A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica B e Feirense

Benfica B venceu em Santa Maria da Feira em agosto de 2012

A temporada 2012-13 na II Liga teve como grande novidade a introdução de seis equipas B (FC Porto, Benfica, Sporting, Sp. Braga, Vitória de Guimarães e Marítimo) e o consequente alargamento de 16 para 22 clubes.

 

Na altura, o futebol português estava com dificuldades em facilitar a transição de júnior para sénior dos jovens jogadores e os principais emblemas nacionais viviam uma fase em que preferiam investir em jovens futebolistas estrangeiros, nomeadamente sul-americanos, do que em promover ex-juniores. Esses ainda podia fazer a pré-época com a equipa principal, por vezes apenas para fazer número e cobrir posições ainda sem dono, mas normalmente acabavam emprestados ao Fátima, ao Tourizense ou ao Real SC, sem garantias de utilização em jogos nem de qualidade em termos de treino.

 

Na altura, a seleção nacional A havia carimbado a qualificação para o Euro 2012 via playoff, algo que já tinha acontecido no apuramento para o Mundial 2010, e os sub-21 não marcavam presença num Europeu desde 2007. Os sub-19 haviam falhado os anuais Europeus da categoria em 2008, 2009 e 2011 e os sub-19 não marcaram qualquer presença em Campeonatos da Europa entre 2005 e 2009. Havia, portanto, uma espécie de crise do futebol jovem que ameaçava, dentro de pouco tempo, alastrar-se à seleção principal.

 

Foi então com grande curiosidade que assisti ao renascimento generalizado desde conceito das equipas B e da respetiva introdução do mesmo na II Liga. Logo à 2.ª jornada, colei-me à televisão na manhã de 19 de agosto de 2012 para assistir à visita do Benfica B ao terreno do Feirense. Do onze benfiquista escolhido por Luís Norton de Matos, já conhecia Mika, Jardel, Lionel Carole e André Almeida, que pertenciam ao plantel principal, e também João Cancelo, André Gomes e Ivan Cavaleiro, por ter seguido a seleção nacional de sub-19 no Europeu que se havia disputado meses antes na Estónia.

 

Já o Feirense apresentava um nome onde constavam os nomes do guarda-redes brasileiro Marcos (ex-Marítimo e Sp. Braga), Pires (o tal que virou melhor marcador de sempre da II Liga) e um jovem irrequieto chamado Rafa Silva.

 

O Benfica B marcou primeiro. Ivan Cavaleiro aproveitou um ressalto e uma desatenção da defesa fogaceira para adiantar as águias, aos 13 minutos. Dez minutos depois, a resposta da turma de Santa Maria da Feira: Rafa serviu Pires para o 1-1. E ainda antes do intervalo, Miguel Rosa tirou dois adversários do caminho e, na sequência de um movimento da esquerda para o meio, fez o segundo golo encarnado (45+2’).

 

A meio do segundo tempo, um cruzamento de João Cancelo culminou no terceiro golo benfiquista, apontado pelo cabo-verdiano Djaniny, que aproveitou uma descoordenação entre Marcos e Carlos Fonseca (69’). À beira do início do tempo de compensação, Pires bisou na sequência de um mau alívio de Luciano Teixeira (88’), mas Ivan Cavaleiro desfez as dúvidas acerca do resultado ainda antes do apito final, ao fazer o 2-4 a passe de Cancelo (90+2’). Pelo meio, o lateral direito fogaceiro João Viana (61’) e o central encarnado Fábio Cardoso (90’) foram expulsos devido a acumulação de cartões amarelos.

 

Numa crónica redigida para este blogue, salientei o “equilíbrio em quase todos os níveis: posse de bola, domínio territorial e oportunidades para marcar” a que se assistiu na primeira parte. Também referi que no segundo tempo as jovens águias tentaram ampliar a vantagem e que a expulsão de João Viana fez o Feirense baixar os braços.

 

Individualmente, destaquei o “dinâmico e veloz” Rafa Silva; “a profundidade e intensidade” dada por João Cancelo ao corredor direito, apesar das “debilidades defensivas”; a serenidade de Jardel; o “ativo, empenhado e tecnicista” Ivan Cavaleiro; o “corpulento e criativo” André Gomes” e Miguel Rosa, “provavelmente a melhor unidade em campo”.