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Leão Daniel Carriço sob pressão por parte de Hazard |
Não sendo a Taça Latina uma
competição reconhecida pela UEFA, os primeiros jogos oficiais entre
Sporting
e
Lille
aconteceram num momento de fragilidade desportiva e financeira dos
leões
e de uma das fases mais pujantes da história dos
gauleses,
em 2010-11.
Por essa altura, os
verde
e brancos sentiam grandes dificuldades para vencer jogos e, mesmo quando
triunfavam, muitas vezes as vitórias eram arrancadas a ferros. Já
les
dogues conquistaram nessa temporada a dobradinha em
França,
com uma excelente equipa comandada por Rudi Garcia e onde pontificavam nomes
como
Eden
Hazard, Mickael Landreau, Mathieu Debuchy, Adil Rami, Rio Mavuba, Yohan
Cabaye, Gervinho e o goleador-mor Moussa Sow.
O
Sporting
vinha de um empate em casa diante do
Olhanense
(0-0), algo normal naquele tempo, e na deslocação ao norte de França, para a
primeira jornada da fase de grupos da
Liga
Europa, o treinador Paulo Sérgio decidiu promover uma rotação massiva na
equipa, ao ponto de ter mantido apenas dois titulares (Daniel Carriço e André
Santos) em relação ao onze que havia atuado frente aos
algarvios.
Se os teoricamente melhores
haviam mostrado tanta incapacidade, temia-se que os seus habituais suplentes
fossem presa fácil para o
Lille,
mas a verdade é que o
conjunto
lisboeta foi a solo gaulês vencer por 2-1.
Vukcevic inaugurou o marcador aos
onze minutos, a passe de André Santos depois de um cruzamento de Abel, e
Hélder
Postiga aumentou a vantagem aos 34’, de cabeça, na resposta a mais um
grande cruzamento de Abel. O melhor que o
Lille
conseguiu foi reduzir a diferença, pouco antes da hora de jogo, com Frau a
faturar na recarga a um remate de
Hazard
defendido de forma incompleta por Tiago.
“O
Sporting
foi a França bater o
Lille
e deu um passo importante rumo ao apuramento no Grupo C da
Liga
Europa. Mais que um jogo, porém, Paulo Sérgio ganhou novas opções e,
porventura, uma equipa, ao recorrer, sem medo, a jogadores menos utilizados. A
composição do onze inicial do
Sporting
deve ter surpreendido tudo e todos,
gauleses
incluídos, já que o técnico leonino fez mais do que mudar meia equipa: mudou-a
quase toda. Dependendo do critério utilizado na avaliação de quem são os
habituais titulares, Paulo Sérgio fez alinhar oito ou nove que não costumam
fazer parte do onze inicial, mas nem por isso deixou de abordar o encontro com
a postura que tem caracterizado a sua equipa: vontade de ter a bola e de, com
ela, ditar o desenrolar dos acontecimentos”, escreveu o jornal
O Jogo.
Entretanto, enquanto foi ficando
cada vez mais afastado do título nacional, o
Sporting
goleou nos dois jogos seguintes da
Liga
Europa, nas receções ao Levski Sófia (5-0) e ao Gent (5-1), e perdeu na
Bélgica na quarta jornada (1-3). Porém, garantiria o apuramento para os 16 avos
de final e o primeiro lugar no grupo em caso de vitória sobre o
Lille
em
Alvalade
na quinta ronda, a 1 de dezembro.
Desta feita com um onze próximo
do ideal, os
leões
voltaram a bater os
franceses,
graças um golo solitário e raro de Anderson Polga (28 minutos), que nove anos
no
Sporting
só apontou quatro golos em 342 jogos, todos nas competições europeias. O golo
foi apontado na sequência de um canto e de uma mão na bola de
Hélder
Postiga na área
gaulesa
que não foi sancionada pelo árbitro.
“Ponto final. O
Sporting
é o primeiro classificado do Grupo C da
Liga
Europa e tem lugar garantido entre as 32 equipas que vão lutar para chegar
à final. Ao jogo de importância extrema que elevava ao expoente máximo os
níveis de pressão, concentração e motivação que fora a receção ao líder
FC
Porto, seguiu-se o embate em
Alvalade
com uma equipa que os
leões
já haviam vencido, fora, com as segundas linhas, para garantir algo
praticamente garantido, mas que necessitava confirmação: o apuramento imediato
para os 16 avos-de-final da
Liga
Europa. Aliada à premência com que os
franceses
encaravam a vitória, a par da boa prestação do
Lille
no
campeonato
francês, cresciam exponencialmente as probabilidades de o
Sporting
experimentar a descompressão de um momento e displicência para com o outro. Tal
não se verificou, os
leões
não foram intensos e dominadores como noutros encontros – frente ao
FC
Porto, por exemplo –, mas foram pragmáticos o suficiente para controlar as
operações, não tremer ante as investidas dos
gauleses
e... fazer-lhes cair o céu em cima da cabeça, com um golo do mais insuspeito
goleador (Polga) e gerir então a vantagem que garante presença na prova além da
fase de grupos, escudados no primeiro lugar que pode fazer evitar os tubarões
que entram em campo chegados da
Champions
- isto apesar de uma arbitragem ridícula, que poderia ser risível, se não
ameaçasse inspirar o choque”, escreveu o jornal
O Jogo na edição do dia
seguinte.
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