Apesar de os erros terem sido
mais dos seus assistentes – melhor colocados para ajuizar os lances – do que
propriamente dele, chegou a ser parodiado no Gato Fedorento com os
famosos versos: “Abre os olhos Olegário, quando a bola passa a linha é golo no
meu dicionário”. Por essa altura, o grupo humorístico divulgou no programa Diz
que é uma espécie de Magazine uma participação do árbitro no programa Cuidado
com as imitações, para o qual havia sido convidado para cantar e tocar
acordeão devido ao facto de ser primo de Quim Barreiros.
A vida de árbitro é mesmo assim. O
árbitro natural da Batalha esteve envolvidos em jogos marcados pela polémica, mas
conseguiu reerguer-se e obter reconhecimento nacional e internacional. Ascendeu à primeira categoria em
1997 e tornou-se internacional em 2001, mas foi muito depois, numa fase em que
já tinha 40 anos, que viveu o apogeu da carreira. Esteve com os compatriotas
José Cardinal e Bertino Miranda no Mundial 2010, no qual apitou três jogos,
incluindo o Uruguai-Gana
dos quartos de final. E arbitrou 31 partidas da Liga
dos Campeões, entre as quais um Inter-Barcelona
das meias-finais de 2009-10 e um Manchester
United-Chelsea
dos quartos de final na temporada seguinte. Antes, havia dirigido partidas do
Mundial de sub-17 em 2007 e do Mundial de sub-20 em 2009. Por cá apitou duas finais da Taça
de Portugal, curiosamente ambas vencidas pelo Sporting,
a de 2001-02 diante do Leixões
e a de 2007-08 frente ao FC
Porto; e duas decisões da Supertaça
Cândido de Oliveira, nas quais o Benfica
bateu o Vitória
de Setúbal em 2005 e o FC
Porto derrotou a Académica em 2012.
Além das polémicas, finais
nacionais e jogos decisivos em grandes competições, Olegário esteve num
encontro marcado pela tragédia, aquele
em que Miki Fehér caiu subitamente no relvado em Guimarães, a 25 de janeiro de
2004, tendo o avançado húngaro perdido a vida horas depois numa unidade
hospitalar. “Eu lembro-me daquilo que foi factual, portanto, o jogo estava a
terminar, o Benfica
não me recordo se estava a ganhar ou empatado, penso que ganhava por 2-1 [na
verdade era 1-0] mas não tenho mesmo a certeza, e o Fehér
tinha entrado poucos minutos antes, e, numa situação normal de jogo, tentou
retardar o começo e impediu o Vitória
de recomeçar o jogo e eu, obviamente, tive de lhe exibir o cartão amarelo, que ele aceitou pacificamente, consciente que
tinha cometido essa infração, e esboçou um sorriso como que a pedir perdão pela
infração que tinha cometido, e imediatamente, deve ter sentido algum desconforto
interno, um pronúncio do que ia acontecer, baixou-se e caiu como todos sabemos”,
recordou ao jornal A
Bola em janeiro de 2024. “Os jogadores pediram-me para não
prosseguir o jogo, mas os regulamentos não me davam esse poder, de suspender a
partida por aquela razão, e fizemos todos um grande esforço para reatar o jogo,
e mesmo assim terminei ainda antes do tempo adicional que tinha dado, não havia
condições, ninguém estava em condições de prosseguir. Depois no balneário é que
tomámos mais consciência da situação e acabámos por ficar como todas as outras
pessoas ali, à espera de notícias e que não fossem as que infelizmente se
vieram a confirmar. Depois de sairmos do estádio fomos para o hotel dormir como
previsto, mas ninguém conseguiu dormir e o dia seguinte foi um dia terrível
para todos nós, com toda a descarga emocional do que vivemos”, acrescentou.
Outro encontro marcante foi o
último da carreira de Olegário, um FC
Porto-Penafiel
de maio de 2015, disputado no Estádio
do Dragão. No final da partida, o juiz da Associação de Futebol de Leiria,
então com 45 anos, despediu-se ainda no relvado de vários jogadores com os
quais partilhou muitos momentos, tendo protagonizado um abraço simbólico ao
guarda-redes portista Helton, com o qual convivia na I
Liga desde 2003. Após pendurar o apito passou a
dedicar-se a tempo inteiro à profissão de mediador de seguros, que exerce desde
1992, por conta própria, na sociedade SPOT, na Batalha.
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