quarta-feira, 30 de abril de 2025

Quem se lembra de Cândido Costa, miúdo no meio de jogadores com 30 anos, no Salgueiros?

Cândido Costa com o presidente salgueirista José António Linhares
Após ter despontado nas camadas jovens da Sanjoanense, Cândido Costa prosseguiu a formação no Benfica, mas quando ainda lhe faltava cumprir um ano de júnior surgiu a hipótese de se mudar para a equipa principal do Salgueiros, através de Jorge Mendes, que lhe acenou com uma posterior transferência para o clube do coração, o FC Porto. “’Há a possibilidade de ires para onde sempre quiseste ir’. Passados dois ou três dias, ligou-me o presidente do FC Porto. ‘Se o FC Porto quisesse que viesses, tu vinhas?’. ‘Amanhã já presidente, é o meu maior sonho’. ‘Então continua a trabalhar’. Só assim. Fiquei com as pernas a tremer. E no dia seguinte fui para o Salgueiros. No próprio Salgueiros dão-me indicações de que eu ia para o FC Porto”, recordou à Tribuna Expresso em março de 2018.
 
Depois de se ter sagrado campeão europeu de sub-18 na Suécia, o extremo era na altura um menino de 18 anos ao integrar pela primeira vez um plantel sénior, o que foi “um choque”. “É normal, eu tinha 18 anos, vinha de uma situação em que era tudo meu. Capitão do Benfica, capitão da seleção, campeão europeu... Cheguei ali: ‘Eu aqui não sou ninguém’. Jogadores com trinta e tal anos: “Ó miúdo isto, ó miúdo aquilo”. O Salgueiros é um clube com especificidades muito particulares, muita alma bairrista. Eu era alvo de muita brincadeira, era muito miúdo”, contou.
 
Cândido disputou dez jogos pelo Salgueiros
“Havia um jogador que tinha placa à frente, não tinha dentes, e eu não sabia. Num treino em que estava a chover muito, há uma jogada em que tenho a bola em discussão com ele – ele também era daqueles raçudos – e, no meio da confusão, acabámos por cair os dois. E ele, palhaço, agarrou-se à cara: ‘Olha o que tu me fizeste!’. Mostra-me a boca e não tinha dentes nenhuns à frente. Eu vejo os dentes na lama, fico em pânico. Depois, percebi que era gozo, mas houve ali uns milésimos de segundos em que pensei que lhe tinha tirado os dentes todos. Ele pega naquilo cheio de lama: “Estou a brincar contigo, miúdo”. Encaixa aquilo outra vez na boca e começa a correr. E eu só pensava, “Ai Jesus, que raça. Eu penso que tenho raça, estes gajos é que são raçudos”, prosseguiu o antigo internacional jovem português.
 
Na meia época em que esteve em Paranhos, no segundo semestre de 1999, Cândido Costa apanhou como treinadores Dito e o carismático Vítor Manuel. “Epá, o Vitor Manuel quando chegou também foi muito engraçado. Queria fazer daquilo um inferno. No dia em que foi apresentado aos jogadores, estávamos no balneário e ele: ‘Agora vamos sair daqui, vamos ao relvado mostrar aos índios lá fora que vamos fazer disto um inferno’. Com aquela voz rouca típica dele: ‘Tem que ser meus meninos, vamos embora, tudo atrás de mim, tudo juntinho’. O Salgueiros tinha balneários em que subias 4 ou 5 degraus e estavas logo no relvado. Nós saímos a correr, Vitor Manuel à frente... mas só havia 7 ou 8 pessoas na bancada. E ele: ‘Obrigado por estarem aqui. Isto é um inferno’. Foi muito engraçado, ele depois na roda: ‘Epá, pensei que estivesse mais gente, c…..!’”, recordou o antigo futebolista que, depois de dez jogos pelo Salgueiros (cinco a titular) e tal como planeado, se mudou para o FC Porto no final do ano, começando por integrar a equipa B dos portistas



 








Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...