sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O primo de Quim Barreiros que apitou num Mundial. Quem se lembra de Olegário Benquerença?

Olegário Benquerença esteve na primeira categoria entre 1997 e 2015
Lembra-se de quem apitou a final da Taça de Portugal de 2001-02 na qual o Sporting bateu o Leixões graças a um golo em fora de jogo de Mário Jardel? E do Benfica-FC Porto de outubro de 2004 no qual não terá sido validado um golo limpo aos encarnados depois de Vítor Baía ter defendido a bola dentro da baliza? Olegário Benquerença.
 
Apesar de os erros terem sido mais dos seus assistentes – melhor colocados para ajuizar os lances – do que propriamente dele, chegou a ser parodiado no Gato Fedorento com os famosos versos: “Abre os olhos Olegário, quando a bola passa a linha é golo no meu dicionário”. Por essa altura, o grupo humorístico divulgou no programa Diz que é uma espécie de Magazine uma participação do árbitro no programa Cuidado com as imitações, para o qual havia sido convidado para cantar e tocar acordeão devido ao facto de ser primo de Quim Barreiros.
 
 
A vida de árbitro é mesmo assim. O árbitro natural da Batalha esteve envolvidos em jogos marcados pela polémica, mas conseguiu reerguer-se e obter reconhecimento nacional e internacional.
 
Ascendeu à primeira categoria em 1997 e tornou-se internacional em 2001, mas foi muito depois, numa fase em que já tinha 40 anos, que viveu o apogeu da carreira. Esteve com os compatriotas José Cardinal e Bertino Miranda no Mundial 2010, no qual apitou três jogos, incluindo o Uruguai-Gana dos quartos de final. E arbitrou 31 partidas da Liga dos Campeões, entre as quais um Inter-Barcelona das meias-finais de 2009-10 e um Manchester United-Chelsea dos quartos de final na temporada seguinte.
 
Antes, havia dirigido partidas do Mundial de sub-17 em 2007 e do Mundial de sub-20 em 2009.
 
Por cá apitou duas finais da Taça de Portugal, curiosamente ambas vencidas pelo Sporting, a de 2001-02 diante do Leixões e a de 2007-08 frente ao FC Porto; e duas decisões da Supertaça Cândido de Oliveira, nas quais o Benfica bateu o Vitória de Setúbal em 2005 e o FC Porto derrotou a Académica em 2012.
 
 
Além das polémicas, finais nacionais e jogos decisivos em grandes competições, Olegário esteve num encontro marcado pela tragédia, aquele em que Miki Fehér caiu subitamente no relvado em Guimarães, a 25 de janeiro de 2004, tendo o avançado húngaro perdido a vida horas depois numa unidade hospitalar. “Eu lembro-me daquilo que foi factual, portanto, o jogo estava a terminar, o Benfica não me recordo se estava a ganhar ou empatado, penso que ganhava por 2-1 [na verdade era 1-0] mas não tenho mesmo a certeza, e o Fehér tinha entrado poucos minutos antes, e, numa situação normal de jogo, tentou retardar o começo e impediu o Vitória de recomeçar o jogo e eu, obviamente, tive de lhe exibir o cartão amarelo,  que ele aceitou pacificamente, consciente que tinha cometido essa infração, e esboçou um sorriso como que a pedir perdão pela infração que tinha cometido, e imediatamente, deve ter sentido algum desconforto interno, um pronúncio do que ia acontecer, baixou-se e caiu como todos sabemos”, recordou ao jornal A Bola em janeiro de 2024.
 
“Os jogadores pediram-me para não prosseguir o jogo, mas os regulamentos não me davam esse poder, de suspender a partida por aquela razão, e fizemos todos um grande esforço para reatar o jogo, e mesmo assim terminei ainda antes do tempo adicional que tinha dado, não havia condições, ninguém estava em condições de prosseguir. Depois no balneário é que tomámos mais consciência da situação e acabámos por ficar como todas as outras pessoas ali, à espera de notícias e que não fossem as que infelizmente se vieram a confirmar. Depois de sairmos do estádio fomos para o hotel dormir como previsto, mas ninguém conseguiu dormir e o dia seguinte foi um dia terrível para todos nós, com toda a descarga emocional do que vivemos”, acrescentou.
 
 
Outro encontro marcante foi o último da carreira de Olegário, um FC Porto-Penafiel de maio de 2015, disputado no Estádio do Dragão. No final da partida, o juiz da Associação de Futebol de Leiria, então com 45 anos, despediu-se ainda no relvado de vários jogadores com os quais partilhou muitos momentos, tendo protagonizado um abraço simbólico ao guarda-redes portista Helton, com o qual convivia na I Liga desde 2003.
 
Após pendurar o apito passou a dedicar-se a tempo inteiro à profissão de mediador de seguros, que exerce desde 1992, por conta própria, na sociedade SPOT, na Batalha.
 
 







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