sábado, 3 de novembro de 2018

Do golo 100 de Jonas na I Liga a um descalabro como há muito não se via na Luz

Pedro Nuno festeja o segundo golo do Moreirense
A 9.ª jornada da I Liga arrancou com uma surpresa, talvez a maior deste início de campeonato. O Benfica foi derrotado em casa pelo Moreirense (1-3), sofrendo o terceiro desaire consecutivo em todas as competições - algo que já não acontecia há pouco mais de oito anos, na altura com Jorge Jesus -, o que fez aumentar a contestação a Rui Vitória, que voltou a ver lenços brancos e a ouvir assobios e pedidos de demissão. "Temos de reagir o mais rápido possível", disse após o encontro.

Depois da derrota ante o Belenenses no fim de semana anterior - quatro dias depois do jogo perdido em Amesterdão ante o Ajax para a Liga dos Campeões -, julgava-se que o mais difícil para os encarnados fosse marcar o primeiro golo, de forma a afastar os fantasmas e reduzir a ansiedade. No entanto, tudo correu ao contrário. O Benfica demorou apenas dois minutos a inaugurar o marcador, por intermédio do regressado Jonas (dois minutos), que a passe de João Félix marcou o 100.º golo na I Liga, no primeiro jogo como titular desde 13 de maio, mas o que parecia ser a primeira pedra de um regresso às vitórias acabou por ser o único motivo de festejos para os adeptos benfiquistas na Luz.


E esse momento de alegria, além de único no decorrer da noite, foi também bastante curto, pois Chiquinho restabeleceu a igualdade dois minutos depois, através de um remate muito colocado.

Postura macia nas transições defensivas

O início de jogo frenético mostrou um Benfica a chegar ao último terço, mas sem conseguir ser dominante, e um Moreirense muito atrevido, com facilidade em sair para o contra-ataque - até pela postura macia com que os encarnados reagiram à perda de bola e abordaram as transições defensivas - e que, com o passar do tempo, foi fechando cada vez melhor a zona central.

Numa dessas saídas rápidas para o ataque, Pedro Nuno colocou em vantagem os homens de Ivo Vieira, a dar o melhor seguimento a uma arrancada e um cruzamento de Arsénio pela direita (16'), gelando a Luz, motivando os primeiros assobios e acrescentando à partida uma nota curiosa: os dois golos visitantes apontados por jogadores que há bem pouco tempo estiveram ligados contratualmente ao Benfica mas que não somaram um único minuto de águia ao peito, nem pela equipa B.


Tudo corria mal aos anfitriões, que acusaram psicologicamente o segundo golo e foram várias vezes avisados de que o terceiro poderia estar para breve. Pedro Nuno, em três ocasiões, esteve perto, mas acabou por ser Loum a colocar contornos ainda mais surpreendentes no resultado, através de um remate forte de fora da área (36'), minutos depois de Rafa ter desperdiçado o empate já sem guarda-redes pela frente.

Se a primeira parte foi rica em situações de perigo, a segunda foi a antítese. O Moreirense recuou as linhas, deixou de pressionar tão alto, procurou baixar o ritmo e descurou as saídas para o contra-ataque, assumindo a manutenção da vantagem como prioridade. O Benfica, apesar das entradas de Salvio e Castillo, continuou com bastantes dificuldades para conseguir ser feroz no último terço e foi perdendo gás e crença com o passar dos minutos.

Num segundo tempo pouco aprazível, a principal nota de destaque foi o cartão vermelho direto exibido a Jardel (75'), por cotovelada em Arsénio, num lance que promete fazer correr muita tinta.


Figura: Pedro Nuno

Após ter terminado um ano e meio de ligação contratual ao Benfica, Pedro Nuno teve finalmente a oportunidade para brilhar na Luz, mas com outro símbolo ao peito que não o da águia. Endiabrado pelo flanco esquerdo, marcou o golo que colocou o Moreirense em vantagem, esteve perto do bis por várias vezes e na segunda parte, quando lhe foi pedido para se preocupar mais em ajudar Rúben Lima a fechar o corredor face à oposição de Salvio e Rafa, também esteve em bom plano.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve).

Assistência: 47 216 espetadores.

Benfica: Odysseas, André Almeida (Salvio, 46), Rúben Dias, Jardel, Grimaldo, Fejsa, Pizzi (Castillo, 46), Gedson, Rafa, João Félix (Cervi, 68) e Jonas.

Treinador: Rui Vitória.

Moreirense: Jhonatan, D'Alberto, Aberhoun, Ivanildo Fernandes, Rúben Lima, Fábio Pacheco, Loum, Arsénio (Bruno Silva, 80), Chiquinho (Ângelo Neto, 85), Pedro Nuno e Nenê (Patito Rodríguez, 68).

Treinador: Ivo Vieira.

Marcadores: 1-0, Jonas, 2 minutos; 1-1, Chiquinho, 5; 1-2, Pedro Nuno, 16; 1-3, Loum, 36.

Disciplina: cartão amarelo para Jonas (55), Rúben Dias (74), Ivanildo Fernandes (74), Loum (75) e Rúben Lima (85). Cartão vermelho direto para Jardel (76).


Veja o resumo da partida











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