A direção do Vitória de Setúbal
não perdeu tempo e demitiu o treinador Sandro Mendes logo a seguir ao empate
caseiro deste sábado com o Marítimo, o quinto nulo para os sadinos nesta edição
da I Liga ao cabo das primeiras oito jornadas. A rapidez da decisão dá a
entender que já estava tomada à priori
e que apenas esperava de um derradeiro pretexto para ser executada.
O principal problema da equipa de
Setúbal até nem são os resultados. Uma média de um ponto por jornada quando já
se jogou no terreno dos dois principais candidatos ao título e já se recebeu –
e venceu! – o Sp. Braga não é má de todo, apesar de quatro empates a zero no
Bonfim em jogos em que se exigia mais do Vitória, até porque Tondela,
Moreirense, Portimonense e Marítimo não são bichos papões.
Por isso, o principal desafio que
se coloca ao novo treinador é trazer um futebol mais vistoso e mais golos. Noutras
paragens, o que os adeptos mais exigem à equipa é que mostre uma atitude aguerrida
do início ao fim dos encontros. Mas o ADN vitoriano não é esse. O ADN vitoriano
é de um futebol aprazível. O que no Bonfim mais se aplaudem não são os
carrinhos. São as triangulações bem conseguidas e os dribles desconcertantes. O
que no Bonfim faz os adeptos gritarem espontaneamente pelo nome do clube não
são os cortes providenciais dos centrais ou dos trincos, é quando se ganha um
canto. Os tempos áureos foram nas décadas de 1960 e 1970, muitas gerações já
nasceram depois disso e o hábito passou a ser lutar pela permanência e não pelo
apuramento para as competições europeias, mas esse ADN mantém-se intacto.
Por ainda faltarem 26 jornadas e
por esse ADN se manter intacto, o futuro treinador e quem escolher o perfil do
novo técnico tem de o respeitar. Ficam aqui cinco sugestões, por ordem de preferência.
1 – Renato Paiva
Renato Paiva |
Renato Paiva trabalha no conforto
da equipa B do Benfica. É um homem da casa, que até é mais antigo no clube do
que o centro de estágios do Seixal e, mais do que os resultados, tem como
principal tarefa o desenvolvimento de jogadores e a projeção destes para o
plantel principal.
Não se perspetiva ser fácil tirá-lo
do Seixal, até porque certamente alimentará o sonho de vir a ser treinador da
equipa principal, mas o Vitória é um clube especial para o técnico de 49 anos. Embora
seja natural de Pedrogão Grande, foi viver para Setúbal em 1982, com 12 anos, e
tem uma grande ligação emocional ao emblema do Bonfim.
Renato Paiva é dos tais que não
pode ouvir que chamem Setúbal ao Vitória e até já assumiu o sonho de um dia vir
a ser o timoneiro sadino em entrevista à Tribuna
Expresso. “Posso dizer que é um sonho e um objetivo treinar o Vitória,
porque é um clube onde fui atleta e foi o clube que me abriu a porta para o
treino. Por um lado, há a questão clubística e por outro lado há a questão do
agradecimento e o Vitória é um clube com uma história enorme e tem uma coisa
com que me identifico bastante: tem uma massa adepta que se ganhas, mas não
jogas como eles gostam não tens muita sorte em Setúbal. Ou seja, o adepto do
Vitória quer que a equipa jogue, não se contenta só em ganhar. Eu percebo: quem
teve Jacinto João, quem teve Jaime Graça, Tomé, sei lá, tantos jogadores de
qualidade... Quem teve isto habituou-se a ter qualidade. Eu assisti a um
Vitória de Setúbal 4 FC Porto 4. 4-4 e não era hóquei em patins, era futebol, e
aquelas bancadas... o Malcolm Allison treinou o Vitória num dos anos de futebol
mais fantástico do clube, futebol espetacular mesmo. O adepto do Vitória
identifica-se com o jogo de qualidade e isso tem muito a ver com a forma como
eu vejo o jogo. Portanto, sem me querer estar a oferecer, obviamente [risos], é
um casamento que poderá dar certo”, afirmou, em agosto de 2018.
2 – João Tralhão
João Tralhão |
Não é setubalense nem nasceu em
Setúbal, mas ao longo de quase duas décadas ganhou o vício do futebol de posse
e dominador nas camadas jovens do Benfica.
Pelas suas mãos passaram
jogadores como Florentino, João Félix, Gedson, Jota, Rúben Dias, Ferro, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, João Cancelo, Lindelof, Bruno Gaspar,
André Gomes, o vitoriano Berto e os ex-vitorianos Fábio Cardoso, João Carvalho,
Frederico Venâncio e João Teixeira, o que é um cartão de visita invejável.
Mas mais importante do que esse
cartão de visita, é o know how que o
treinador de 39 anos poderá acrescentar a toda a estrutura do futebol dos
sadinos e o conhecimento de jogadores de qualidade que, por uma razão ou por
outra, precisem de uma oportunidade para vingar na alta-roda. Além disso, tem
uma enorme vantagem: está desempregado.
3 – Júlio Velázquez
Júlio Velázquez |
Antes de treinadores como Luís Castro, Ivo Vieira, Miguel Cardoso ou Silas terem incutido uma ideia de jogo baseada na relação com bola em algumas equipas do meio da tabela para baixo da I Liga, o
espanhol Júlio Velázquez introduziu essa matriz no Belenenses.
Apesar dos problemas entre clube
e SAD no Restelo, de ser uma cara nova no futebol português e de ter entrado a
meio de uma época desportiva, não só deu nas vistas pelo futebol apresentado
como saiu do emblema da Cruz de Cristo com um registo digno de 10 vitórias, 11 empates
e 10 derrotas em 31 jogos. E só deixou os azuis em litígio com o presidente Rui
Pedro Soares.
Hoje, com 38 anos, mais maduro
após passagens por Alcorcón e Udinese e já conhecedor do futebol luso, poderia
ser uma boa aposta.
4 – Luís Freire
Luís Freire |
Se não for através do Vitória,
será através de outro clube qualquer, mas de uma coisa não duvido: Luís Freire
vai atingir rapidamente a I Liga.
Acumulou várias promoções consecutivas
nos distritais de Lisboa ao serviço de Ericeirense e Pêro Pinheiro, devolveu o
Mafra à II Liga, deu nas vistas pelo futebol apresentado e despediu José Peseiro do Sporting com uma vitória em Alvalade para a Taça da Liga ao leme do Estoril e está a fazer uma belíssima campanha ao comando do Nacional da
Madeira, que é pelo menos até este domingo o líder do segundo escalão do
futebol português – curiosamente, perdeu neste sábado no terreno do… Benfica B
de Renato Paiva.
Numa II Liga muito marcada pelo
futebol físico e pelas transições, o futebol apoiado e a progressão através do jogo entrelinhas das equipas deste jovem treinador de 33 anos tem funcionado como uma pedrada no charco.
5 – Paulo Sérgio
Paulo Sérgio |
Um treinador que tem estado
desaparecido do futebol português, mas que privilegia uma ideia de jogo
atrativa – embora nem sempre acompanhada de resultados condizentes - e que
conhece o ADN vitoriano. Afinal, foi jogador do Vitória em 1995-96 e 1996-97,
tendo atuado ao lado de nomes como Rui Carlos, Quim, Edmundo, Bruno
Ribeiro, Sandro, Eric Tinkler, Hélio,
Hernâni, Mamede, Chipenda, Frechaut, Ayew, Chiquinho Conde e Yekini.
Paulo Sérgio está vinculado aos
sauditas do Al Taawon até 2021 depois de passagens por Emirados Árabes Unidos e
Irão, mas já
confessou o seu amor ao Vitória e foi apontado ao cargo no verão de 2016, antes
de José Couceiro ter sucedido a Quim Machado.
aceito a sua opiniao caro david . mas eu sendo do vitoria a serio como penso que sejamos os dois ja se viu muito treinadores a vir e a sair erros de casting e como ja nao podemos recorrer a casa eu so vejo um nome o do DO MISTER JAIME PACHECO.
ResponderEliminare favores do benfica epa ja chega nao somos a santa casa .
abraço meu caro david excelente artigo mais um . eu queria ser voce e o camarada jose calado que deve ser uma excelente pessoa .