quinta-feira, 27 de junho de 2019

Rúben Semedo tem no Olympiacos um clube à sua medida

Rúben Semedo assinou pelo Olympiacos por quatro temporadas
Não é fácil descrever Rúben Semedo enquanto defesa-central. Uns dirão que é um futebolista ágil, rápido, com boa impulsão e capacidade para sair a jogar, vaticinando-lhe, pelo menos até à transferência para o Villarreal no verão de 2017, a titularidade da seleção nacional nos próximos anos. Outros lhe apontarão críticas, pela frequência com que lhe pára o cérebro – algo também notório na vida dele para lá das quatro linhas. E, em minha opinião, ambos estão corretos.


Por um lado, soma cortes providenciais, exibe uma agilidade acima da média pela forma como estica as pernas, como se de tentáculos se tratem, para interromper ataques adversários, e mostra a sua força no jogo aéreo e na saída de bola.

Por outro, é impossível esquecer as distrações que colocaram com os sportinguistas de coração aos saltos no ano e meio que jogou regularmente de leão ao peito, tendo em conta que Rúben Semedo, sendo central, é muitas vezes o penúltimo homem. Talvez por assim ser, Jorge Jesus chegou a adaptá-lo a médio durante a pré-época de 2015/16, para que os erros dele não se revelem tão decisivos.

Tem todas as qualidades de um central de equipa grande, um potencial enorme, mas falha pela incapacidade de se manter concentrado durante 90 minutos, sobretudo em jogos em que o grau de dificuldade é teoricamente menos elevado.

É uma autêntica faca de dois gumes. Pode fazer a diferença pela positiva, valendo pontos à sua equipa pelo talento natural que tem na arte de defender. Ou então, custar derrotas ou empates pelas paragens cerebrais em zonas proibidas.


Depois de uma aventura pouco conseguida no Villarreal, com uma estadia na prisão pelo meio, acabou por desperdiçar a oportunidade de se reabilitar no empréstimo ao Huesca, modesta equipa que esta temporada participa pela primeira vez na liga espanhola. Após 12 jogos pelos azulgranas na primeira metade da época passada, voltou a ser cedido, ao Rio Ave, onde de certa forma se reabilitou às ordens de Daniel Ramos, mostrando uma assertividade que raramente se lhe tinha vislumbrado e confirmando que pertence a um patamar superior.

Aos 25 anos, precisava de um novo desafio, longe do ruído de uma Espanha que lhe traz más memórias e onde teria dificuldades em fazer face à desconfiança, e que lhe permitisse mostrar e desenvolver as qualidades de um central de equipa grande num contexto adequado. Posto isto, o Olympiacos, crónico candidato grego ao título, presença regular na Liga dos Campeões e que tem um português como treinador (Pedro Martins) e outros quatro no plantel (José Sá, Roderick, Podence e Gil Dias), é um clube à medida do internacional sub-21 português. A transferência para o Pireu foi confirmada esta quarta-feira e, em teoria, é um passo assertado para ambas as partes.

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