sporting de Paulo Bento. Para os leões, as contas eram fáceis de fazer: teriam vencido o título nacional caso não fosse validado o golo ilegal do Paços de Ferreira numa derrota caseira logo à 3.ª jornada.

 
Na altura, tudo corria bem aos verde e brancos. Depois de uma pré-época na qual deram boas indicações, tinham vencido o Boavista em casa e o Nacional na Madeira nas duas primeiras rondas da I Liga e até haviam batido o poderoso Inter de Milão no arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões graças a um golaço de Marco Caneira.
 
A receção ao Paços de Ferreira, a 16 de setembro de 2006, parecia ser mais uma boa oportunidade para dar sequência à onda de vitórias. Porém, não foi isso que aconteceu. Com o resultado ainda empatado a zero, a equipa nortenha abriu o ativo na sequência de um pontapé de canto mesmo à beira do intervalo. De imediato, os jogadores do Sporting pediram falta, por mão na bola do avançado pacense Ronny, mas o árbitro João Ferreira validou o golo. E o 0-1 durou até ao apito final.
 

 

Após o encontro, Ronny ousou entrar em negação. “Não, não foi com a mão. Apareci bem na área e tive a felicidade de fazer o golo. Foi uma jogada muito rápida, não tive a perceção de a bola me bater na mão, só sei que foi golo”, comentou na flash interview, instruído pelo treinador José Mota para não assumir a ilegalidade do lance.
 
Do outro lado, Paulo Bento foi questionado sobre o lance e soltou declarações que ficaram para a história: “Parece-me um resultado injusto pelo que se passou nos noventa minutos. Acabámos os primeiros 45 minutos com um golo que nos acabou por penalizar. Se o golo foi com a mão não é polémico. Com a mão é andebol, basquetebol… futebol é com os pés, com as pernas ou com a cabeça. Mas amanhã já ninguém fala no assunto, os jogadores do Sporting vão treinar desmoralizados com o resultado. Vamos assobiando, não é apitando, vamos assobiando fazendo de conta que ninguém vê o que se está a passar.”
 

 

Dois anos e meio depois, Ronny lá assumiu, em entrevista ao Maisfutebol, que o golo foi com a mão, mas não se mostrou arrependido. “Se fosse hoje, de certeza que repetiria o gesto. Foram três prontos importantes para o Paços de Ferreira. Estava a defender os interesses do Paços, nesse lance a bola foi em direção ao braço e fiz o que tinha a fazer para ajudar a minha equipa. Sem arrependimento”, confessou o brasileiro.
 
O árbitro João Ferreira foi parar à lista negra dos responsáveis leoninos, que contestaram a sua nomeação, por exemplo, para uma visita ao Beira-Mar da 2.ª jornada do campeonato de 2011-12. O juiz setubalense comunicou então que se recusava a apitar o encontro, que acabou por ser dirigido por um árbitro dos distritais aveirenses.